Presidente americano abandona curso adotado desde o fim Guerra Fria e adota discurso de seu movimento em documento que define rumos da política externa do país.
Donald Trump impôs mudanças fundamentais na política externa americanaFoto: Alex Brandon/AP Photo/picture alliance
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Um dos principais lemas do governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, parece mais próximo da realidade do que nunca. "Em tudo o que fazemos, colocaremos a América em primeiro lugar", diz a introdução do documento estratégico de 29 páginas, divulgado recentemente, que define a atual política externa americana.
A Estratégia de Segurança Nacional (NSS, na sigla em inglês) não determina políticas, mas sim, define a visão de política externa do governo. Publicado regularmente, o documento determina as diretrizes de como o governo americano pretende conduzir sua política de segurança no futuro. Mas isso pode mudar em casos de eventos mundiais inesperados.
Andrew Payne, especialista em política externa americana, cita como exemplo a versão de 2022, divulgada durante o mandato do ex-presidente Joe Biden que não mencionou significativamente o Oriente Médio. A NSS, porém, impacta sobre como os recursos governamentais são alocados, além de orientar governos estrangeiros sobre as intenções dos EUA.
"Mesmo que os princípios e prioridades ali estabelecidos não sejam seguidos, o documento é a melhor fonte disponível para quem busca clareza sobre a direção de um governo que até agora tem sido inconsistente e imprevisível", disse Payne, diretor de pesquisa do think tank de relações internacionais Chatham House.
O que diz o documento da Estratégia de Segurança?
Além de muita autoglorificação e uma rejeição da política externa tradicional dos EUA, Trump apresenta um plano "América em primeiro lugar" bem mais reforçado do que o de 2017, divulgado durante seu primeiro mandato na Casa Branca.
"Após o fim da Guerra Fria , as elites da política externa dos EUA se convenceram de que a dominação americana permanente do mundo inteiro era do interesse do nosso país", afirma a introdução do documento. "No entanto, os assuntos de outros países só nos dizem respeito se as suas atividades ameaçarem diretamente os nossos interesses."
Estratégia de segurança defende "preeminência" dos EUA no Hemisfério Ocidental e na América LatinaFoto: Dave Decker/IMAGO
Como tal, os principais pontos da estratégia são um afastamento da intervenção americana no exterior, do multilateralismo e dos organismos internacionais, e uma aproximação à autodeterminação nacional, pelo menos até onde isso convém aos EUA.
A NSS propõe que os EUA tenham controle total de suas fronteiras, as "forças armadas mais poderosas, letais e tecnologicamente avançadas do mundo" e "a economia mais dinâmica, inovadora e avançada", além de manter uma influência de soft power em todo o mundo para seu próprio benefício.
Em termos globais, o documento defende um "corolário Trump" à Doutrina Monroe , estabelecida em 1823 e relacionada à autodeterminação dos EUA em meio à intervenção europeia. O texto menciona a necessidade de impedir que "uma potência adversária domine o Oriente Médio" e observa que o fim da guerra entre Rússia e Ucrânia é um objetivo fundamental, juntamente com o combate ao narcotráfico no Mar do Caribe e no Oceano Pacífico Oriental, ao mesmo tempo que pede que outras nações assumam uma parcela maior da responsabilidade em assuntos globais.
O documento também afirma que a Europa enfrenta a "perspectiva de extinção civilizacional ", que alguns países europeus estarão "irreconhecíveis em 20 anos ou menos" e questiona se eles são "fortes o suficiente para permanecerem aliados confiáveis".
A mensagem geral de isolacionismo americano nem sempre é aplicada de forma consistente. A Estratégia de Segurança defende a "preeminência" dos EUA no Hemisfério Ocidental e na América Latina em particular, e declara que "recompensaremos e incentivaremos os governos, partidos políticos e movimentos da região que estejam amplamente alinhados com nossos princípios e estratégias".
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Nova direção da política externa dos EUA?
Embora esses objetivos estratégicos não se tornem necessariamente a política oficial, a declaração marca uma mudança radical em relação à estratégia divulgada por Biden em 2022. Segundo Payne, a guinada representa a rejeição fundamental e explícita das estratégias de segurança desenvolvidas pelos EUA desde pelo menos o fim da Guerra Fria.
"Fica mais claro no que ela não é: a ortodoxia internacionalista liberal tradicional que sustentou a grande estratégia dos EUA por décadas", observou Payne.
"Nem sempre concordamos em tudo, mas acredito que o princípio geral permanece", disse Kaja KallasFoto: Nicolas Tucat/AFP
Para Rubrick Biegon, professor de relações internacionais da Universidade de Kent, na Inglaterra, a nova estratégia está em sintonia com as mudanças mais amplas de seu segundo mandato. "Parece estar em consonância com as mudanças que ocorreram entre Trump e Trump 2.0. O documento atual está mais alinhado com a visão de mundo peculiar de Trump do que o de 2017."
Biegon acrescenta que isso se deve em parte ao fato de "Trump estar mais confortável em sua posição desta vez e ter mais pessoas de sua própria equipe ao seu redor, em vez de figuras do establishment".
Rússia satisfeita e Europa preocupada
Na Rússia, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, saudou o documento como sendo "em grande parte consistente com a nossa visão" e um "passo positivo". Outros na Europa demonstraram preocupação.
"Não podemos aceitar a ameaça de interferência na vida política da Europa", disse o presidente do Conselho Europeu, António Costa, nesta segunda-feira (09/12) em Bruxelas.
O ministro do Exterior da Alemanha, Johann Wadephul , afirmou que seu país não precisa de "conselhos externos" após a divulgação da Estratégia de Segurança Nacional, mas que os EUA continuam sendo "nosso aliado mais importante na aliança [da Otan]". "Acredito que questões de liberdade de expressão ou a organização de nossas sociedades livres não pertencem [à estratégia], pelo menos não no que diz respeito à Alemanha", disse Wadephul.
A chefe da diplomacia da União Europeia (UE) , Kaja Kallas, adotou um tom semelhante. "Acho que nem sempre concordamos em todos os assuntos, mas acredito que o princípio geral permanece", disse Kallas. "Somos os maiores aliados e devemos permanecer unidos."
Continuidade da doutrina Maga
Para a pesquisadora de relações internacionais do Carnegie Europe Judy Dempsey, o documento é uma continuação da política do movimento trumpista Maga (Make America Great Again). "Agora está escrito preto no branco o que há muito vinha sendo sinalizado". Dempsey ressalta que a estratégia deixa claro que os EUA "pretendem promover a resistência ao curso atual da Europa dentro das nações europeias". Isso pode significar o fortalecimento a apoio com partidos e movimentos de extrema direita .
Enquanto muitos observadores da UE olham com preocupação para os sinais vindos dos EUA, líderes políticos europeus continuam defendendo a parceria transatlântica. Para Dempsey, a nova estratégia americana, porém, "é um duro golpe vindo dos Estados Unidos". A especialista não espera uma reação europeia, pois o bloco não possui uma estratégia comum apoiado por todos os países-membros.
Agricultores protestam em Bruxelas contra acordo UE-Mercosul
Agricultores incendiaram pneus e lançaram batatas e ovos contra a polícia de choque em Bruxelas, em protesto contra o acordo de livre comércio Mercosul-UE. Diante do Parlamento Europeu, houve cenas de violência, fogos de artifício e vandalismo. Após reunição de líderes europeus, a assinatura do tratado foi adiada. (18/12)
Senado aprova PL que reduz tempo de prisão de Bolsonaro
O Senado aprovou nesta quarta-feira, por 48 votos favoráveis, 25 contrários e uma abstenção, o PL da Dosimetria. A proposta prevê a redução de penas de centenas de condenados pelos atentados às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023 e pela tentativa de golpe de Estado. Entre os beneficiados está o ex-presidente Jair Bolsonaro. Texto vai para sanção presidencial. (17/12).
Foto: Ueslei Marcelino/REUTERS
Dembélé (esq.) é escolhido melhor jogador do ano pela Fifa
Ousmane Dembélé foi o grande vencedor do prêmio The Best 2025, da Fifa. O francês, que atua pelo PSG, recebeu o trófeu de melhor jogador do ano das mãos do presidente da entidade, Gianni Infantino (à direita na foto). O espanhol Lamine Yamal ficou em segundo, e o também francês Kylian Mbappé, em terceiro. Dembélé já havia levado a Bola de Ouro, da "France Football", de melhor jogador de 2025.
O diretor Rob Reiner e sua esposa, Michele Singer, foram encontrados mortos em Los Angeles, nesse domingo (14/12). O principal suspeito do homicídio é o filho do casal, Nick Reiner, de 32 anos. Rob tinha 78 anos e dirigiu títulos como "Harry e Sally" (1989), "Conta Comigo" (1986) e "Spinal Tap" (1984). O diretor também militou em causas progressistas e foi um ferrenho crítico de Trump. (15/12)
Foto: Steven Bergman/AFF/ABACA/picture alliance
Homem desarma atirador em ataque na Austrália
Vídeo mostra um homem desarmando um atirador durante ataque em que morreram ao menos 12 na praia de Bondi, em Sydney, Austrália, incluindo um dos agressores. A polícia australiana informou que dois homens abriram fogo contra a multidão. Um deles foi morto por policiais. O outro suspeito foi internado em estado crítico. O ocorrido foi classificado de ataque terrorista pelas autoridades. (14/12)
Foto: BNONews/X
Tumulto em turnê de Messi pela Índia
Fãs revoltados derrubaram barricadas, arremessaram cadeiras e invadiram o gramado de um estádio em Calcutá, após o jogador de futebol Lionel Messi ser retirado da arena mais cedo que o esperado, apesar do alto preço dos ingressos. Ele deveria disputar uma partida de exibição, o que não aconteceu. O craque argentino de 38 anos, jogador do Inter Miami, faz uma turnê de três dias pelo país. (13/12)
Foto: Sahiba Chawdhary/REUTERS
EUA retiram sanções da Lei Magnitsky contra Moraes e esposa
A Casa Branca retirou o nome do ministro do STF Alexandre de Moraes e de sua esposa, Viviane Barci de Moraes, da lista de pessoas sancionadas pela Lei Magnitsky. Utilizada para punir estrangeiros acusados de violações graves de direitos humanos, as sanções foram impostas em julho em retaliação ao papel do ministro no processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. (12/12)
Foto: Evaristo Sa/AFP
Protestos da geração Z derrubam primeiro governo na Europa
O primeiro-ministro búlgaro, Rosen Zhelyazkov, renunciou ao cargo diante de protestos em massa liderados pela Geração Z. A manifestação ocorre na esteira de outros atos comandados por jovens que já derrubaram governos em Bangladesh, Nepal, Sri Lanka e Madagascar. A queda do governo búlgaro ocorre apenas algumas semanas antes da entrada do país na zona do euro. (11/12)
Foto: Dimitar Kyosemarliev/AFP
Ex-presidente da Bolívia é preso
O ex-presidente da Bolívia Luis Arce foi preso a pouco mais de um mês de deixar o cargo. A prisão ocorreu no âmbito de uma investigação contra Arce, que governou a Bolívia entre 2020 e 2025, por suposto desvio de recursos do Fundo Indígena, destinado ao desenvolvimento de comunidades indígenas e camponesas. (10/12)
Senado aprova PEC do marco temporal das terras indígenas
O Senado aprovou a PEC que institui o marco temporal para demarcação de terras indígenas. O texto, que ainda precisa passar pela Câmara dos Deputados, inclui na Constituição que os territórios devem ser demarcados apenas conforme sua ocupação no ano de 1988. O marco temporal é fortemente criticado pelos povos originários e entidades de direitos humanos e defendida pelo agronegócio. (09/12)
Foto: Adriano Machado/REUTERS
Países da UE endurecem política migratória
Ministros do Interior dos 27 países-membros da União Europeia chegaram a um acordo sobre um significativo endurecimento da política comum de asilo. Medidas incluem criação de centros de retorno fora do bloco, rejeição de migrantes nas fronteiras e penas mais rígidas para quem não cooperar com processo de deportação. Mudanças dependem de aval do Parlamento Europeu. (08/12)
Foto: Judith_Buethe
Merz visita Israel
O chanceler federal da Alemanha, Friedrich Merz, cumpriu sua primeira visita oficial a Israel desde que assumiu o cargo em maio. O líder alemão reafirmou o que chamou de "responsabilidade histórica" do seu país na "defesa" e "segurança" de Israel e disse que a Alemanha não pretende reconhecer um Estado palestino num futuro próximo. (07/12)
Foto: Michael Kappeler/dpa/picture alliance
Homens armados matam pelo menos 11 pessoas em albergue na África do Sul
Homens armados invadiram um albergue na capital da África do Sul e mataram pelo menos 11 pessoas, incluindo uma criança de três anos, e feriram mais de uma dúzia de outras. A polícia informou que está investigando se os assassinatos estão relacionados a um bar dentro do albergue que poderia estar vendendo álcool ilegalmente. (06/12)
Foto: Gianluigi Guercia/AFP
Alemanha aprova alistamento militar obrigatório
O Parlamento alemão aprovou uma nova lei sobre o serviço militar. A legislação reintroduz na Alemanha o alistamento militar obrigatório a todos os homens com mais de 18 anos, que havia sido suspenso em 2011. A nova exigência de alistamento, porém, não leva ao serviço militar obrigatório. (05/12)
Foto: Hannes P. Albert/dpa/picture alliance
Steinmeier em visita histórica ao Reino Unido
No segundo dia de uma turnê de três dias no Reino Unido, o presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, discursou no parlamento britânico, honra dada a poucos estrangeiros. A viagem é a primeira visita de Estado no país de um presidente alemão em 27 anos. Em seu pronunciamento, Steinmeier ressaltou a importância atual de uma cooperação mais estreita entre Londres e Berlim. (04/12)
Foto: Kin Cheung/AP Photo/picture alliance
EUA são denunciados a comissão da OEA por ataque a barco no Caribe
Família de pescador colombiano morto em ação militar dos EUA contra supostos "narcoterroristas" acusou o governo Trump de execução extrajudicial em denúncia formal à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH). É a primeira queixa formal desde o início dos ataques na região, em setembro. Órgão não tem poder de impor cumprimento de decisões, mas pode constranger a Casa Branca. (03/12)
Foto: U.S. Southern Command/NTB/IMAGO
Ex-chefe da diplomacia da União Europeia é presa na Bélgica
Federica Mogherini, que acumulou cargo de vice-presidente da Comissão Europeia entre 2014 e 2019, foi uma das 3 pessoas detidas pela polícia no âmbito de investigação sobre corrupção em escola de formação de diplomatas. A italiana dirige o Colégio da Europa desde 2020 e, em 2022, assumiu também a direção da Academia Diplomática da UE. (02/12)
Foto: Sebastian Christoph Gollnow/dpa/picture alliance
Hong Kong em luto após pior incêndio residencial do mundo desde 1980
Número de vítimas foi revisado para 151 após outros corpos serem encontrados, e 14 suspeitos foram presos. Autoridades constataram que as redes de proteção no exterior do complexo de edifícios falharam em evitar que as chamas se espalhassem. (01/12)