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Turismo começa a irritar islandeses

7 de novembro de 2017

Setor teve papel importante na retomada econômica do pequeno país nórdico, cada vez mais na moda entre viajantes estrangeiros. Mas, aos poucos, islandeses parecem estar ficando irritados com as massas de visitantes.

Island Blaue Lagune
Lagoa Azul em ReykjavíkFoto: picture-alliance/dpa/R. Holschneider

O aumento no fluxo de turistas foi benéfico para a Islândia depois da quebra financeira que abalou a pequena ilha, há quase uma década. Mas um estudo recente mostra que os islandeses estão começando a se cansar dos visitantes.

"Estamos vendo alguns sinais de que a tolerância está ficando mais baixa, especialmente nas áreas mais populares", diz Helga Árnadóttir, diretora da Associação das Indústrias de Turismo Islandesas.

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Árnadóttir vê a paciência dos habitantes locais como crucial para a continuidade da indústria turística, já que se trata da segunda fonte de renda mais importante do país. Foi graças aos visitantes que a Islândia voltou a registrar crescimento econômico em 2011, após passar por severos programas de austeridade.

Segundo a instituição financeira Islandsbanki, turistas são responsáveis por quase 40% da renda islandesa em moeda estrangeira. Cada visitante contribui com cerca de 1.860 dólares para a economia local. E metade dos empregos criados desde 2010 são direta ou indiretamente ligados ao turismo.

Em 2008, a Islândia, cuja principal atividade econômica era o setor bancário, protagonizou uma severa crise financeira e bancária. Desde 2010, o número de turistas mais que quadruplicou no pequeno país de 335 mil habitantes.

Desde então, os fraudadores financeiros foram presos, os bancos, nacionalizados, e os investidores estrangeiros – que antes da crise atenuavam a carga de investimentos com rendimentos elevados – obrigados a assumir uma parte das perdas. Em 2016, a Islândia registrou crescimento de 7,2%, alimentado pelo consumo privado, o retorno dos investimentos, a explosão do turismo e uma política orçamentária expansionista.

Cobrança para entrar em parques nacionais como o Pingvellir irrita islandesesFoto: picture-alliance/R. Goldmann

Banheiros e arbustos

Segundo o Islandsbanki, haverá cerca de 2,3 milhões de visitantes neste ano na Islândia – um aumento previsto de 30% em relação ao ano passado.

A mesma instituição afirma que uma em cada cinco pessoas na ilha é turista nos meses de verão no Hemisfério Norte (junho a agosto). Em setembro, o escritório nacional de estatísticas contou 378.300 estadias, com alemães no topo da lista de visitantes, seguidos pelos turistas americanos.

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04:21

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Apesar de acreditar que a maior parte dos islandeses entende a importância da indústria do turismo, Árnadóttir sugere que a indústria talvez tenha que impor alguns limites ao fluxo de visitantes.

Isso inclui avaliar quantos edifícios em Reykjavik serão convertidos em hotéis, o número de novos restaurantes que devem ser construídos e o número de apartamentos a serem alugados – todas "decisões que têm que ser tomadas pelo governo", afirma.

Os islandeses se queixam sobretudo do vandalismo, da introdução de taxas cobradas para entrar em parques nacionais, das altas de preços e de áreas de construção de hotéis.

Neste ano, também houve semanas de discussões sobre como lidar com o saneamento no país, que apresenta falta de banheiros públicos, o que fez com que turistas fizessem uso de arbustos ou outros locais públicos para atender ao chamado da natureza.

Turismo o ano inteiro

Por outro lado, o boom turístico vivido pela Islândia aumentou a oferta de restaurantes numa ilha onde antes praticamente só se via estandes de cachorro-quente, afirma Árnadóttir.

O plano do governo é atrair turistas que visitem a ilha no Atlântico Norte o ano inteiro – até no escuro inverno –, viajando também por todo o país e não se restringindo apenas à capital, Reykjavik.

A diretora da Associação das Indústrias de Turismo Islandesas diz, porém, que o governo precisa se empenhar para que a Islândia consiga alcançar essas metas: "É preciso reforçar a infraestrutura, a exemplo das estradas, que  precisam ser transitáveis também no inverno", diz Árnadóttir.

Nos últimos dois anos, o turismo também vem sendo ameaçado pela situação política instável e pela alta taxa de câmbio da moeda local. "Os turistas não ficam por muito tempo porque é caro", afirma a diretora da associação turística.

Em 2015, os preços do pernoite e de refeições ficaram 44% acima da média da União Europeia, segundo estatísticas. Por causa disso, Árnadóttir espera que o boom deva enfraquecer em breve, estabilizando-se para um crescimento "normal" de 3% a 5%.

RK/dpa/afp

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