Trump promete tirar EUA do TPP no primeiro dia no cargo
22 de novembro de 2016
Ao delinear prioridades para seus primeiros dias no governo, presidente eleito afirma que Tratado Transpacífico, um dos legados de Obama, representa desastre potencial para o país.
Anúncio
O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta segunda-feira (21/11) que vai retirar o país do Tratado Transpacífico (TPP, na sigla em inglês) já em seu primeiro dia no novo cargo.
O anúncio, que vai contra todos os esforços do governo de Barack Obama em estreitar laços comerciais com o Japão e mais outros dez países, é apenas um de seis pontos em que o magnata prometeu ação executiva imediata – que não necessita aprovação do Congresso.
Entre as outras medidas, também está uma revisão de "programas de vistos que prejudicam as oportunidades dos trabalhadores americanos" – em mais um sinal de que Trump já se move para estreitar as normas de imigração nos EUA.
"No comércio, emitirei uma notificação sobre nossa intenção de sair do Tratado Transpacífico, um desastre potencial para o nosso país”, anunciou Trump em um vídeo de dois minutos e meio sobre seus planos já para o primeiro dia no cargo, em 20 de janeiro.
"Em vez disso, negociaremos acordos comerciais bilaterais justos que tragam empregos e a indústria de volta ao solo americano", prometeu. Em troca, o republicano acrescentou que impulsionará tratados bilaterais que permitam gerar empregos que eventualmente perdidos por acordos comerciais passados.
As palavras de Trump, cuja campanha aproveitou o rancor da classe trabalhadora americana que se diz marginalizada pela globalização, fazem parte de uma lista de prioridades do futuro presidente para os 100 primeiros dias de governo e destinada a "colocar a América em primeiro lugar”.
A oposição ao TPP, assinado em fevereiro, mas ainda sem aprovação do Congresso, foi uma das principais bandeiras de Trump durante a corrida para a Casa Branca, pois, segundo ele, o acordo prejudica a economia do país.
O tratado é considerado um acordo comercial que, entre outras razões, busca resistir à expansão comercial da China, uma das nações excluídas desta iniciativa. O TPP prevê um período de dois anos para ser ratificado pelos parlamentos dos países-membros, mas para entrar em vigor é necessário que os signatários representem, pelo menos, 85% do PIB do bloco. A retirada dos EUA desta iniciativa representa um sério tropeço para o tratado.
Outras prioridades
Além da retirada do TPP, o republicano anunciou ainda uma série de ações executivas que serão desenvolvidas "desde o primeiro dia" de seu mandato e que buscarão "restabelecer as leis e recuperar postos de trabalho". Delas fazem parte a intenção de eliminar restrições no desenvolvimento energético, incluindo as que afetam as jazidas de camadas de xisto e as que geram "carvão limpo".
Com o intuito de reduzir a burocracia, uma das promessas de sua campanha, Trump disse que, para cada nova regulamentação aprovada, "duas terão de ser eliminadas".
No plano migratório, o republicano anunciou que uma de prioridades será pedir ao Departamento de Trabalho que "verifique todos os abusos de programas de vistos que prejudicam as oportunidades dos trabalhadores americanos".
Em matéria de segurança nacional, Trump anunciou que pedirá ao Departamento de Defesa e aos chefes militares um plano para proteger a infraestrutura dos Estados Unidos de ataques cibernéticos ou físicos. Tudo isso, segundo o próximo presidente, "para gerar riqueza e empregos".
Apesar de sua própria equipe de transição incluir diversos lobistas, Trump também prometeu "uma proibição de cinco anos para que autoridades executivas se tornem lobistas depois de deixarem o governo".
No vídeo, não houve menção sobre algumas das maiores promessas de campanha de Trump, como as ideias de construir um muro ao longo da fronteira mexicana, deportar milhões de imigrantes, restringir a imigração muçulmana e revogar a lei conhecida como "Obamacare", que reforma o sistema de saúde.
IP/ap/afp/efe
Trump: populista, milionário, presidente
Donald Trump é empreendedor imobiliário, autor de best-seller, estrela de televisão e muitos não o levavam a sério. Mas ele foi eleito o 45º presidente dos Estados Unidos. Conheça sua trajetória.
Foto: picture-alliance/dpa
A família, seu império
Trump com a família: a esposa, Melania (de branco), as filhas Ivanka e Tiffany, os filhos Eric e Donald Junior, e os netos Kai e Donald Junior 3º. Os filhos são "vice-presidentes seniores " do conglomerado Trump.
Foto: picture-alliance/dpa
1984
Esta foto, tirada em 1984, marca a abertura do Harrah's at Trump Plaza, um complexo envolvendo hotel, restaurante e cassino em Atlantic City. Este foi apenas um dos investimentos que tornou Trump bilionário.
Foto: picture-alliance/AP Images/M. Lederhandler
Frederick Junior, o pai
Donald Trump herdou o dinheiro para seus investimentos do pai, Frederick, que lhe deu um capital inicial de um milhão de dólares. Após sua morte, em 1999, Donald e seus três irmãos herdaram uma fortuna de 400 milhões de dólares.
Foto: imago/ZUMA Press
O nome é a marca
Trump investe de forma agressiva, mas também sofre fracassos. Numa perspectiva de longo prazo, no entanto, obtém sucesso, como por exemplo com a Trump Tower em Nova York. Ele calcula sua fortuna hoje em 10 bilhões de dólares. Especialistas, entretanto, consideram um terço desse valor mais realista.
Foto: Getty Images/D. Angerer
"Very good, very smart" (Muito bom, muito inteligente)
É o que Trump diz de si mesmo. E acrescenta que cursou a universidade de elite Wharton (foto), na Filadélfia, onde se formou em 1968.
Foto: picture-alliance/AP Photo/B.J. Harpaz
Capitão Trump
Antes disso, quando tinha 13 anos, seu pai o havia enviado para um internato militar em Cornwall-on-Hudson, onde deveria aprender a ser disciplinado. No último ano, ele obteve inclusive uma patente militar. Ele diz que, ali, recebeu mais treinamento militar do que nas Forças Armadas americanas.
Foto: picture-alliance/AP Photo/
Dispensado da Guerra do Vietnã
Devido a um problema no calcanhar, Trump foi dispensado e não lutou na Guerra do Vietnã.
Foto: picture-alliance/AP Photo
Ivana, primeira esposa
Em 1977, Trump se casou com a modelo tcheca Ivana Zelníčková, com quem teve três filhos. O relacionamento foi acompanhado de rumores sobre relacionamentos extraconjugais. Foi Ivana quem apelidou Trump de "The Donald".
Foto: Getty Images/AFP/Swerzey
Família número 2
Em 1990, Trump se divorciou de Ivana e se casou com Marla, 17 anos mais jovem que ele. A filha do casal se chama Tiffany.
Foto: picture alliance/AP Photo/J. Minchillo
As meninas de Trump
Em público, Trump não aparece só ao lado de sua esposa. Ele costuma acompanhar concursos de beleza ao lado de jovens modelos. De 1996 a 2015, ele foi o responsável pelo concurso de Miss Universo nos EUA.
Foto: picture-alliance/dpa/K. Lemm
A arte de negociar
Como fazer milhões de forma rápida? O best-seller de Trump "A arte da negociação" é um exemplo. O livro é em parte autobiográfico, em parte um livro de dicas para empresários ambiciosos. A publicação não foi somente uma das mais vendidas nos EUA, como também colocou Trump no centro das atenções no país.
Foto: Getty Images/AFP/M. Schwalm
"The Donald" no ringue
Como poucos, Trump consegue chamar a atenção da mídia. Seu campo de ação inclui até um ringue de luta livre. Em seu programa "O Aprendiz", os candidatos eram contratados ou demitidos. Sua frase favorita no programa era "Você está demitido!"
Foto: Getty Images/B. Pugliano
Trump na política
Na verdade, ele quase não teve uma carreira política. Em 16 de junho de 2015, Trump anunciou sua candidatura para a corrida presidencial pelo Partido Republicano. Seu slogan: "Faça a América grande outra vez". A campanha foi feita ao lado da família e com slogans contra imigrantes, muçulmanos, mulheres e sadversários políticos.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Lane
45º presidente dos Estados Unidos
O populista e showman é agora o novo presidente dos Estados Unidos, o que muitos não poderiam sequer imaginar. Mas a história de Donald J. Trump também mostra que este homem tem a capacidade de se transformar como um camaleão.