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Trump pediu ajuda da Austrália para investigar Mueller

1 de outubro de 2019

Presidente americano recorreu a premiê australiano e a outras autoridades estrangeiras, buscando informações para saber o que motivou a apuração do ex-procurador especial sobre a interferência russa nas eleições de 2016.

Donald Trump
Donald Trump é alvo de um processo de impeachment no Congresso dos EUAFoto: Reuters/J. Ernst

O governo da Austrália confirmou nesta terça-feira (01/10) que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, telefonou ao primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, buscando informações sobre o que motivou a investigação sobre a interferência russa nas últimas eleições americanas de 2016, comandada pelo ex-procurador especial Robert Mueller.

Mueller investigou se a Rússia teria ajudado a campanha eleitoral do republicano em 2016. Trump sempre negou as acusações de conluio e tachou as apurações de "caça às bruxas". O inquérito foi encerrado em março e levou à condenação de vários colaboradores do atual presidente, por obstrução de justiça e perjúrio, entre outros crimes.

Às vésperas das eleições de 2020, porém, Trump afirma que o inquérito e suas revelações seriam fruto de uma "conspiração", tendo ordenado o Departamento de Justiça a investigar a existência de ilegalidades nas investigações de Mueller.

O jornal The Washington Post noticia que o secretário americano de Justiça, William Barr, pediu pessoalmente ajuda a representantes de serviços secretos estrangeiros – incluindo do Reino Unido e da Itália – na investigação sobre o inquérito do "Russiagate".

Interações de Trump com líderes estrangeiros – e o papel de Barr nessas discussões – estão sob escrutínio intensificado, agora que a Câmara dos EUA iniciou um inquérito de impeachment contra o presidente.

A abertura do processo foi motivada por um telefonema de Trump com o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, em julho. revelado por um oficial de inteligência da CIA. Na conversa, Trump pressionou o ucraniano por ajuda, pedindo uma investigação contra um rival político: o pré-candidato democrata à presidência Joe Biden.

No telefonema com Morrison, Trump pediu ao australiano para cooperar com o secretário William Barr, de acordo com The New York Times. A conclusão da reportagem – baseada em informações de dois funcionários não identificados do governo americano – é que Trump e Barr tentam descredenciar os resultados da investigação de Mueller.

Uma porta-voz do governo da Austrália confirmou que o telefonema aconteceu, sem dar detalhes sobre a data nem o conteúdo da ligação: "O governo australiano sempre esteve disposto a ajudar e cooperar com os esforços que ajudem a esclarecer assuntos que são investigados. O primeiro-ministro confirmou esta disposição mais uma vez em conversa com o presidente."

Segundo a emissora australiana ABC, a conversa entre Trump e Morrison transcorreu antes da visita do premiê australiano aos EUA, onde se reuniu com o presidente americano em Washington e Ohio, em 21 e 22 de setembro.

De acordo com os funcionários do governo ouvidos pelo New York Times, a Casa Branca tentou ocultar a existência da conversa, restringindo o acesso à transcrição da comunicação entre ambos os líderes, a exemplo do que fez com a polêmica ligação entre Trump e o presidente da Ucrânia.

Na conversa com Morrison, também se destaca o fato de Trump considerar o secretário de Justiça um de seus principais aliados para desacreditar a investigação de Robert Mueller. No entanto, o Departamento de Justiça chefiado por Barr deveria realizar a investigação independente do poder Executivo.

A investigação sobre a suposta interferência russa nas eleições americanas começou após um funcionário da campanha de Trump revelar o incidente a um diplomata australiano em Londres.

MD/afp/efe/dpa

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