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Trump retira parte das tropas americanas da Alemanha

6 de junho de 2020

Presidente dos EUA ordenou a retirada de quase 10 mil militares do território alemão, segundo "Wall Street Journal". Medida seria motivada por recusa de Berlim de elevar seus gastos de defesa.

Soldados enfileirados de costas, com bandeira dos Estados Unidos ao fundo
Foto: picture-alliance/dpa/N. Armer

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ordenou nesta sexta-feira que o Pentágono reduza o número de soldados americanos na Alemanha. Cerca de 9.500 militares seriam enviados de volta à casa ou para a Polônia ou outros países aliados, informou uma autoridade americana ao Wall Street Journal.

Em dezembro, o então embaixador dos EUA na Alemanha, Richard Grenell, ameaçara tal medida, caso Berlim não aumentasse seus gastos de defesa. O país mantém atualmente 34.500 soldados em solo alemão, além de 17 mil funcionários públicos que os assistem in loco.

O alto funcionário, que não quis ser identificado, afirmou que a medida nada tem a ver com as tensões crescentes entre Trump e a chanceler federal alemã, Angela Merkel, a qual rejeitou os planos do bilionário de realizar uma cúpula do Grupo dos Sete (G7) no fim de junho. Em vez disso, a decisão seria o resultado de meses de trabalho de um líder militar, o general Mark Milley.

Um outro alto funcionário da administração declarou que não haveria necessidade de presença americana nos EUA, já que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) elevou o total de suas despesas militares. Ainda segundo essa fonte, Washington começou a trabalhar nesse plano já em setembro de 2019, e a ordem foi assinada pelo consultor de Segurança Nacional de Trump, Robert O’Brien.

"Mesquinha e disparatada"

O ex-embaixador Grenell vinha repetidamente ecoando as críticas de Trump ao envolvimento de Berlim no acordo nuclear com o Irã, e ao possível uso de tecnologia da companhia chinesa Huawei na rede de telefonia celular 5G da Alemanha.

Em 1º de junho, o diplomata fiel ao presidente entregou o cargo, sendo agora representado por sua vice, Robin S. Quinville. O governo Trump tem, ainda, acusado a Alemanha de ser "cativa" de Moscou, devido a sua aliança de energia no projeto do gasoduto transnacional Nord Stream 2.

Na Alemanha, o Ministério do Exterior se recusou a comentar a notícia. À DW, o parlamentar Andreas Nick, especialista em política externa, comentou não se tratar de "uma decisão técnica, mas sim de pura motivação política".

Indicador disso seria o Pentágono não ter se manifestado a respeito, direcionando à Casa Branca todas as consultas. "Até onde sei, o governo alemão não foi informado oficialmente sobre essa ocorrência, o que é igualmente um procedimento muito inusual", completou.

O senador Jack Reed, principal democrata no Comitê de Serviços Armados do Senado americano, classificou a redução de tropas na Alemanha como "mesquinha e disparatada": "É mais um favor para [presidente russo, Vladimir] Putin, e outra falha de liderança dessa administração que tensiona ainda mais as relações com nossos aliados."

AV/dw,rtr,afp,dpa

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