O Pentágono deverá enviar 800 soldados para a fronteira dos Estados Unidos com o México, após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmar que os militares deverão ajudar no que chamou de "emergência nacional". O motivo é uma caravana com cerca de 7 mil migrantes de países da América Central que se aproxima do país.
O secretário americano de Defesa, Jim Mattis, deverá assinar a ordem nesta sexta-feira (26/10), para reforçar os cerca de 2 mil membros da Guarda Nacional que já foram encaminhados até a fronteira para dar apoio às operações, informou uma fonte do governo.
As tropas incluiriam médicos e engenheiros que devem fornecer apoio logístico, como barracões, veículos e equipamentos. A presença militar preencherá requisitos de pedidos de assistência enviados ao Pentágono pela Agência de Segurança Interna dos EUA, responsável pelas fronteiras do país.
Trump já havia afirmado na semana passada que enviaria tropas para fechar a fronteira caso o México não interrompesse a marcha dos migrantes da Guatemala, Honduras e El Salvador. O presidente ameaçou cortar a ajuda humanitária a esses países e culpa a oposição democrata por dificultar o bloqueio de ilegais na fronteira.
O envio da Guarda Nacional foi autorizado pelo presidente em abril, mas apenas metade do contingente previsto, de 4 mil soldados, foi encaminhado. Até o momento, os militares trabalham no apoio à patrulha de fronteiras.
Nos últimos dias, o presidente vem chamando a atenção para a caravana, como forma de infligir o medo na população e mobilizar as bases republicanas antes das eleições legislativas do país em novembro, que poderão definir uma nova paisagem política no Congresso americano.
O presidente vem, com sucesso, conseguindo manter o assunto em destaque na imprensa. "Aos que estão na caravana, digo que façam meia-volta, não estamos deixando as pessoas entrarem nos EUA ilegalmente", disse Trump nesta quinta-feira, em seu perfil no Twitter. "Voltem para seus países e, se quiserem, entrem com pedidos de cidadania, como milhares já estão fazendo."
A ONU calcula que a caravana recebeu a adesão de 7 mil pessoas desde que partiu de Honduras, no dia 13 de outubro. Após duas semanas de caminhada, o grupo atravessa agora o estado de Chiapas, no sul do México, ainda bem distante da fronteira com os EUA.
Assim como em muitos outros locais por onde passam, os migrantes recebem ajuda da população local, como alimentos, roupas e abrigo. Eles ainda estão em torno de 1,5 mil quilômetros do ponto mais próximo da fronteira, em McAllen, no estado americano do Texas.
O grupo, porém, vem perdendo adesões. Segundo as autoridades mexicanas, 1.749 pessoas pediram asilo no país e outras centenas aceitaram ofertas de viagem de ônibus de volta para Honduras. As doenças, cansaço e assédio da polícia motivaram a diminuição do número de integrantes da caravana.
RC/afp/ap
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Donald Trump quer um "grande e belo muro" entre os EUA e o México para frear a migração e o narcotráfico. Em outros lugares, barreiras de concreto e metal feitas para resolver problemas tiveram variados graus de êxito.
Foto: Getty Images/J. MooreAntes de Donald Trump, Bill Clinton já mandou construir cercas na fronteira. Após os atentados de setembro de 2001, George Bush acelerou a construção. Desde então, quase 1.100 quilômetros de fronteira receberam paredes de concreto, vigas de aço e outros tipos de obstruções.
Foto: Getty Images/D. McNewDesde 2002, Israel está construindo uma barreira ao longo da Cisjordânia. O projeto, oficialmente justificado como proteção contra o terrorismo, é altamente controverso e muitas vezes chamado "muro da separação". Há mais de dez anos, a Corte Internacional de Justiça declarou que ele viola o direito internacional. Israel, no entanto, continua construindo o muro, que deverá ter 759 km de extensão.
Foto: A. Al-BazzUm muro de controle militar de mais de 700 km na região da Caxemira divide a Índia e o Paquistão desde 1971. Em muitos lugares, esta "linha de controle" é reforçada por minas e arame farpado. A barreira de arame, que em alguns locais tem 3 metros de altura, também pode ser eletrificada.
Foto: Getty Images/AFPParedes divisórias também separam classes econômicas. Como em Lima, onde uma parede de concreto de 3 m de altura separa os moradores pobres de um bairro de ricos. Aliás, "condomínios fechados" são frequentes na América Latina. Os moradores da capital do Peru chamam a parede de "muro da vergonha".
Foto: picture-alliance/Anadolu Agency/S. CastanedaNa capital do Iraque, um muro de 4 metros de altura e 5 km de extensão corta a cidade. Ele foi construído pelos militares dos EUA na região dominada pelos xiitas em 2007. Hoje, o muro separa quase 2 milhões de pessoas. Também em outros bairros de Bagdá, paredes de concreto separam enclaves sunitas de bairros xiitas.
Foto: Getty Images/W. KuzaieO governo britânico construiu os chamados "muros da paz" na Irlanda do Norte em 1969 para separar católicos e protestantes. Portões permitiam a passagem para o outro lado. Em caso de conflitos, eles eram fechados. Alguns moradores dizem, no entanto, que as paredes acentuaram ainda mais a divisão na mente das pessoas.
Foto: picture-alliance/dpa/M. SmiejekDesde o final da Guerra da Coreia, nos anos 1950, uma zona desmilitarizada separa a Coreia do Norte, comunista, e a Coreia do Sul, capitalista. A faixa de cerca de 4 km de largura e 250 km de comprimento é uma das áreas restritas mais vigiadas do mundo. Em alguns pontos, muros marcam a fronteira entre as duas Coreias.
Foto: Getty Images/AFP/E. JonesTambém a Europa está se isolando. Desde outubro de 2015, a Hungria está fechando sistematicamente sua fronteira para evitar refugiados. No início, a cerca ainda não era hermética. Hoje, no entanto, quase ninguém consegue mais passar para o outro lado. A Hungria também quer construir uma cerca ao longo da fronteira com a Sérvia.
Foto: picture-alliance/dpa/S. UjvariNos enclaves espanhóis de Ceuta e Mellila, no Marrocos, há fortificações especialmente altas. Para superá-las, é preciso passar por até três cercas. Para complicar, há detectores de movimento, câmeras infravermelhas e um arame farpado que penetra fundo na pele. Mesmo assim, muitos se arriscam e acabam se ferindo.
Foto: picture-alliance/dpa/A. SempereNa fronteira com a Síria, de onde muitos estão fugindo da guerra civil, a Turquia está construído um muro de 511 km de extensão. No final de fevereiro, o governo de Ancara anunciou que metade já está pronta. O muro de 3 metros de altura tem arame farpado e torres de vigilância. Várias vezes, a União Europeia criticou a Turquia por fazer controles muito brandos em suas fronteiras.
Foto: picture alliance/AA/R. Maltas