Trump sai de carro em meio a contradições sobre sua saúde
5 de outubro de 2020
Com campanha eleitoral paralisada, presidente deixa hospital para saudar apoiadores, em atitude amplamente condenada por médicos. Passeio encerra fim de semana repleto de declarações contraditórias sobre sua saúde.
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Após um fim de semana de declarações contraditórias sobre seu estado de saúde, mais grave do que foi inicialmente informado por médicos e a Casa Branca, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, saiu brevemente neste domingo (04/10) do hospital onde está internado e se trata da infecção de covid-19. Ele saudou seus apoiadores de dentro de um automóvel, em uma atitude amplamente condenada por especialistas.
Trump surpreendeu as pessoas que estavam em frente ao hospital militar Walter Reed, onde está internado desde a sexta-feira, para um breve passeio dentro de uma SUV preta, onde também estavam agentes do serviço secreto, que usavam máscaras e outros equipamentos de proteção.
Alguns especialistas criticaram o fato de Trump, que tenta a reeleição, estar mais preocupado com a campanha eleitoral, com a aproximação das eleições no dia 3 de novembro, do que com a própria saúde e a de seus funcionários e agentes de segurança, além de, mais uma vez, descumprir normas sanitárias.
O passeio foi o encerramento de um fim de semana repleto de declarações contraditórias a respeito do estado de saúde do presidente, cujo quadro clínico chegou a ser agravar por complicações relacionadas à doença, enquanto a equipe médica tentava transmitir uma visão otimista em relação a suas condições.
Em mensagem de vídeo divulgada neste fim de semana, Trump dissera compreender a gravidade da doença. Entretanto, sua saída do hospital estava em ampla contradição com as recomendações de saúde das autoridades de seu próprio governo.
Segundo as diretrizes do Centro para Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA, "o transporte e movimentação de pacientes com infecção suspeita ou confirmada de covid-19 para fora de seus quartos deve ser limitado apenas aos propósitos médicos".
"Isso é uma insanidade", afirmou o diretor de medicina da Universidade George Washington, James P. Phillips, que também atende no hospital Walter Reed.
"Cada pessoa naquele veículo, durante aquele passeio completamente desnecessário, terá de ficar em quarentena por 14 dias. Eles podem adoecer. Podem morrer", criticou. Tudo isso, segundo Phillips, "por um teatro político, comandado por Trump, para pôr suas vidas em risco".
Zeke Emanuel, diretor do Departamento de Ética Médica e Políticas de Saúde da Universidade da Pensilvânia, disse que a aparição pública do presidente foi "vergonhosa". "Fazer com que os agentes secretos saiam de carro com um paciente de covid-19, ainda mais com as janelas fechadas, os coloca desnecessariamente em risco de infecção. E para que? Para uma encenação", observou.
O porta-voz da Casa Branca, Judd Deere, disse que o passeio de Trump foi autorizado pela equipe médica, que "considerou seguro fazê-lo". Ele assegurou que todas as precauções foram tomadas, inclusive o uso de equipamento de proteção para Trump, para os funcionários da Casa Branca e para os agentes de segurança que o acompanharam.
Após uma série de informações conflitantes sobre o estado de saúde de Trump, o médico da Casa Branca, Sean Conley, admitiu que havia tentado apresentar um quadro mais otimista das condições clínicas do presidente. "Ao fazê-lo, pôde parecer que nós estaríamos tentando esconder alguma coisa, o que não é necessariamente verdade. A verdade que ele está passando muito bem", assegurou.
Entretanto, alguns especialistas consideram que as declarações de Conley sobre o tratamento recebido impor Trump eram difíceis de conciliar com sua avaliação positiva e com o anúncio da possibilidade de o presidente receber alta nesta segunda-feira.
Seus médicos disseram que ele continuava melhorando da doença, mas admitiram o presidente chegou a precisar de oxigênio suplementar, antes de ser medicado com o esteroide dexametasona em resposta a "níveis baixos de oxigênio transitório". A Sociedade de Doenças Infecciosas dos EUA, porém, não recomenda o uso do medicamento em casos leves da doença, pois ele diminui a capacidade do corpo de combater o vírus.
Os médicos disseram que o presidente não teve febre desde sexta-feira e que suas funções hepáticas e renais permanecem normais após ter sido ministrada a segunda dose do antiviral Remdesivir. Entretanto, a equipe evitou responder questionamentos sobre a queda do nível de oxigênio no sangue de Trump e se os exames nos pulmões revelaram quaisquer danos.
Trump, de 74 anos, é considerado um paciente de alto risco pela idade avançada e por estar acima do peso. A primeira-dama, Melania Trump, que também está com o novo coronavírus, permanece em tratamento na Casa Branca.
Até o momento, mais de 7,4 milhões de pessoas foram infectadas pelo coronavírus nos EUA, enquanto o país se aproxima das 210 mil mortes em razão da doença.
RC/ap/afp
Celebridades e políticos que testaram positivo para covid-19
Várias estrelas de cinema contraíram o coronavírus. A doença varreu a elite política global e afetou também os melhores atletas.
Foto: Joshua Roberts/Reuters
Emmanuel Macron
O presidente da França foi diagnosticado com o coronavírus dias depois de uma cúpula dos líderes da União Europeia, o que levou várias autoridades do bloco a adotarem o isolamento. Nos dias que antecederam o resultado, ele se reuniu também com lideranças políticas da França e membros de seu gabinete. Seus assessores disseram que ele mantém estilo de vida saudável e se exercita regularmente.
Foto: Lewis Joly/AP Photo/picture alliance
Donald Trump
Após menosprezar a doença durante meses, o presidente dos Estados Unidos confirmou que ele e a primeira-dama, Melania Trump, estavam infectados com o coronavírus em plena reta final de sua campanha à reeleição. Trump raramente aparecia em público usando máscaras de proteção e ignorou em diversas ocasiões os alertas das autoridades de saúde.
Foto: picture-alliance/CNP/A. Drago
Andrzej Duda
O presidente da Polônia, Andrzej Duda, testou positivo para o coronavírus, anunciou um porta-voz no dia 24 de outubro. Dias antes, ele esteve em um fórum de investimento na Estônia, onde se encontrou com o presidente búlgaro, Rumen Radev, que entrou em isolamento profilático depois de ter contato com alguém infectado em seu país de origem. No entanto, não foi confirmado como Duda se contaminou.
Foto: Photoshot/picture-alliance
Andrea Bocelli
O tenor italiano Andrea Bocelli testou positivo para o novo coronavírus em março. Ele relatou que teve apenas febre leve, e no mês seguinte, já fez uma apresentação na Catedral de Milão, vazia devido às regras de restrição.
Foto: Getty Images/S.Legato
Robert Pattinson
O ator, de 34 anos, mais conhecido por estrelar como o vampiro Edward Cullen na saga cinematográfica "Twilight", testou positivo para covid-19, obrigando a produção de "The Batman" a uma pausa apenas três dias depois de ter retomado trabalhos. Pattinson, que também foi Cedric Diggory na adaptação cinematográfica de "Harry Potter e o cálice de fogo", sucede Ben Affleck como o Homem Morcego.
Foto: picture-alliance/dpa/Sputnik/E. Chesnokova
Dwayne 'The Rock' Johnson
O lutador que virou estrela de cinema se tornou uma das mais recentes celebridades a contraírem covid-19. Em um vídeo no Instagram, Johnson revelou que ele, sua esposa e duas filhas testaram positivo — acrescentando que ele teve "uma experiência difícil" com os sintomas. Ele também pediu às pessoas que parem de "politizar" a pandemia e "usem máscara".
Foto: picture-alliance/AP Photo/R. Shotwell
Neymar
O craque brasileiro é um dos três jogadores do PSG a contraírem o vírus, informou a agência de notícias AFP em 2 de setembro. Acredita-se que o surto no clube esteja relacionado a uma viagem de férias que o time fez à ilha espanhola de Ibiza. Posteriormente, Neymar postou uma foto no Instagram com seu filho, que também supostamente testou positivo: "Obrigado pelas mensagens. Estamos todos bem".
Foto: Getty Images/AFP/D. Ramos
Silvio Berlusconi
O ex-premiê italiano de 83 anos testou positivo para o vírus e estaria assintomático, segundo anúncio de seu médico em 2 de setembro. Dois dos filhos de Berlusconi e sua namorada de 30 anos também testaram positivo. O ex-premiê testou positivo depois de passar férias na costa da Sardenha, onde os ricos e famosos da Itália costumam desdenhar das políticas de restrição.
Foto: picture-alliance/dpa/D. Vojinovic
Usain Bolt
A lenda do atletismo Usain Bolt testou positivo poucos dias depois de realizar uma festa para comemorar seu 34º aniversário no final de agosto. O detentor do recorde para os 100 e 200 metros rasos disse que entrou em quarentena, mas que não estava exibindo sintomas. Vídeos da festa de aniversário ao ar livre de Bolt mostraram convidados sem máscaras durante a celebração.
Foto: Reuters/M. Childs
Antonio Banderas
O ator espanhol teve uma surpresa indesejável em seu 60º aniversário em meados de agosto, depois de um teste positivo para o coronavírus. Banderas disse que passou seu aniversário isolado e que estava "mais cansado do que de costume", mas "esperando se recuperar o mais rápido possível".
Foto: picture-alliance/Captital Pictures
Jair Bolsonaro
O presidente brasileiro, que repetidamente minimizou a gravidade da pandemia, contraiu o vírus em julho. Ele foi criticado por ignorar as medidas de segurança recomendadas por especialistas em saúde antes e depois de seu diagnóstico, incluindo apertar as mãos e abraçar apoiadores na multidão. Sua mulher, Michelle, e os filhos Jair Renan e Flávio também testaram positivo.
Foto: picture-alliance/dpa/E. Peres
Tom Hanks
O ator Tom Hanks e sua mulher, a atriz e cantora Rita Wilson, foram algumas das primeiras celebridades a anunciar que contraíram o vírus. O casal testou positivo para a covid-19 em meados de março, quando estava na Austrália. Depois de se recuperar e retornar aos Estados Unidos, Hanks defendeu que as pessoas façam sua parte para retardar a propagação da doença.
Foto: picture-alliance/AP/Invision/J. Strauss
Sophie Gregoire Trudeau
Sophie Gregoire Trudeau, mulher do primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, testou positivo para coronavírus depois de retornar do Reino Unido em meados de março. O marido dela anunciou ter se isolado na residência oficial, mesmo sem apresentar sintomas da enfermidade.
Foto: Reuters/P. Doyle
Boris Johnson
No final de março, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, contraiu o coronavírus que o levou ao hospital por vários dias. Johnson passou uma semana em um hospital em Londres e três noites na UTI, onde recebeu oxigênio e foi observado 24 horas por dia. Ele teve alta em meados de abril, e os funcionários do hospital receberam o crédito de ter salvado sua vida.
Foto: picture-alliance/AP Photo/S. Dawson
Ambrose Dlamini
O primeiro-ministro de Essuatíni (antiga Suazilândia), Ambrose Dlamini, contraiu o coronavírus e morreu em decorrência da covid-19, em dezembro de 2020. Ele tinha 52 anos e chegou a ser internado em um hospital da África do Sul, mas não resistiu.
Foto: RODGER BOSCH/AFP
Hamilton Mourão
O vice-presidente, Hamilton Mourão, anunciou no final de dezembro de 2020 que havia testado positivo para a covid-19. Ele ficou 12 dias em isolamento no Palácio do Jaburu, em Brasília. Antes de receber o diagnóstico, o vice-presidente teve dor no corpo, dor de cabeça e febre que não passou de 38 graus. Em março de 2021, ele recebeu a primeira dose da Coronavac.
Foto: Sergio Lima/AFP
Larry King
O lendário apresentador de TV americano Larry King morreu em janeiro de 2021, em decorrência da covid-19. Ele tinha 87 anos e comandava um tradicional programa de entrevistas na CNN há mais de duas décadas.
Foto: Radovan Stoklasa/REUTERS
Alberto Fernández
O presidente da Argentina, Alberto Fernández, de 62 anos, anunciou no começo de abril de 2021 que contraiu o coronavírus. Segundo a Unidade Médica Presidencial, ele não teve sintomas, graças à imunização pela vacina russa Sputnik V, recebida dois meses antes.