Postagens com conteúdo obsceno repercutem na imprensa internacional e são um dos assuntos mais comentados nas redes sociais. Opositores e aliados desaprovam publicações.
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O presidente Jair Bolsonaro provocou críticas e indignação após duas postagens obscenas publicadas em sua conta no Twitter. Entre os que reprovaram os tuítes estão tanto opositores quanto aliados do ex-militar. As postagens repercutiram também na imprensa internacional.
A primeira mensagem foi publicada pelo presidente nesta terça-feira (05/03). Bolsonaro postou um vídeo de 40 segundos feito num bloco de Carnaval em São Paulo, que mostra homens dançando em cima de um ponto de táxi. Em determinado momento, um deles aparentemente introduz o dedo no próprio ânus e, em seguida, se abaixa para que outro homem urine nele.
Junto ao vídeo, Bolsonaro escreveu: "Não me sinto confortável em mostrar, mas temos que expor a verdade para a população ter conhecimento e sempre tomar suas prioridades. É isto que tem virado muitos blocos de rua no carnaval brasileiro. Comentem e tirem suas conclusões [sic]".
Diversos usuários da rede social, entre opositores e apoiadores do presidente, lamentaram a publicação do vídeo, que já tem mais de 46 mil comentários e quase 4 milhões de visualizações. Muitos destacaram o conteúdo impróprio da mensagem, lembrando que crianças seguem Bolsonaro. Foliões afirmaram que o que é mostrado no vídeo é um episódio isolado. Alguns seguidores apoiaram o ex-militar pedindo o fim do Carnaval.
Depois de algumas horas sendo exibido automaticamente, o vídeo passou a ter visualização restrita, sendo substituído pela mensagem "esta mídia pode conter material sensível". Para assisti-lo, o usuário precisa clicar em "ver". Não se sabe se as imagens foram bloqueadas pelo Twitter depois de denúncia de usuários.
Em comunicado, a rede social disse apenas que quaisquer violações de suas regras estão sujeitas "a medidas apropriadas", mas se recusou a dizer se a publicação constituía uma violação.
O vídeo por si só já havia gerado uma avalanche de críticas. O presidente, porém, publicou uma segunda mensagem. Nesta quarta-feira, Bolsonaro questionou em seu Twitter: "O que é golden shower?", chamando novamente a atenção para o caso. O termo se refere ao fetiche de urinar no parceiro durante relações sexuais.
Repercussão no meio político
Após a publicação da primeira mensagem, críticos afirmaram que a publicação abre precedente para um pedido de impeachment, pois Bolsonaro teria infringindo a chamada "lei do impeachment" (lei 1.079/1950) da Constituição Federal, que classifica como crime contra a probidade na administração "proceder de modo incompatível com a dignidade, a honra e o decoro do cargo".
O líder na minoria no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), disse, porém, que acredita que as publicações não são suficientes para um processo de impeachment.
"Esse caso é de desrespeito à instituição Presidência da República. E também desrespeito ao país, à cultura nacional. O presidente da República, visivelmente, precisa de intervenção psíquica", disse Randolfe ao jornal Folha de S.Paulo.
O deputado Paulo Teixeira (PT-SP) afirmou que seu partido acionará Bolsonaro judicialmente, por ter cometido o crime de divulgar pornografia, sem consentimento da vítima.
Além da oposição, aliados do presidente também criticaram as mensagens. O deputado Kim Kataguiri (DEM-SP) disse que a publicação do vídeo foi uma "bola fora" de Bolsonaro e que essa postura não seria compatível com a de um presidente, "ainda mais de direita".
"Há muitas boas razões para criticar o carnaval, não faltam problemas que poderiam ser evidenciados e evitados. Isso não justifica mostrar uma obscenidade para milhões de famílias por meio de uma rede social sob o pretexto de criticar a festa. Isso não é postura de conservador", ressaltou Kataguiri, em postagem em sua conta no Twitter.
A deputada estadual Janaina Paschoal (PSL-SP) também considerou a mensagem inoportuna e disse que o presidente precisa entender que ele fala pela nação. "Eu até entendo que os excessos do Carnaval preocupam, mas o presidente poderia ter externado sua preocupação de outra forma", afirmou em entrevista à revista Veja.
Segundo a Folha de S.Paulo, as mensagens teriam desagradado a ala militar do governo, que consideraram haver uma vulgarização da imagem da Presidência e culparam Carlos Bolsonaro, filho do presidente responsável por suas redes sociais, pelo episódio.
Imprensa internacional e hashtags
O incidente repercutiu ainda na imprensa internacional. O jornal americano The New York Times destacou a publicação do vídeo obsceno e questionou o que o fato diz sobre o início do novo governo. "Ficou evidente que Bolsonaro não é menos agressivo e impulsivo com suas redes sociais do que era quando candidato", diz o texto.
Os jornais americanos Washington Post, os britânicos Daily Mail, The Independet,Daily Mirror e The Guardian, e o espanhol El País também noticiaram o caso, lembrando polêmicas na qual o presidente se envolveu no passado.
"A vitória de Bolsonaro nas eleições presidenciais de outubro passado chocou muitos por sua reputação por comentários racistas, sexistas e homofóbicos", ressaltou o Daily Mail.
O The Guardian destacou que Bolsonaro foi ridicularizado após a postagem do vídeo, classificada de uma "aparente tentativa de rebater críticas a seu governo durante o Carnaval deste ano".
O assunto também esteve entre os mais comentados nas redes sociais. A hastag #ImpeachmentBolsonaro chegou a ficar em primeiro lugar entre os Trending Topics mundial, seguida por #goldenshowerpresident e #BolsonaroTemRazão. Além destas três, a hashtag #VergonhaDessePresidente aparecia entre as mais usadas pelos brasileiros.
A segunda mensagem de Bolsonaro, questionando o que é golden shower, recebeu foi comentada mais de 26 mil vezes. Vários dos comentários fazem referência ao escândalo envolvendo Fabrício Queiroz, ex- assessor de seu filho Flávio Bolsonaro, que teria recolhido parte dos salários dos servidores do gabinete na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
Outros comentários mandam Bolsonaro perguntar para o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o que o termo golden shower significa. Em 2017, um ex-espião britânico acusou o republicano de ter praticado golden shower com prostitutas em Moscou.
Também houve usuários que demostraram apoio ao presidente e tentaram defender Bolsonaro das críticas fazendo acusações à esquerda e ao PT. Bolsonaro tem mais de 3,5 milhões de seguidores no Twitter e costuma usar a rede social para anunciar medidas do governo.
CN/rtr/afp/ots
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Com diplomação, presidente eleito conclui primeira fase da transição e já tem o gabinete formado. Durante a campanha, ele prometeu reduzir número de ministros de 29 para 15, mas acabou com 22. Veja quem são.
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Redução modesta
Durante a campanha, Jair Bolsonaro prometeu reduzir o número de ministérios de 29 para 15. Mas, durante a transição, o presidente voltou atrás e promoveu uma redução bem menor do que a prometida. Ao todo, há 22 pastas no novo governo. Entre os ministros, há filiados do DEM, PSL e MDB, além de dez com laços militares, dois discípulos de Olavo de Carvalho e apenas duas mulheres.
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Paulo Guedes
Guru econômico e ministro anunciado ainda durante a campanha, Paulo Guedes comanda o superministério da Economia, formado pela junção das pastas da Fazenda, do Planejamento e da Indústria e Comércio Exterior. O economista é investigado pelo Ministério Público Federal (MPF), suspeito de ter cometido fraudes na captação de recursos de fundos de pensão de estatais entre 2009 e 2013.
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Onyx Lorenzoni
Deputado federal do DEM, Onyx Lorenzoni articulou a campanha de Bolsonaro desde 2017 e foi indicado para assumir a Casa Civil. Em sua carreira política, já foi deputado estadual no Rio Grande do Sul e, desde 2003, tem mandatos na Câmara. Após ser citado na delação da JBS, ele admitiu ter recebido caixa dois de campanha, e está sendo investigado pela Procuradoria-Geral da República.
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Sérgio Moro
Juiz federal que foi responsável pela Lava Jato em primeira instância, Sérgio Moro comandará o Ministério da Justiça. Seu decisão de entrar para a política causou polêmica. Foi ele quem condenou Lula pela primeira vez em 2017, o que marcou o início dos problemas do ex-presidente em registrar sua nova candidatura ao Planalto em 2018. Fato que ajudou Bolsonaro a assumir a liderança nas pesquisas.
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Marcos Pontes
Astronauta que chegou a ser cotado para vice da chapa do PSL, Marcos Pontes chefiará o Ministério da Ciência Tecnologia. Formado em engenharia aeronáutica pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica, Pontes se tornou o primeiro astronauta brasileiro da história e foi enviado ao espaço pela Missão Centenário, em 2006, durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele é filiado ao PSL.
A deputada federal Tereza Cristina (DEM) comandará o Ministério da Agricultura. Engenharia agrônoma e empresária, Tereza Cristina foi presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária e indicada pela bancada ruralista para o cargo. Ela defende a aprovação do projeto lei que flexibiliza as regras para a fiscalização e aplicação de agrotóxicos no país.
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Ernesto Araújo
Diplomata de carreira, Ernesto Araújo assumirá o Ministério das Relações Exteriores. Discípulo de Olavo de Carvalho, ele atuou no Itamaraty em várias áreas, porém, nunca chefiou uma embaixada. Araújo mantinha um blog no qual fez campanha para Bolsonaro, chamou o PT de "Partido Terrorista" e disse querer libertar o mundo da "ideologia globalista". Admira Donald Trump e nega o aquecimento global.
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Luiz Henrique Mandetta
Deputado federal do DEM (MS), Luiz Henrique Mandetta ficou com o comando do Ministério da Saúde. Médico ortopedista e ligado a Lorenzoni, ele era crítico do Programa Mais Médicos. Entre 2005 e 2010, Mandetta foi secretário municipal de saúde de Campo Grande. A passagem pelo cargo lhe rendeu um inquérito por suspeita de fraude em licitação, tráfico de influência e caixa dois.
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Fernando Azevedo e Silva
O general da reserva Fernando Azevedo e Silva foi escolhido para o Ministério da Defesa. Natural do Rio, ele deixou o Alto Comando do Exército em 2018 e passou a assessorar o presidente do STF, Dias Toffoli. Azevedo e Silva foi chefe do Estado-Maior do Exército e comandante da Brigada Paraquedista, onde serviu ao lado de Bolsonaro. Chefiou ainda operações na Missão de Paz da ONU no Haiti.
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Ricardo Vélez Rodríguez
Escolha do colombiano antipetista Ricardo Vélez Rodríguez para assumir o Ministério da Educação foi indicação de Olavo de Carvalho. Nascido em Bogotá e naturalizado brasileiro, Vélez Rodríguez é formado em filosofia e mostrou apoiar várias das bandeiras defendidas por Bolsonaro, como a expansão de escolas militares no país e o combate a uma suposta predominância de ideias esquerdistas no ensino.
Foto: Agência Brasil
Tarcísio Gomes de Freitas
O ex-diretor do Dnit Tarcísio Gomes de Freitas chefiará o novo Ministério da Infraestrutura, que deve englobar a atual pasta de Transportes, Portos e Aviação Civil. No governo Temer, Freitas foi secretário de Coordenação de Projetos do Programa de Parceria em Investimentos e consultor legislativo da Câmara dos Deputados. O engenheiro civil iniciou a carreira no Exército e atuou no Haiti.
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Gustavo Canuto
Servidor efetivo do Ministério do Planejamento, Gustavo Henrique Rigodanzo Canuto comandará o novo Ministério do Desenvolvimento Regional. Servidor sem filiação partidária, Canuto é formado em engenharia da computação e direito e já atuou na Secretaria Geral da Presidência da República, na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e na Secretaria de Aviação Civil.
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Osmar Terra
Ex-ministro do governo Temer, Osmar Terra assumiu o novo Ministério da Cidadania e Ação Social. Médico, Terra é deputado federal pelo MDB desde 2001. Já foi prefeito de Santa Rosa (RS) e secretário de Saúde do RS. Terra poderá ser um dos ministros que trará dor de cabeça a Bolsonaro. O deputado apareceu na superplanilha da Odebrecht, que indicaria propinas pagas a políticos.
Foto: Viola Jr/Camara dos Deputados
Marcelo Álvaro Antônio
Deputado do PSL Marcelo Álvaro Antônio assumirá o Ministério do Turismo. Integrante da frente parlamentar evangélica, ele foi o candidato mais votado em Minas Gerais, reeleito para o segundo mandato neste ano. Antes de ser deputado, Antônio foi vereador de Belo Horizonte. Antônio é o segundo filiado do PSL escolhido por Bolsonaro para integrar seu governo.
Foto: Agência Brasil/Valter Campanato
Bento Costa Lima Leite de Albuquerque Júnior
O almirante Bento Costa Lima Leite de Albuquerque Júnior chefiará o Ministério de Minas e Energia. Ele atuou como diretor-geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha, foi observador do Brasil na Força de Paz das Nações Unidas em Sarajevo, na Bósnia-Herzegovina, e comandante de submarinos.
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Damares Alves
Pastora evangélica e assessora do senador Magno Malta (PR), Damares Alves foi escolhida para chefiar o Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos. A advogada trabalha há mais de 20 anos no Congresso. Ela já declarou que a mulher nasceu para ser mãe, se posicionou contra o feminismo e políticas voltadas a diminuir a discriminação de homossexuais. É contra a legalização do aborto e das drogas.
Foto: Agência Brasil/V. Campanato
Ricardo de Aquino Salles
Advogado e criador do Endireita Brasil, Ricardo de Aquino Salles será o ministro do Meio Ambiente. Salles foi secretário estadual do Meio Ambiente no governo de Geraldo Alckmin. É réu por improbidade administrativa, acusado de esconder alterações em mapas do zoneamento ambiental do rio Tietê, numa ação que teria favorecido mineradoras. Foi ainda diretor da Sociedade Rural Brasileira.
Foto: Imago/Fotoarena
Ministérios dentro do Planalto
Além da Casa Civil, outros três ministérios funcionam dentro do Planalto. Ex-presidente do PSL e aliado próximo de Bolsonaro, Gustavo Bebianno será o chefe da Secretaria-Geral. O general reformado que comandou a Missão ONU para a Estabilização no Haiti Augusto Heleno ficou com o Gabinete de Segurança Institucional. Já o general Carlos Alberto dos Santos Cruz ficará com a Secretaria de Governo.
Foto: Getty Images/AFP/M. Pimentel
AGU e CGU
A Advocacia-Geral da União (AGU) ficará sob o comando do advogado André Luiz de Almeida Mendonça, que, ao longo da carreira, atuou em áreas de transparência e combate à corrupção. O Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União (CGU) continuará a ser chefiado por Wagner Rosário (foto). O servidor de carreira ocupa o cargo desde junho de 2017, indicado pelo ex-presidente Michel Temer.
Foto: Agência Brasil/Marcelo Camargo
Roberto Campos Neto
O chefia do Banco Central ficou com o economista Roberto Campos Neto, neto do ex-ministro do Planejamento Roberto Campos, que comandou a pasta entre 1964 e 1967, durante a ditadura militar. Próximo de Paulo Guedes, já atuou no banco Santader, no banco Bonzano Simonsen e na gestora de fundos Claritas.