Presidente volta a solicitar a ajuda de um governo estrangeiro contra filho de rival democrata. Pedido semelhante feito ao governo ucraniano já provocou a abertura de um processo de impeachment.
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta quinta-feira (03/10) que deseja que a China também investigue Hunter Biden, filho do ex-vice-presidente e pré-candidato à Presidência, Joe Biden.
O comentário ocorre em meio à crescente crise política provocada pela denúncia de que o republicano pressionou o governo da Ucrânia a investigar o seu adversário democrata. O caso já provocou a abertura de uma investigação de impeachmentcontra Trump.
"A China deveria iniciar uma investigação sobre os Biden. O que aconteceu na China é tão ruim quanto o que aconteceu na Ucrânia", disse Trump aos jornalistas na Casa Branca, antes de seguir para a Flórida para participar de um ato de pré-campanha.
O republicano afirmou ainda que "certamente" poderia pedir diretamente ao presidente chinês, Xi Jinping, que iniciasse uma investigação sobre a atividade de Hunter Biden no gigante asiático. "Eu não fiz isso, mas certamente é algo em que podemos começar a pensar", insistiu o presidente.
Trump não especificou quais seriam as suspeitas que supostamente envolvem Hunter Biden e seu pai na China. No caso ucraniano, Trump sugeriu, sem provas, que o ex-vice teria pressionado pela demissão de um procurador-geral do país europeu para arquivar potenciais investigações contra seu filho, que é membro do conselho de uma empresa de gás ucraniana.
A afirmação carece de indícios, já que outros países da Europa haviam pedido a demissão do mesmo procurador-geral, que era acusado de ser suave no combate à corrupção. E membros do Ministério Público ucraniano disseram ao The Wall Street Journal que não havia nada substancial contra Biden e seu filho.
Ao envolver a China, Trump passou a acumular três acusações de solicitar ajuda a parceiros dos EUA para seu próprio benefício político.
Na segunda-feira, já haviam sido reveladas conversas entre Trump e o primeiro-ministro da Austrália, Scott Morrison- No diálogo, o americano aparece pressionando o australiano a auxiliar o Departamento de Justiça dos EUA em uma investigação com o objetivo de minar as conclusões de um inquérito sobre a interferência da Rússia nas eleições de 2016.
Trump ainda demonstrou nesta quinta-feira que não pretende recuar no escândalo envolvendo a pressão sobre a Ucrânia Longe de desistir dessa ideia, Trump também reiterou que o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, deveria iniciar uma investigação sobre Biden.
"Eu diria: presidente Zelenski, se eu fosse você, começaria uma investigação sobre Biden", disse.
Em um telefonema no final de julho, Trump pediu repetidamente para que o ucraniano tomasse providências para investigar o ex-vice-presidente americano Joe Biden e seu filho, Hunter. Uma transcrição da conversa foi finalmente divulgada pela Casa Branca na semana passada, confirmando que Trump abordou o caso de Biden com Zelensky.
O americano também pediu que Zelensky entrasse em contato com o procurador-geral dos EUA, William P. Barr, e com seu advogado pessoal, Rudy Giuliani, para discutir medidas em uma potencial investigação contra Biden.
Na carta, que foi endereçada às comissões de inteligência da Câmara e do Senado, o informante afirma "que recebeu informações de que o presidente está usando o poder do seu gabinete para solicitar que um país estrangeiro interfira nas eleições americanas de 2020". Joe Biden é pré-candidato democrata à Presidência e pode ser rival de Trump nas eleições do ano que vem.
Na semana passada,uma carta elaborada por um agente dos serviços de inteligência americanos adicionou mais elementos explosivos para o escândalo que envolve a ligação de Donald Trump a Volodymyr Zelensky.
No documento, o informante não apenas aponta que Trump usou seu poder para pressionar Zelensky a investigar seu rival democrata, como também acusa altos funcionários da Casa Branca de agirem para esconder o conteúdo da ligação, que ocorreu no fim de julho.
Segundo a denúncia, os funcionários da Casa Branca se deram conta do potencial comprometedor da transcrição da ligação e ordenaram que o conteúdo não fosse armazenado no servidor padrão para esse tipo de material. Em vez disso, a transcrição acabou sendo salva em um sistema separado, reservado para informações de acesso restrito.
O informante afirmou ainda temer que as ações de Trump "configurem riscos para a segurança nacional dos EUA e para os esforços para barrar a interferência estrangeira nas eleições do país".
Réu em vários processos, condenado e preso, Lula faz parte de uma extensa galeria de antigos governantes acusados de corrupção que cumprem pena ou ainda batalham nos tribunais.
Foto: picture-alliance/AP-Photo/L. Correa
Park Geun-hye (Coreia do Sul)
Presidente entre 2013 e 2016, Park sofreu impeachment por realizar tráfico de influência. Em seguida, foi acusada de desviar milhões de dólares de fundos de serviços de inteligência do país para compras extravagantes, além de pedir propina a grandes empresas sul-coreanas, como a Samsung. Em 2018, foi condenada a 25 anos de prisão.
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O quinteto peruano
O ex-presidente Alberto Fujimori (1990-2000) foi preso em 2005 por crimes diversos, e quatro sucessores se viram ligados à Odebrecht: Alejandro Toledo (2001-2006) teve prisão decretada em 2017 e está nos EUA; Alan Gárcia (2006-2011), investigado, se matou em 2019; Ollanta Humala (2011-2016), preso em 2017, foi solto no ano seguinte; e Pedro Pablo Kuczynski (2016-2018) está em prisão domiciliar.
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Ricardo Martinelli (Panamá)
Presidente de 2009 a 2014, Martinelli foi preso em Miami em 2017 e extraditado a seu país no ano seguinte, onde era acusado de operar esquema ilegal de espionagem de adversários políticos durante seu governo e de receber subornos da empreiteira brasileira Odebrecht. O acordo de extradição exigiu que ele fosse julgado apenas pelo delito de espionagem, pelo qual foi absolvido em agosto de 2019.
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Carlos Menem (Argentina)
Presidente entre 1989 e 1999, o extravagante Menem foi mantido preso durante cinco meses em 2001 por envolvimento em um escândalo de venda ilegal de armas para a Croácia. Em 2013, foi condenado a sete de anos de prisão pelo caso. Em 2015, voltou a ser condenado por corrupção envolvendo o pagamento de propinas a servidores públicos. Por enquanto, um mandato no Senado lhe mantém fora da cadeia.
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Jacob Zuma (África do Sul)
Presidente entre 2009 e fevereiro de 2018, Zuma enfrenta pelo menos 18 acusações de corrupção, extorsão, fraude e lavagem de dinheiro. No dia 6 de abril de 2018, compareceu a um tribunal para prestar depoimento em um processo que o acusa de receber subornos na venda de armamento para o governo.
Foto: Reuters/S. Sibeko
Nicolas Sarkozy (França)
Presidente entre 2007 e 2012, Sarkozy enfrenta acusações de corrupção e financiamento ilegal de campanha. Em 2014, foi detido para prestar depoimento em caso de tráfico de influência envolvendo promessas a um juiz em troca de informações sobre processos. Em março de 2018, foi novamente detido para interrogatório, desta vez por suposta doação ilegal feita pelo antigo ditador líbio Muammar Kadhafi.
Foto: REUTERS
Um trio guatemalteco
O ex-presidente da Guatemala Alfonso Portillo (2000-2004) foi preso em 2010 por receber subornos do governo de Taiwan, e solto em 2015. Alvaro Colom (2008-2012) foi preso em março de 2018 por fraudes no sistema de ônibus da capital e solto cinco meses depois. Otto Pérez Molina (2012-2015) foi detido um dia após renunciar por fraude em esquema de importações e seguia preso até outubro de 2019.
Foto: AP
José Sócrates (Portugal)
Primeiro-ministro entre 2005 e 2011, Sócrates foi preso em novembro de 2014 por suspeita de corrupção, evasão fiscal e lavagem de dinheiro. Segundo a Justiça, Sócrates beneficiou grupos empresariais enquanto esteve no poder e em troca recebeu 24 milhões de euros. Permaneceu na cadeia até setembro de 2015, quando passou para a prisão domiciliar. Em outubro de 2017, foi denunciado por 31 crimes.
Foto: Reuters
Ehud Olmert (Israel)
Premiê entre abril de 2006 e março de 2009, Olmert foi condenado em 2014 por aceitar subornos de construtoras quando era prefeito de Jerusalém. Nos meses seguintes, foi condenado em outros processos. Começou a cumprir pena em fevereiro de 2016 e deixou a prisão 16 meses depois, em liberdade condicional. Ele ainda aguarda o resultado de recursos.
Foto: Getty Images/AFP/G. Tibbon
Svetozar Marovic (Sérvia e Montenegro)
Presidente entre 2003 e 2006 da extinta Comunidade da Sérvia e Montenegro, Marovic foi preso em 2015 por envolvimento em uma rede de corrupção na administração da cidade de Budva. Em 2016, foi condenado a três anos e dez meses de cadeia por um tribunal de Montenegro. É considerado foragido pela Justiça. Vive hoje na vizinha Sérvia e é alvo de um pedido de extradição.
Foto: picture-alliance/AP Photo/D. Vojinovic
Ivo Sanader (Croácia)
Primeiro-ministro entre 2003 e 2009, Sanader foi acusado de receber suborno durante a negociação de empréstimo com um banco austríaco. Fugiu da Croácia em 2010. Extraditado em 2011, foi condenado a dez anos de prisão. Foi solto em 2015, após sua condenação ser anulada. Ainda enfrenta outras investigações e em 2017 voltou a ser condenado a quatro anos e meio de prisão por outro caso de corrupção.
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Khaleda Zia (Bangladesh)
Primeira-ministra entre 1991 e 1996 e novamente entre 2001 e 2006, Khaleda Zia foi presa em fevereiro de 2018 após ser condenada a 17 anos de cadeia por corrupção e desvio de doações internacionais destinadas a um orfanato. Sua defesa afirma que as acusações têm motivação política.
Foto: picture-alliance/dpa/AP Photo/A. M. Ahad
Vlad Filat (Moldávia)
Primeiro-ministro da Moldávia entre 2009 e 2013, Filat foi acusado de embolsar mais de 200 milhões de euros em um esquema de fraude bancária. Durante seu governo, três bancos do país concederam 1 bilhão de euros em empréstimos para empresas de fachada, lesando milhares de correntistas. Foi preso em 2015 e no ano seguinte foi condenado a nove anos de prisão por corrupção e abuso de poder.
Foto: picture-alliance/dpa
Fernando Collor (Brasil)
Em agosto de 2017, o ex-presidente Collor (1990-1992) se tornou réu por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa no âmbito da Lava Jato, acusado de cobrar propina em negócios envolvendo a BR Distribuidora. Em maio de 2019, foi denunciado também por peculato. Collor é senador e seus processos correm no Supremo Tribunal Federal.
Foto: picture-alliance/dpa/C. Gomes
Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil)
Em janeiro de 2018, o ex-presidente Lula (2003-2010) foi condenado em 2ª instância por corrupção e lavagem de dinheiro, no âmbito da Lava Jato, acusado de receber como suborno um apartamento no Guarujá. Detido em abril de 2018, ele já teria direito a ir ao regime semiaberto, mas segue preso. Em fevereiro de 2019, foi condenado em 1ª instância, desta vez envolvendo reformas num sítio em Atibaia.