O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, vetou nesta sexta-feira (15/03) uma resolução aprovada pelo Congresso para barrar o estado de emergência nacional decretado pelo governo em fevereiro com o objetivo de conseguir verba para a construção de um muro na fronteira com o México.
"Hoje veto esta resolução. O Congresso tem a liberdade de aprová-la, e eu tenho a obrigação de vetá-la", declarou Trump pouco antes de assinar o documento durante uma cerimônia que aconteceu no Salão Oval.
Essa foi a primeira vez, desde que assumiu a Presidência, há pouco mais de dois anos, que Trump usou seu poder de veto para derrubar uma medida aprovada pelo Congresso. Ao defender a decisão, ele argumentou que conta com um "arrasador" apoio dos eleitores republicanos e que tanto o Senado como a Câmara dos Representantes, que aprovaram a resolução, tinham dado um voto "contrário à realidade".
Trump voltou a reforçar a necessidade de ampliar o muro na fronteira com o México devido à "quantidade de criminosos" que entra no território americano pelo sul do país, voltando a classificar essa suposta movimentação de "invasão". "As pessoas odeiam a palavra invasão, mas é isso que aquilo é", ressaltou no Salão Oval.
A presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, criticou o veto e afirmou que a decisão desafia a "Constituição, o Congresso e a vontade dos americanos". A democrata disse que a medida pode enfrentar vários embates legais, frisando que os legisladores do Partido Republicano devem escolher entre a "hipocrisia partidária e o seu juramento sagrado de apoiar e defender a Constituição".
Com o veto de Trump, a resolução deve ser devolvida ao Congresso. Em novas votações, o texto precisará do apoio de dois terços da Câmara dos Representantes e do Senado para ser aprovado, um resultado menos provável de acontecer.
Em 15 de fevereiro, Trump decretou estado de emergência nacional nos Estados Unidos com o objetivo de acessar verbas para a construção do muro na fronteira com o México, uma de suas promessas de campanha.
A medida foi a forma encontrada pelo presidente para contornar a oposição no Congresso americano, que se recusa a liberar dinheiro para a obra.
Críticos à declaração de emergência, entre eles vários membros do Partido Republicano, alertaram que ela poderá abrir um precedente para que, no futuro, outros presidentes possam agir da mesma forma após fracassarem ao tentar aprovar medidas no Congresso.
Numa decisão que representou um grande revés para o presidente, o Senado, de maioria republicana, aprovou na quinta-feira a resolução contra o estado de emergência nacional decretado por Trump. A medida contou com o apoio de 12 senadores republicanos.
CN/efe/lusa/afp/rtr
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Donald Trump quer um "grande e belo muro" entre os EUA e o México para frear a migração e o narcotráfico. Em outros lugares, barreiras de concreto e metal feitas para resolver problemas tiveram variados graus de êxito.
Foto: Getty Images/J. MooreAntes de Donald Trump, Bill Clinton já mandou construir cercas na fronteira. Após os atentados de setembro de 2001, George Bush acelerou a construção. Desde então, quase 1.100 quilômetros de fronteira receberam paredes de concreto, vigas de aço e outros tipos de obstruções.
Foto: Getty Images/D. McNewDesde 2002, Israel está construindo uma barreira ao longo da Cisjordânia. O projeto, oficialmente justificado como proteção contra o terrorismo, é altamente controverso e muitas vezes chamado "muro da separação". Há mais de dez anos, a Corte Internacional de Justiça declarou que ele viola o direito internacional. Israel, no entanto, continua construindo o muro, que deverá ter 759 km de extensão.
Foto: A. Al-BazzUm muro de controle militar de mais de 700 km na região da Caxemira divide a Índia e o Paquistão desde 1971. Em muitos lugares, esta "linha de controle" é reforçada por minas e arame farpado. A barreira de arame, que em alguns locais tem 3 metros de altura, também pode ser eletrificada.
Foto: Getty Images/AFPParedes divisórias também separam classes econômicas. Como em Lima, onde uma parede de concreto de 3 m de altura separa os moradores pobres de um bairro de ricos. Aliás, "condomínios fechados" são frequentes na América Latina. Os moradores da capital do Peru chamam a parede de "muro da vergonha".
Foto: picture-alliance/Anadolu Agency/S. CastanedaNa capital do Iraque, um muro de 4 metros de altura e 5 km de extensão corta a cidade. Ele foi construído pelos militares dos EUA na região dominada pelos xiitas em 2007. Hoje, o muro separa quase 2 milhões de pessoas. Também em outros bairros de Bagdá, paredes de concreto separam enclaves sunitas de bairros xiitas.
Foto: Getty Images/W. KuzaieO governo britânico construiu os chamados "muros da paz" na Irlanda do Norte em 1969 para separar católicos e protestantes. Portões permitiam a passagem para o outro lado. Em caso de conflitos, eles eram fechados. Alguns moradores dizem, no entanto, que as paredes acentuaram ainda mais a divisão na mente das pessoas.
Foto: picture-alliance/dpa/M. SmiejekDesde o final da Guerra da Coreia, nos anos 1950, uma zona desmilitarizada separa a Coreia do Norte, comunista, e a Coreia do Sul, capitalista. A faixa de cerca de 4 km de largura e 250 km de comprimento é uma das áreas restritas mais vigiadas do mundo. Em alguns pontos, muros marcam a fronteira entre as duas Coreias.
Foto: Getty Images/AFP/E. JonesTambém a Europa está se isolando. Desde outubro de 2015, a Hungria está fechando sistematicamente sua fronteira para evitar refugiados. No início, a cerca ainda não era hermética. Hoje, no entanto, quase ninguém consegue mais passar para o outro lado. A Hungria também quer construir uma cerca ao longo da fronteira com a Sérvia.
Foto: picture-alliance/dpa/S. UjvariNos enclaves espanhóis de Ceuta e Mellila, no Marrocos, há fortificações especialmente altas. Para superá-las, é preciso passar por até três cercas. Para complicar, há detectores de movimento, câmeras infravermelhas e um arame farpado que penetra fundo na pele. Mesmo assim, muitos se arriscam e acabam se ferindo.
Foto: picture-alliance/dpa/A. SempereNa fronteira com a Síria, de onde muitos estão fugindo da guerra civil, a Turquia está construído um muro de 511 km de extensão. No final de fevereiro, o governo de Ancara anunciou que metade já está pronta. O muro de 3 metros de altura tem arame farpado e torres de vigilância. Várias vezes, a União Europeia criticou a Turquia por fazer controles muito brandos em suas fronteiras.
Foto: picture alliance/AA/R. Maltas