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Tunísia tem terceiro dia consecutivo de protestos violentos

11 de janeiro de 2018

Manifestações contra medidas de austeridade, que incluem aumento de imposto e de contribuições sociais, se espalham pelo país. Confrontos resultam em centenas de detenções e policiais feridos. Governo promete reação.

Manifestantes queimam pneus em Túnis
Manifestantes queimam pneus em Túnis, em protesto contra medidas de austeridade em vigor desde 1º de janeiroFoto: Reuters/Z. Souissi

Novos conflitos foram registrados entre manifestantes e policiais em várias cidades da Tunísia na noite desta quarta-feira (10/01), terceiro dia consecutivo de protestos motivados pela implementação de medidas de austeridade. 

Uma agitação social tomou conta do país nesta segunda-feira, aproximadamente sete anos após o início da Primavera Árabe, o movimento de revolução que na Tunísia derrubou o então ditador, Zine El Abidine Ben Ali.

Em Siliana, no noroeste do país, jovens arremessaram pedras e coquetéis molotov contra agentes de segurança e tentaram invadir um tribunal no centro da cidade nesta quarta-feira. A polícia respondeu com gás lacrimogêneo.

Dezenas de manifestantes também se concentraram nas ruas de Tebourba, a 30 quilômetros a oeste da capital Túnis, onde foi enterrado na terça-feira um homem que morreu em confrontos na noite de segunda-feira.

Na quarta-feira, 328 pessoas foram detidas por saques, incêndios, bem como por bloqueios de estradas cometidos nos últimos dias, revelou o porta-voz do Ministério do Interior, Khalifa Chibani. Com isso, subiu para mais de 500 o número de pessoas detidas desde o início dos protestos violentos. Segundo o Ministério do Interior, cerca de 50 policiais ficaram feridos nos confrontos com manifestantes. Não há dados sobre civis feridos.

Protestos pacíficos eclodiram na semana passada, mas se tornaram violentos a partir de segunda-feira, enquanto se espalhavam para mais de 20 cidades, incluindo os subúrbios de Túnis.

Os incidentes refletem o descontentamento social na Tunísia, em particular diante do aumento do imposto sobre valor agregado e das contribuições sociais, em vigor desde 1º de janeiro, como parte de medidas de austeridades exigidas por credores internacionais.

A Tunísia foi elogiada pela sua transição democrática, após a revolução de 2011 que expulsou o presidente autoritário Ben Ali e provocou uma onda de protestos no Norte da África e no Oriente Médio, a chamada Primavera Árabe. Mas o país continua atormentado pelo alto desemprego e problemas econômicos – questões que nove governos desde a revolução não conseguiram contornar.

"O Estado permanecerá firme"

Ativistas prometeram seguir com os protestos até que as medidas de austeridade sejam revertidas. Uma grande manifestação está prevista para sexta-feira. O governo ameaçou reprimir os protestos violentos.

Na terça-feira, supostos islamistas jogaram bombas de gasolina numa escola judaica na ilha turística de Djerba. Militares foram enviados para proteger edifícios governamentais, bancos e lojas, comunicou o Ministério da Defesa.

"O que aconteceu é uma violência que não podemos aceitar. O Estado permanecerá firme", disse o primeiro-ministro da Tunísia, Youssef Chahed, em entrevista a uma rádio local.

Protestos são comuns na Tunísia no mês de janeiro desde a revolução que derrubou Ben Ali. O contexto atual é particularmente tenso, com a aproximação das primeiras eleições municipais do pós-revolução, adiadas por diversas vezes e previstas para maio. 

A revolução tunisiana e a Primavera Árabe começaram em dezembro de 2010, depois que o vendedor ambulante Mohamed Bouazizi incendiou seu próprio corpo na cidade de Sidi Bouzid, em protesto contra desemprego, pobreza, violência policial e corrupção.

PV/afp/ap/rtr/lusa

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