Desaparecimento de avião
1 de junho de 2009Um raio, na realidade, não pode fazer mal a um moderno avião de passageiros, disse nesta segunda-feira (01/06) Jörg Handwerg, porta-voz da associação alemã de pilotos Cockpit. Na busca pelas causas do desaparecimento do Airbus A330-200 que fazia o voo entre Rio de Janeiro e Paris, cogitou-se que um raio poderia ter sido o causador de uma avaria no circuito elétrico da aeronave enquanto esta passava por uma área de tempestades com fortes turbulências.
"Da mesma forma como um carro, o avião funciona como uma gaiola de Faraday", explicou Handwerg, à agência de notícias AP. "O raio procura o caminho mais curto em direção ao chão e torna a sair em algum lugar do avião".
Segundo o comandante Handwerg, a parte técnica é tão protegida que ela quase nunca é influenciada por um raio. "Em regra, não acontece nada". Dependendo do tipo, um avião pode ter até três sistemas elétricos independentes um do outro, o que torna um blecaute praticamente impossível.
Um caso nos últimos 50 anos
Além disso, ainda há os sistemas de emergência, explica. O Airbus A320, por exemplo, dispõe de uma turbina sob a asa que pode ser acionada para a produção de energia.
Numa área de mau tempo, as turbulências são um problema maior do que raios para um avião de passageiros. Por isso, o piloto tenta contornar estas áreas, conta Handwerg, que não conhece nenhum caso de avião moderno que tenha caído por causa de um raio.
Segundo a estatística, um raio atinge um avião grande de passageiros a cada três anos. Jatos menores são atingidos com maior frequência no tráfego regional – cerca de uma vez ao ano – porque voam mais baixo. Normalmente, estes incidentes não têm maiores consequências, a não ser alguns amassados na fuselagem.
Nos últimos 50 anos, houve apenas alguns casos em que a incidência de raios em aviões possa ter sido responsável por acidentes. O mais grave aconteceu em 8 de dezembro de 1963, no nordeste dos Estados Unidos, quando um raio atingiu um Boeing 707 da Pan American World Airways, incendiando os vapores do combustível. Todos os 81 passageiros a bordo morreram. Em consequência, o departamento de segurança aérea dos Estados Unidos obrigou a instalação de equipamentos de descarga elétrica em aviões civis.
Alemães a bordo do avião desaparecido
A Air France divulgou que, dos 216 passageiros do avião desaparecido, os grupos mais numerosos são: 61 franceses, 58 brasileiros e 26 alemães. Os restantes pertencem a 30 outras nacionalidades. O voo tinha, ainda, 12 tripulantes a bordo.
Segundo o jornal alemão Bild, 11 dos passageiros deveriam ter seguido para Stuttgart, porém suas poltronas no voo de conexão não foram ocupadas. Tanto nessa cidade como em Berlim, Hannover e Hamburgo teriam sido criadas, segundo o jornal, equipes de emergência.
RW/ap/dpa/afp
Revisão: Augusto Valente