Trump questiona influência humana sobre mudanças climáticas
15 de outubro de 2018
Presidente dos EUA sugere que o clima "mudará novamente" e insinua que há cientistas que seguem "uma agenda política". Trump afirma não querer colocar o país em desvantagem econômica por reagir ao aquecimento global.
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O presidente dos EUA, Donald Trump, voltou atrás em relação à sua alegação de que as mudanças climáticas são uma farsa, mas afirmou em entrevista ao programa 60 Minutes, da emissora americana CBS, que foi ao ar neste domingo (14/10), que não sabe se esta é provocada pelo homem.
Na entrevista, Trump sugeriu que o clima vai "mudar novamente", insinuou que certos cientistas seguem "uma agenda política" e afirmou que não quer que uma reação às mudanças climáticas coloque os Estados Unidos em desvantagem econômica.
"Acho que algo está acontecendo. Algo está mudando e vai mudar novamente", disse Trump. "Não acho que seja uma farsa. Acredito que provavelmente há uma diferença. Mas não sei se é algo causado pelo homem. Eu direi o seguinte: não quero dar trilhões e trilhões de dólares e não quero perder milhões e milhões de empregos."
Em uma mensagem escrita no Twitter em novembro de 2012, Trump classificou as mudanças climáticas de uma farsa: "O conceito de aquecimento global foi criado por e para os chineses, a fim de tornar a produção americana menos competitiva." Posteriormente, ele disse que a conexão com a China não passou de uma brincadeira, mas há anos Trump tem chamado o aquecimento global de fraude.
"Não estou negando a mudança climática", disse o presidente americano ao programa 60 Minutes. "Mas isso pode muito bem retroceder. Você sabe, estamos falando de mais de [...] milhões de anos."
Trump, que tem agendada para esta segunda-feira uma visita a áreas dos estados da Geórgia e da Flórida que foram atingidas pelo furacão Michael, também expressou dúvidas quanto a publicações científicas que conectam as mudanças climáticas ao surgimento de furacões mais poderosos e destrutivos.
"Eles dizem que tivemos furacões muito piores do que o que acabamos de ter com o [furacão] Michael", disse Trump, que identificou "eles" como "pessoas" depois de ser pressionado pela correspondente do 60 Minutes, Leslie Stahl.
Ela então questionou: "E os cientistas que dizem que está pior do que nunca?" Trump respondeu: "Você teria que me mostrar os cientistas, porque eles têm uma agenda política muito grande."
Os comentários de Trump ocorreram poucos dias depois de o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) ter alertado que o aquecimento global ameaça aumentar os riscos climáticos relacionados a saúde, meios de subsistência, segurança alimentar, abastecimento de água, segurança humana e crescimento econômico.
O relatório da organização detalhou como o clima e os ecossistemas da Terra estariam em melhores condições se os líderes mundiais pudessem de alguma forma limitar o futuro aquecimento global causada pelo homem.
Sob a alegação de preocupações com o impacto econômico, Trump anunciou em 2017 a retirada dos Estados Unidos do Acordo de Paris sobre o clima. O pacto estabeleceu metas voluntárias de redução da emissão de gases de efeito estufa num esforço para diminuir o impacto dos combustíveis fósseis.
Três quartos dos gases estufa são produzidos pela combustão de carvão, petróleo e gás natural; o resto, pela agricultura e desmatamento. Como se podem evitar gases poluentes? Veja dez dicas que qualquer um pode seguir.
Foto: picture-alliance/dpa
Usar menos carvão, petróleo e gás
A maioria dos gases estufa provém das usinas de energia, indústria e transportes. O aquecimento de edifícios é responsável por 6% das emissões globais de gases poluentes. Quem utiliza a energia de forma eficiente e economiza carvão, petróleo e gás também protege o clima.
Foto: picture-alliance/dpa
Produzir a própria energia limpa
Hoje, energia não só vem de usinas termelétricas a carvão, óleo combustível e gás natural. Há alternativas, que atualmente são até mesmo mais econômicas. É possível produzir a própria energia e, muitas vezes, mais do que se consome. Os telhados oferecem bastante espaço para painéis solares, uma tecnologia que já está estabelecida.
Foto: Mobisol
Apoiar boas ideias
Cada vez mais municípios, empresas e cooperativas investem em fontes energéticas renováveis e vendem energia limpa. Este parque solar está situado em Saerbeck, município alemão de 7,2 mil habitantes que produz mais energia do que consome. Na foto, a visita de uma delegação americana à cidade.
Foto: Gemeinde Saerbeck/Ulrich Gunka
Não apoiar empresas poluentes
Um número cada vez maior de cidadãos, companhias de seguro, universidades e cidades evita aplicar seu dinheiro em companhias de combustíveis fósseis. Na Alemanha, Münster é a primeira cidade a aderir ao chamado movimento de desinvestimento. Em nível mundial, essa iniciativa abrange dezenas de cidades. Esse movimento global é dinâmico – todos podem participar.
Foto: 350.org/Linda Choritz
Andar de bicicleta, ônibus e trem
Bicicletas, ônibus e trem economizam bastante CO2. Em comparação com o carro, um ônibus é cinco vezes mais ecológico, e um trem elétrico, até 15 vezes mais. Em Amsterdã, a maior parte da população usa a bicicleta. Por meio de largas ciclovias, a prefeitura da cidade garante o bom funcionamento desse sistema.
Foto: DW/G. Rueter
Melhor não voar
Viajar de avião é extremamente prejudicial ao clima. Os fatos demonstram o dilema: para atender às metas climáticas, cada habitante do planeta deveria produzir, em média, no máximo 5,9 toneladas de CO2 anualmente. No entanto, uma viagem de ida e volta entre Berlim e Nova York ocasiona, por passageiro, já 6,5 toneladas de CO2.
Foto: Getty Images/AFP/P. Huguen
Comer menos carne
Para o clima, também a agricultura é um problema. No plantio do arroz ou nos estômagos de bois, vacas, cabras e ovelhas é produzido o gás metano, que é muito prejudicial ao clima. A criação de gado e o aumento mundial de consumo de carne são críticos também devido à crescente demanda de soja para ração animal. Esse cultivo ocasiona o desmatamento de florestas tropicais.
Foto: Getty Images/J. Sullivan
Comprar alimentos orgânicos
O óxido nitroso é particularmente prejudicial ao clima. Sua contribuição para o efeito estufa global gira em torno de 6%. Ele é produzido em usinas de energia e motores, mas principalmente também através do uso de fertilizantes artificiais no agronegócio. Esse tipo de fertilizante é proibido na agricultura ecológica e, por isso, emite-se menos óxido nitroso, o que ajuda a proteger o clima.
Foto: imago/R. Lueger
Sustentabilidade na construção e no consumo
Na produção de aço e cimento emite-se muito CO2, em contrapartida, ele é retirado da atmosfera no processo de crescimento das plantas. A escolha consciente de materiais de construção ajuda o clima. O mesmo vale para o consumo em geral. Para uma massagem, não se precisa de combustível fóssil, mas para copos plásticos, que todo dia acabam no lixo, necessita-se uma grande quantidade dele.
Foto: Oliver Ristau
Assumir responsabilidades
Como evitar gases estufa, para que, em todo mundo, as crianças e os filhos que elas virão a ter possam viver bem sem uma catástrofe do clima? Esses estudantes estão fascinados com a energia mais limpa e veem uma chance para o seu futuro. Todos podem ajudar para que isso possa acontecer.