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Trump ordena maior redução de áreas protegidas da história

5 de dezembro de 2017

Presidente determina que mais de 9,2 mil quilômetros quadrados em Utah deixem de ser reserva ambiental, revertendo decisões dos democratas Obama e Clinton. Ambientalistas e povos indígenas entram na Justiça.

A extensa área de proteção criada por Obama em Bears Ears em 2016 fo reduzida em cerca de 85%
A extensa área de proteção criada por Obama em Bears Ears em 2016 fo reduzida em cerca de 85%Foto: picture-alliance/AP Photo/The Salt Lake Tribune/F. Kjolseth

O presidente Donald Trump, anunciou nesta segunda-feira (04/12) a maior redução de reservas protegidas da história dos Estados Unidos ao determinar o corte de mais de 9,2 mil quilômetros de duas áreas ambientais em Utah, o que corresponde a quase metade da área de proteção no estado.

"Vim para Utah para adotar uma medida histórica de reverter o excesso federal e restaurar os direitos dos cidadãos sobre essa terra", disse Trump em Salt Lake City. A medida foi duramente criticada por ambientalistas e elogiada por políticos conservadores.

Leia também: Iniciativas locais desafiam Trump no combate às mudanças climáticas

O anúncio foi feito após meses de análises por parte do Departamento do Interior, depois de o presidente ordenar em abril a identificação de 27 monumentos nacionais – áreas de proteção criadas por ex-presidentes – que deveriam ser anuladas ou diminuídas para que os governos regionais possam reaver o controle sobre esses territórios.

A extensa área de proteção criada pelo ex-presidente Barack Obama em Bears Ears em 2016 foi reduzida em cerca de 85%. O território protegido de Grand Staircase-Escalante, um parque protegido em 1996 pelo ex-presidente Bill Clinton, diminuiu quase 46%.

Ambas são monumentos nacionais, nome dado a áreas terrestres ou marinhas de proteção que podem ser criadas por meio de ordem presidencial, sem a necessidade de aprovação do Congresso, como ocorre no caso dos parques nacionais, segundo a chamada Lei de Antiguidades de 1906.

Trump avalia que Obama e Clinton abusaram dessa lei em prejuízo dos habitantes de Utah. "Esses abusos da lei deram um enorme poder a burocratas em terras distantes, às custas do povo que verdadeiramente vive e trabalha aqui", disse o presidente.

"Algumas pessoas acham que os recursos naturais de Utah deveriam ser controlados por um punhado de burocratas muito distantes, localizados em Washington. Sabe de uma coisa? Eles estão errados", afirmou Trump.

O ex-presidente Bill Clinton (d) ao assinar a ordem que designou a área de proteção de Grand Staircase-Escalante, em 1996Foto: picture-alliance/AP Photo/D. Mills

A intenção de Washington é facilitar o uso público de estradas nesses locais, além de promover a "caça e a pesca saudáveis", afirmou o secretário americano do Interior, Ryan Zinke.

O Grand Staircase-Escalante será reduzido de quase 8,1 mil quilômetros protegidos para 4.050 mil, divididos em três áreas. O local possui jazidas de carvão, mas Zinke negou qualquer relação entre a redução da área de proteção com os interesses do setor de energia. A área protegida em Bears Ears passará de 6.075 quilômetros quadrados para apenas 817. O território protegido será dividido em duas regiões isoladas.

Várias organizações ambientais criticaram a medida. O Conselho de Defesa dos Recursos Naturais, o Centro para a Diversidade Biológica, o Sierra Club e outros grupos entraram com processos na Justiça para tentar impedir a redução das áreas de proteção em Utah.

As cinco tribos que pressionaram o governo de Obama para conseguir a proteção federal de Bears Ears também entraram com processos na Justiça contra o governo federal para manter o status de proteção da área. O local é considerado sagrado para os povos Navajo, Hopi, Pueblo of Zuni, Ute Mountain e Ute Indians.

Já os políticos republicanos que se opuseram à decisão de Obama em Bears Ears festejaram a medida. "O presidente Trump nos ouviu. Não somos um estado menor", afirmou o republicano Greg Hughes, líder da Câmara dos Representantes de Utah.

RC/efe/rtr

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