Presidente dos EUA confirma a jornal britânico intenção de buscar segundo mandato em 2020, afirmando não haver democrata capaz de derrotá-lo. Antes de encontro com Putin, magnata diz que ambos poderiam se dar muito bem.
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pretende concorrer à reeleição em 2020, segundo afirmou em entrevista ao jornal britânico Mail on Sunday publicada neste domingo (15/07).
Embora tenha admitido que "nunca se sabe o que se passa com a saúde e outras coisas", o magnata de 72 anos confirmou sua intenção de buscar um segundo mandato. "Tenho toda a intenção de fazê-lo. Parece que todo mundo quer isso", disse ao jornalista Piers Morgan, à bordo do avião presidencial Air Force One.
Desde que tomou posse como presidente, em janeiro de 2017, após derrotar a democrata Hillary Clinton nas urnas, Trump indicou diversas vezes não querer deixar o cargo após quatro anos.
Trump disse não ver nenhum democrata capaz de derrotá-lo nas próximas eleições. "Conheço todos eles, e não vejo ninguém. Eles não têm o candidato adequado", declarou a Morgan, que se define como um amigo de Trump.
Após participar de uma cúpula da Otan de dois dias em Bruxelas, e se reunir com a primeira-ministra britânica, Theresa May, e a rainha Elizabeth 2ª, o presidente americano passa o fim de semana em um de seus resorts de golfe na Escócia, o Turnberry, na companhia da esposa, Melania. A visita de Trump ao Reino Unido foi marcada por protestos, que reuniram milhares em Londres e em Edimburgo.
Antes de partir para Helsinque, na Finlândia – onde se reunirá com o presidente russo, Vladimir Putin, nesta segunda-feira – Trump quebrou o protocolo da realeza britânica e revelou detalhes da conversa que teve com a rainha Elizabeth sobre o Brexit.
"Ela disse – e ela está certa – que é um problema muito complexo. Acho que ninguém tinha ideia do quão complexo seria... Todo mundo pensou que seria: 'É simples, ou fazemos parte ou não fazemos, ou vamos ver o que acontece'", disse Trump ao Mail on Sunday.
Trump afirmou que a rainha, de 92 anos, é uma "mulher incrível". "Ela é tão sábia e tão linda, por dentro e por fora. Gostei muito dela."
No Reino Unido, o presidente europeu causou furor com uma entrevista publicada pelo tabloide The Sun em que criticou os planos de May para o Brexit e afirmou que o ex-ministro do Exterior Boris Johnson, que acaba de renunciar ao cargo, seria um ótimo premiê.
Ao se reunir com May, Trump minimizou as críticas, afirmando se tratar de "fake news" e prometendo um acordo comercial com o Reino Unido após o país deixar a União Europeia, em março do ano que vem. Ele descreveu May como uma "mulher incrível", que faz um "trabalho fantástico" como chefe de governo.
O presidente americano foi cauteloso ao falar de sua próxima parada na Europa, para se reunir com Putin. "Acho que provavelmente podemos nos dar muito bem. Alguém perguntou: 'Vocês são amigos ou inimigos?' Eu disse: 'Bem, é muito cedo para dizer'", disse Trump ao Mail on Sunday.
"Não o conheço. Encontrei com ele um par de vezes, o conheci no G20", afirmou, em referência à cúpula realizada em Hamburgo no ano passado.
"Neste momento, digo que somos competidores, mas para os Estados Unidos e, francamente, também para o Reino Unido e outros lugares, se dar bem com a Rússia e a China e todos esses outros lugares é uma coisa muito boa", concluiu.
O novo presidente americano não lê muito. Mas, desde que ele chegou ao poder, livros sobre regimes totalitários voltam à lista de best-sellers. Conheça algumas obras que podem ajudar a entender seu estilo de governar.
Foto: Getty Images/S. Platt
"1984"
Em "1984", George Orwell mostra ao leitor o que é viver num Estado totalitário, onde a vigilância é onipresente, e a opinião pública é manipulada pela propaganda. Desde a eleição de Donald Trump, o romance distópico voltou à lista dos mais vendidos. Mas outros clássicos, que descrevem cenários semelhantes, também se encontram cada vez mais sobre as mesas de cabeceira.
Foto: picture-alliance/akg-images
"As origens do totalitarismo"
O ensaio de Hannah Arendt "As origens do totalitarismo" chamou bastante atenção após a sua publicação em 1951. Arendt, que havia fugido da Alemanha nazista, foi uma das primeiras teóricas a analisar a ascensão de regimes totalitários. Há poucas semanas, o livro apareceu por um curto período como esgotado no site de compras Amazon.
Foto: Leo Baeck Institute
"Admirável mundo novo"
O romance distópico de Aldous Huxley "Admirável mundo novo" ainda é leitura obrigatória para escolares e universitários. O livro do escritor britânico, publicado em 1932, descreve a "Gleichschaltung" (uniformização) de uma sociedade por meio da manipulação e condicionamento.
Foto: Chatto & Windus
"O conto da aia"
A distopia feminista de Margaret Atwood também voltou à lista dos best-sellers. O romance publicado em 1985 se passa nos Estados Unidos do futuro, onde as mulheres são reprimidas e privadas de seus direitos por uma teocracia totalitária no poder. Por medo de cenários semelhantes, muitas mulheres se posicionam hoje contra Trump, que continua a provocar discussões com comentários sexistas.
Foto: picture-alliance / Mary Evans Picture Library
"O homem do castelo alto"
Em 1962, Philip K. Dick descreveu em seu romance "O homem do castelo alto" como seria a vida nos Estados Unidos sob a ditadura de vitoriosos nazistas e japoneses após a Segunda Guerra. Em 2015 foi transmitida uma série de TV baseada vagamente no livro do escritor americano. Os cartazes de propaganda do seriado no metrô de Nova York (foto) foram motivo de controvérsia devido à sua simbologia.
Foto: Getty Images/S. Platt
"The United States of Fear"
O livro não ficcional de Tom Engelhardt ainda não publicado no Brasil "The United States of Fear" ("Os Estados Unidos do medo", em tradução livre) foi lançado em 2011. A obra analisa como o fator "medo" favorece investimentos maciços do governo americano nas Forças Armadas, em guerras e na segurança nacional – levando o país, segundo a tese do autor, à beira do abismo.
Foto: Haymarket Books
"Things That Can and Cannot Be Said"
"Things that can and cannot be said" ("As coisas que podem e não podem ser ditas", em tradução livre) é uma coletânea de ensaios e conversas, na qual a autora Arundhati Roy e o ator e roteirista John Cusack refletem sobre o seu encontro com o whistleblower Edward Snowden, em 2014, em Moscou. O livro aborda principalmente a vigilância em massa e o poder estatal.
Foto: picture alliance / Christian Charisius/dpa
"O poder dos sem-poder"
Em seu texto "O poder dos sem-poder" (1978), o escritor e posterior presidente tcheco Vaclav Havel analisa os possíveis métodos de resistência contra regimes totalitários. Ele próprio passou diversos anos na prisão como crítico do governo comunista. Seu ensaio se tornou um manifesto para muitos opositores no bloco soviético.
Foto: DW/M. Pedziwol
"Mente cativa"
Em 1970, o autor polonês e posterior Nobel de Literatura Czeslaw Milosz se tornou cidadão americano. Sua não ficção "Mente cativa" (1953) fala sobre suas vivências como escritor crítico do governo no bloco soviético. Trata-se de um ajuste de contas intelectual com o stalinismo, mas também com a – em sua opinião – enfraquecida sociedade de consumo ocidental.