Trump popõe expulsar imigrantes sem processo judicial
25 de junho de 2018
Presidente classifica aqueles que entram nos EUA de maneira ilegal de "invasores" e defende que sejam enviados imediatamente de volta a seus países de origem. Ativistas apontam que proposta viola Constituição americana.
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Em uma série de mensagens publicadas no domingo (24/06) em sua conta no Twitter, o presidente dos EUA, Donald Trump, descreveu pessoas que chegam ilegalmente ao país como "invasores" e sugeriu enviá-las de volta aos seus países de origem sem a necessidade de procedimentos legais.
"Quando alguém chega, devemos imediatamente – sem juízes ou processos judiciais – mandá-los de volta ao lugar de onde vieram", escreveu ele. "Nosso sistema é uma zombaria a uma boa política de imigração e de lei e ordem."
Ativistas americanos de direitos civis responderam imediatamente às mensagens do presidente e apontaram que ignorar a instauração de um processo judicial é uma violação da Constituição dos EUA.
"O que o presidente Trump sugeriu aqui é ilegal e inconstitucional", apontou no Twitter a American Civil Liberties Union (ACLU). "Qualquer funcionário que tenha jurado defender a Constituição e as leis deve desaprovar isso inequivocamente."
Segundo críticos da proposta de Trump, expulsões sem qualquer análise por tribunais acabariam prejudicando até mesmo solicitantes de refúgio que fugiram de seus países, e não apenas imigrantes ilegais que partiram de seus países por razões econômicas.
A legislação americana permite deportações rápidas quando um imigrante ilegal é detido a menos de 160 quilômetros da fronteira ou quando ele está no país a menos de 14 dias. Mas aqueles que entram com pedido de refúgio têm direito a um processo judicial para que seus casos sejam analisados.
As mensagens de Trump explicitaram mais uma vez sua postura linha-dura em relação à imigração ilegal, que vem sendo uma parte central da política do seu governo e que tem levantado questionamentos de legisladores democratas e até mesmo de alguns republicanos.
Nesta segunda-feira (25/06), o presidente voltou a insistir no assunto e publicou novas mensagens no Twitter.
"Contratar milhares de juízes e passar por um longo e complicado processo legal não é o jeito – sempre vai ser disfuncional. As pessoas precisam ser simplesmente paradas na fronteira e informadas de que não podem entrar nos EUA ilegalmente. Crianças devem ser levadas de volta aos seus países. [...] Essa é a única reposta possível – e nós devemos continuar a construir o muro!", escreveu.
Na semana passada, Trump cedeu à pressão tanto de republicanos quanto de democratas e reverteu a medida que previa a separação de crianças de pais que tentam entrar ilegalmente nos EUA. No entanto, sua política de "tolerância zero", que consiste em processar criminalmente todos as pessoas que cruzarem ilegalmente a fronteira, permanece em vigor.
No sábado, o Departamento de Segurança Interna divulgou dados sobre a separação de famílias desde que Trump reverteu a política. Cerca de 500 crianças foram reunidas com os pais, mas mais de 2 mil continuam detidas sozinhas. O documento, no entanto, informa que destes menores apenas 17% consistem em crianças separadas dos pais por causa da política de Trump. Os outros 83% foram detidos quando viajavam sozinhos.
Em suas mensagens publicadas no domingo, Trump também sugeriu que a imigração ilegal está ligada à ocorrência de crimes nos EUA. "Não podemos aceitar todas as pessoas que tentam invadir nosso país. Fronteiras reforçadas. Sem crime!", escreveu no Twitter.
O presidente ainda apontou que a imigração ilegal é injusta com as pessoas que tentam chegar aos EUA de forma legal. "Nossa política de imigração, ridicularizada em todo o mundo, é muito injusta para todas as pessoas que passaram pelo sistema legalmente e esperam na fila por anos! A imigração precisa ser baseada no mérito – nós precisamos de pessoas que vão ajudar a fazer a América grande mais uma vez."
JPS/ap/afp
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Filmes sobre a fronteira entre EUA e México
Em seu mandato, o ex-presidente americano Donald Trump prometeu construir um muro entre EUA e México. Mas, muito antes disso, esta fronteira já havia sido foco de filmes espetaculares. Veja a lista.
Foto: picture-alliance/United Archives/TBM
John Wayne em guerra
Em meados do século 19, EUA e México entraram em guerra sobre o estado do Texas, que pertencia aos mexicanos, mas foi anexado pelos americanos. A longa disputa foi muitas vezes retratada por Hollywood nos faroestes que detalhavam os violentos conflitos entre colonos americanos e o Exército mexicano. Entre os mais espetaculares está "Álamo" (1960), estrelado por John Wayne e Richard Widmark.
Foto: picture-alliance/United Archives/TBM
Dietrich e a fronteira
Em 1958, Marlene Dietrich fez uma breve aparição no brilhante suspense "A marca da maldade". O diretor Orson Welles, que teve o papel principal no filme, fez da região fronteiriça entre México e EUA o cenário para falar sobre corrupção, tráfico de drogas e outros crimes.
Foto: picture-alliance/United Archives/IFTN
"Rio Bravo"
Quando John Wayne apareceu em "Álamo", a grande era do faroeste americano estava quase no fim. Mas, quando o gênero cresceu na década de 1950, muitos faroestes se passaram na fronteira entre Texas, Novo México e Arizona de um lado, e o México, do outro. Um marco simbólico era o rio Grande que, localizado nesta fronteira, rendeu o título do legendário filme do diretor John Ford, de 1950.
Foto: picture-alliance/Mary Evans Picture Library
A fronteira em faroestes posteriores
No entanto, a fronteira entre os dois países conseguiu manter sua importância em numerosos faroestes lançados posteriormente. A região desempenhou um papel de destaque em "Meu ódio será tua herança" (1969), do diretor Sam Peckinpah, um épico do faroeste selvagem com muito sangue e que enfoca a ilegalidade em uma terra esquecida.
Foto: Imago/Entertainment Pictures
Variações modernas
O diretor americano Robert Anthony Rodriguez tem uma paixão pela região de fronteira, o que talvez se deva às suas raízes mexicanas. Muitos de seus filmes reproduzem o choque de culturas nesta região fronteiriça. Seu filme "Um drink no inferno", de 1996, viu Quentin Tarantino e George Clooney encenando irmãos que roubam bancos e que tentam fugir para o México.
Foto: picture-alliance/United Archives
Não há lugar para envelhecer
Ganhador de vários Oscars em 2008, entre eles o de melhor filme e direção, "Onde os fracos não têm vez" foi dirigido pelos irmãos Joel e Ethan Coen. A produção aborda as drogas, máfia, assassinatos e fraudes. O filme se passa na fronteira entre EUA e México – um lugar perigoso, onde a morte é comum e poucos envelhecem.
Foto: picture-alliance/dpa/Paramount Pictures
Ao sul de Albuquerque
Albuquerque, no Novo México, é o cenário da extremamente popular série de televisão "Breaking Bad", que foi produzida entre 2008 e 2013. Ela enfoca histórias na região envolvendo drogas. Ao sul de Albuquerque, fica a lendária fronteira entre Estados Unidos e México.
Foto: Frank Ockenfels 3/Sony Pitures
O lado obscuro do comércio
No filme "Desaparecidos" (2007), o diretor alemão Marco Kreuzpaintner escolheu contar a história de crianças mexicanas que atravessam a fronteira para os Estados Unidos como parte do tráfico de escravos sexuais. A estrela de Hollywood Kevin Kline desempenhou o papel principal.
Foto: picture-alliance/kpa
Guerra de drogas na fronteira
"Sicario: terra de ninguém" examina o impacto das guerras do narcotráfico na área de fronteira entre Arizona e México. O cineasta canadense Denis Villeneuve fez o agitado suspense em 2015, tendo Benicio del Toro no papel principal. A obra foi filmada no sul do Arizona.
Foto: picture-alliance/AP Photo/Lionsgate/Richard Foreman Jr.
Filmes sobre drogas
A questão do narcotráfico parece atrair diretores de forma mágica. Em 2013, o cineasta britânico Ridley Scott filmou um suspense também nesta região fronteiriça. "O conselheiro do crime", estrelado por Brad Pitt e Michael Fassbender, foi filmado em El Paso, no Texas, e na Espanha.
Foto: picture-alliance/dpa
Crime e política
Há 17 anos, o diretor Steven Soderbergh lançou o renascimento dos filmes sobre a guerra das drogas. Em "Traffic", ele retrata a complexa relação entre polícia, traficantes e políticos – cujos laços uns com os outros estão indissociavelmente interligados para além das fronteiras geográficas.
Foto: picture-alliance/United Archives
Histórias de detetive
Além de faroestes e suspenses sobre drogas, inúmeras histórias de detetives e assassinatos misteriosos decorrem na fronteira entre EUA e México. Um clássico do gênero é o filme "O perigoso adeus" (1973), de Robert Altman, baseado em um romance de Raymond Chandler. O filme foi gravado na Califórnia, mas também em Tepoztlán, no México.
Foto: picture-alliance/United Archives/Impress
A fronteira em tempos de globalização
Em 2006, o diretor mexicano Alejandro González Iñárritu filmou o drama narrativo múltiplo "Babel". A obra traça os destinos entrelaçados de várias pessoas de diferentes regiões do mundo, e é uma parábola cinematográfica sobre a questão do significado da fronteira para as pessoas em tempos de globalização.
Foto: picture alliance/kpa
Comédia de fronteira
Não há muito o que rir quando se trata de uma fronteira. A maior parte dos filmes que lida com os laços entre EUA e México tendem à seriedade. Mas, em 2004, James L. Brooks fez a comédia "Espanglês" sobre um encontro com muito clichê entre um americano rico (Adam Sandler) e uma faxineira mexicana (Paz Vega).
Foto: picture-alliance/United Archives
Drama sobre imigração
Nos últimos anos, mais e mais filmes foram produzidos sobre imigração e pobreza na região. No ano passado, a coprodução Alemanha-França-México "Soy Nero" estreou na Berlinale. O diretor Rafi Pitts, com raízes iranianas, conta a história de um jovem mexicano que atravessa a fronteira para os EUA em busca de uma vida melhor.
Foto: picture-alliance/dpa/Neue Visionen
Um clássico moderno
Talvez o filme mais impressionante sobre a imigração do Sul para o Norte tenha sido feito por Cary Fukunaga, em 2009. "Sem identidade" retrata o destino de vários jovens do México que estão tentando chegar aos EUA. Enquanto alguns estão tentando escapar de bandos criminosos de suas cidades, outros procuram o paraíso na Terra.