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Trump suspende sanções contra Irã pela "última" vez

12 de janeiro de 2018

A cada 120 dias, o presidente dos EUA deve conferir se Teerã está cumprindo as imposições do acordo nuclear que livram o país de sanções. Trump concordou, mas sem perder a oportunidade de ameaçar os iranianos.

Trump prometeu rasgar acordo nuclear com o Irã, o "pior" já assinado por seu país
Trump prometeu rasgar acordo nuclear com o Irã, o "pior" já assinado por seu paísFoto: picture alliance/Al Drago/CNP/AdMedia

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, estendeu pela terceira vez, nesta sexta-feira (12/01) a suspensão das sanções contra o Irã, mantendo em vigor o acordo nuclear deste com as potências mundiais por, no mínimo, mais quatro meses.

As medidas punitivas de Washington contra o país asiático estão suspensas desde 2015, quando os membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU e a Alemanha estabeleceram com Teerã um acordo sobre o programa nuclear iraniano, com validade por dez anos.

Desde então, o chefe de Estado americano é encarregado de decidir a cada 120 dias se a suspensão deve ser mantida. Uma retomada das sanções equivaleria à rescisão unilateral do acordo.

No entanto Trump advertiu que esta será a última vez que se dispõe a impedir seu Congresso de aplicar as medidas de punição – a menos que o Irã e os aliados europeus dos EUA cheguem a um consenso significativamente fortalecido. "E a qualquer momento em que eu julgue que tal consenso não está ao alcance, vou me retirar imediatamente do acordo", frisou.

Emenda improvável

Em ocasiões anteriores, o político republicano criticara o acordo nuclear como o pior em que os EUA já entrara, e prometera "rasgá-lo". Ele também declarou que pretende introduzir uma emenda na lei americana, tornando o programa de mísseis de longo alcance do Irã inseparável de seu programa nuclear. Tal acordo seria permanente.

"Se o presidente conseguir esse consenso, que cumpra o objetivo dele e nunca expire – ele nega ao Irã todos os acessos a armas nucleares para sempre, não por dez anos – ele estaria aberto a permanecer nesse pacto modificado", comentou uma fonte da Casa Branca.

No entanto é improvável que o Irã e ou aliados europeus dos EUA concordem com tal mudança. O ministro iraniano do Exterior, Mohammad Javad Zarif, declarou, num tuíte, que "a política de Trump e o anúncio de hoje se resumem a tentativas desesperadas de minar um acordo multilateral sólido" e "não negociável".

Novas sanções contra políticos iranianos

O anúncio da Casa Branca coincidiu com uma série de novas sanções do Departamento do Tesouro americano contra altos funcionários iranianos, entre os quais o chefe da Justiça do Irã, Sadegh Amoli Larijani. Segundo a Casa Branca, a decisão vem em resposta à recente repressão, por Teerã, de manifestações antigoverno.

Consta que nos bastidores Trump se queixa que o acordo de 2015 faz seu país parecer fraco. Assinado pela China, França, Rússia, Reino Unido, Alemanha e a União Europeia, ele estipula que o Ocidente suspenda suas sanções econômicas contra o Irã em troca de este limitar seu programa nuclear.

Trump tem sido seriamente pressionado pelos líderes europeus a não abandonar o acordo. Na quinta-feira, a Alemanha, França e Reino Unido apelaram para que Washington cumpra sua parte.

AV/afp,rtr,ap,dpa

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