Trump tentou demitir chefe de investigação sobre Rússia
26 de janeiro de 2018
Segundo "New York Times", presidente americano chegou a ordenar o afastamento de Robert Mueller, procurador especial que investiga ligações de sua campanha com a Rússia, mas voltou atrás após pressão de assessores.
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ordenou a demissão do procurador especial Robert Mueller, que investiga possíveis vínculos entre a campanha do republicano e Moscou, denuncia reportagem do jornal The New York Times nesta quinta-feira (26/01).
O presidente, que nega a acusação, teria dado a ordem em junho de 2017, mas o conselheiro da Casa Branca Don McGahn se opôs à decisão, sob o argumento de que ela provocaria um "efeito catastrófico" na presidência de Trump.
Após McGahn ameaçar pedir demissão, Trump recuou da decisão, afirmou o jornal, citando quatro fontes diferentes. O Washington Post também confirmou a notícia, citando fontes anônimas.
"Nós nos recusamos a comentar a respeito do escritório do Conselho Especial e seu processo", afirmou o advogado de Trump, Ty Cobb.
Em agosto, Trump disse a jornalistas que não havia considerado demitir Mueller. "Não cheguei a pensar nisso. Andei lendo sobre isso através de vocês", afirmou o presidente.
Segundo o New York Times, Trump acusou Mueller de três conflitos de interesse que, na sua opinião, desqualificariam o procurador de levar adiante as investigações sobre o envolvimento da Rússia.
Primeiramente, Mueller teria encerrado sua filiação a um clube de golfe de propriedade de Trump após uma disputa envolvendo taxas. Além disso, o procurador teria trabalhado para o escritório de advocacia que havia representando anteriormente o genro do presidente, Jared Kushner.
Mueller teria ainda sido entrevistado para retornar ao cargo de diretor do FBI (a polícia federal americana) antes de ser designado como procurador especial.
No dia anterior à divulgação da reportagem, Trump afirmou pela primeira vez que estaria disposto a cooperar com as investigações de Mueller. "Adoraria fazê-lo", afirmou o presidente a repórteres na Casa Branca. "Testemunharia sob juramento, sem dúvidas."
Nesta sexta-feira, Trump tentou desqualificar a reportagem e disse se tratarem de "típicas notícias falsas do New York Times", segundo afirmou a repórteres ao chegar ao Fórum Econômico Mundial em Davos.
RC/afp/ap
Trechos de "Fogo e Fúria", o livro sobre os bastidores da Casa Branca de Trump
Mesmo antes de sua publicação, livro do jornalista Michael Wolff já causa irritação em Washington. Com base em mais de 200 entrevistas, obra oferece rara visão interna da Casa Branca e da campanha eleitoral.
Foto: picture-alliance/AP/B. Anderson
"Fogo e fúria"
Trechos já publicados do livro do jornalista americano Michael Wolff "Fogo e Fúria: por dentro da Casa Branca de Trump" revelam o que acontece nos bastidores do centro do poder nos EUA, da busca por segurança em hambúrgueres aos sonhos presidenciais de Ivanka Trump.
Foto: picture-alliance/AP/B. Camp
"Melania em lágrimas"
"O filho de Trump, Don Jr., disse a um amigo que pouco depois das 20h, na noite da eleição, quando parecia confirmada a inesperada tendência de que Trump realmente poderia vencer, seu pai parecia ter visto um fantasma. Melania caiu em lágrimas – que não eram de alegria. Em pouco mais de uma hora, um Trump confuso se transformou num Trump incrédulo e depois num Trump assustado."
Foto: picture-alliance/AP/V. Mayo
Ivanka Trump, "primeira mulher presidente"
"Comparando riscos e ganhos, tanto Jared (Kushner) quanto Ivanka decidiram aceitar cargos na Casa Branca, contrariando o conselho de quase todos que conheciam... Ambos fizeram um acordo sério: se algum dia surgir a oportunidade, ela será a candidata à presidência. A primeira mulher presidente, brincou Ivanka, não seria Hillary Clinton, mas Ivanka Trump."
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Buscando refúgio em "fast food"
"Ele tinha um medo antigo de ser envenenado, e essa é uma das razões pelas quais ele gostava de comer no McDonald's: ninguém sabia que ele iria aparecer, e a comida já estava pronta, o que era seguro."
Foto: Instagram
As teorias de Bannon
"O verdadeiro inimigo, segundo Bannon, era a China. A China seria a primeira frente numa nova Guerra Fria. A China é tudo. Nada mais importa. Se não lidarmos direito com a China, não vamos lidar direito com nada. Tudo é muito simples. A China está onde a Alemanha nazista estava em 1929 e 1930. Os chineses, como os alemães, são as pessoas mais racionais do mundo, até deixarem de ser."
Foto: picture-alliance/AP/B. Anderson
Bannon: Donald Jr. foi "traidor"
"Donald Trump Jr., Jared Kushner e o chefe da campanha, Paul Manafort acharam uma boa ideia se encontrar com um governo estrangeiro na sala de conferências no 25º andar do Trump Tower – e sem advogados... Mesmo se você acha que não se tratava de traição, falta de patriotismo ou uma bosta ruim, e eu acho que foi tudo isso, você deveria ter chamado o FBI imediatamente", disse Bannon.
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"Perder era ganhar"
"Se tivesse perdido a eleição, Trump se tornaria muito famoso e ao mesmo tempo um mártir da Hillary Idiota. Sua filha Ivanka e o genro Jared se tornariam celebridades internacionais. Steve Bannon se tornaria o chefe de fato do movimento Tea Party. Melania Trump, que havia obtido do marido a garantia de que ele não seria presidente, poderia voltar a ter almoços discretos. Perder era ganhar."