Trump nomeia empresário do petróleo secretário de Energia
17 de novembro de 2024
Fundador de empresa de serviços petrolíferos e negacionista do clima, Chris Wright deverá ajudar a implementar plano do republicano de maximização da produção de combustíveis fósseis nos EUA.
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O futuro presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou neste sábado (16/11) a nomeação de Chris Wright, executivo da indústria petrolífera e megadoador do Partido Republicano, como próximo secretário de Energia.
Wright é fundador e CEO da Liberty Energy, empresa de serviços para campos petrolíferos sediada em Denver, no Colorado. A expectativa é que ele apoie o plano de Trump de maximizar a produção de petróleo e gás e busque maneiras de aumentar a geração de eletricidade, cuja demanda está aumentando pela primeira vez em décadas.
Em comunicado, Trump afirmou que, com a escolha de Wright busca melhorar os investimentos do setor privado e o "domínio energético" dos EUA para "reduzir a inflação, vencer a corrida armamentista em inteligência artificial com a China e expandir o poder diplomático" do país.
Negacionista do clima
Wright, que é um negacionista da existência de uma crise climática e do aquecimento global, também fará parte de um novo "Conselho Nacional de Energia", que segundo Trump será composto por todas as agências governamentais envolvidas na "produção, geração, distribuição, regulamentação, transporte e permissão" de energia.
Para ser confirmado no cargo, ele precisará obter uma maioria simples de votos no Senado, onde o Partido Republicano terá maioria.
Defensor de combustíveis fósseis
Wrigt defendeu os combustíveis fósseis em entrevistas à imprensa americana, alegando que eles são "necessários" para a sociedade, e criticou a aplicabilidade e a eficiência da transição para a energia limpa.
O jornal The New York Times lembra que Wright não tem qualquer tipo de experiência governamental e que chamou a atenção de Trump enquanto comentador do canal de televisão Fox News, sendo também presença frequente no mundo dos 'podcasts'.
O futuro secretário da Energia estará alinhado com o escolhido para o Departamento do Interior, Doug Burgum, com quem trabalhou durante anos e que é conhecido pelo forte apoio à exploração de petróleo e gás.
Cientistas alertam que a expansão das atividades de combustíveis fósseis em terras públicas poderá agravar as mudanças climáticas.
Dados do Serviço Geológico dos Estados Unidos indicam que cerca de 22% das emissões de carbono do país são originadas da queima de combustíveis fósseis extraídos de terras federais.
md (EFE, Lusa, Reuters)
Mudança climática expulsa residentes de ilha do Panamá
Alterações climáticas elevam o nível do mar e forçam moradores a deixar a populosa ilha Gardi Sugdub, no litoral panamenho, e a ir para o continente. Habitantes e governo já se preparam para a mudança.
Foto: Luis Acosta/AFP
Ilha Gardi Sugdub
Ao largo da costa norte do Panamá, encontra-se uma pequena ilha densamente povoada: Gardi Sugdub, parte do arquipélago de San Blas, na província indígena de Guna Yala. Rodeada de águas límpidas, ela está situada a 1.200 metros do continente. Todo o arquipélago é povoado.
Foto: Luis Acosta/AFP
População mais que duplicou
Em Gardi Sugdub, as casas são construídas umas coladas às outras, algumas sobre palafitas no mar. Os quase 1.500 habitantes pertencem à comunidade indígena Guna. Nas últimas três décadas, essa população mais que duplicou e quase não há mais espaço para que poder viver. Devido à subida do nível do mar, o governo panamenho pretende transferir a população para o continente, o quanto antes.
Foto: Luis Acosta/AFP
Cozinha tradicional
A população da ilha vive tanto da pesca e do plantio de mandioca e banana, quanto do artesanato têxtil e, em pequena escala, do turismo. O calor extremo e a falta de serviços públicos tornam a vida na ilha superlotada ainda mais difícil. Na foto, mulheres indígenas Guna preparam a comida, sentadas em bancos improvisados com caixas de bebidas.
Foto: Luis Acosta/AFP
Longo caminho da água potável
Não há água potável em Gardi Sugdub e os residentes têm de viajar de barco para buscá-la nos rios ou comprá-la no continente. Apenas alguns moradores têm acesso ininterrupto à energia elétrica. A maioria dispõe de eletricidade apenas durante algumas horas por dia, a partir de um gerador público.
Foto: Luis Acosta/AFP
Aumento do nível do mar
A elevação do nível do mar devido às mudanças climáticas tem tornado a vida dos habitantes de Gardi Sugdub extremamente árdua. A água já inunda casas com frequência, e especialistas preveem que o mar vai engolir esta e mais outras ilhas até o fim do século 21.
Foto: Luis Acosta/AFP
Preocupação entre moradores
Enquanto faz um bordado tradicional do povo Guna, a moradora Magdalena Martínez afirma que "todos percebemos a subida da maré". Aos 73 anos, a professora aposentada ainda comentou à agência de notícias AFP: "Acho que vamos afundar. Cedo ou tarde, sabemos que isso vai acontecer".
Foto: Luis Acosta/AFP
Prontos para a mudança
Após vários anos de promessas e atrasos, o governo panamenho anunciou que os habitantes de Gardi Sugdub serão transferidos para o continente até o fim de 2023 ou início de 2024. O continente fica a cerca de 15 minutos de barco da ilha, e lá o governo já construiu um bairro e uma escola direcionados ao povo Guna.
Foto: Luis Acosta/AFP
300 casas para 300 famílias
As primeiras fileiras de casas já foram construídas no local no continente.
De acordo com o governo, cada família terá 300 metros quadrados de terra, incluindo uma casa de dois quartos, água potável e eletricidade.
Foto: Luis Acosta/AFP
Um teto para chamar de seu
Magdalena Martínez é uma das centenas de moradores que em breve vão se mudar para o assentamento recém-construído na parte continental do Panamá. Esse deslocamento pode salvar os habitats da ilha, mas deve alterar a maneira como eles vivem. "Isso vai transformar bastante nosso estilo de vida", confirma a professora aposentada.