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Turismo implacável no Sudeste asiático

av9 de janeiro de 2005

No Oceano Índico, pouco a pouco é "business as usual" para as operadoras européias de turismo e sua clientela. Mas será moralmente correto relaxar e divertir-se onde a morte e o sofrimento ainda pairam no ar?

Tailândia: "Tourism now?"Foto: AP

As primeiras imagens de turistas alemães relaxando nas praias tailandesas, poucos dias após os avassaladores tsunamis e a poucos metros dos destroços, causaram choque e indignação. Como se pode nadar, tomar banho de sol e beber cerveja como se nada houvesse ocorrido, enquanto, em outras praias, equipes de resgate ainda procuram pelos corpos das vítimas do maremoto?

O Bild, jornal alemão de imprensa marrom, definiu a questão numa pergunta: "É moralmente aceitável passar férias na Tailândia ou outros países atingidos?" Para Klaus Laepple, presidente da Associação Federal da Indústria Alemã de Turismo (BTW), a resposta é inequívoca: "sim".

"Além da ajuda que está vindo de todo o mundo, para a reconstrução das áreas afetadas, a melhor forma de apoio é os turistas voltarem a viajar para aqueles países, tão logo quanto possível", aconselha Laepple. "Os países não podem ser punidos uma segunda vez por um boicote turístico, pois muitos habitantes dependem em grande parte do turismo. Uma pessoa que trabalhe num dos grandes hotéis, por exemplo, pode alimentar toda uma família."

Business as usual

O cruel trabalho dos médicos legistas na TailândiaFoto: AP

Embora a ajuda humanitária continue sendo prioridade absoluta nas regiões de crise, desde a primeira semana de janeiro a federação das operadoras de viagens alemãs já iniciara a avaliação, nas áreas turísticas, de quais hotéis têm que ser demolidos e quais só necessitam uma reforma para reabrirem.

Nas Ilhas Maldivas, por exemplo, 70% dos estabelecimentos foram considerados em boas condições. "As viagens às Maldivas seguem como planejado desde 1º de janeiro", informou o porta-voz da maior operadora européia de turismo, TUI, "entretanto congelamos todos os nossos pacotes para Sri Lanka, Phuket e Khao Lak, na Tailândia, até o final de janeiro, quando reavaliaremos a situação."

Porém, mesmo se agarrando com unhas e dentes ao argumento que "a abstinência turística prolongada é o pior que pode acontecer aos locais assolados", até os mais empedernidos agentes de turismo têm que admitir que seus eventuais clientes lutam contra certos escrúpulos.

Memória curta

Alguns dos locais de veraneio mais apreciados pelos alemães, ao longo da costa leste e do Golfo da Tailândia, permaneceram intocados pelos tsunamis. Mas a insistência, na mídia, de imagens de turistas desprevenidos sendo engolidos pelas ondas, hotéis de luxo devastados, equipes de salvamento cumprindo a árdua tarefa de achar e enterrar os mortos – deixaram sem dúvida sua marca nas mentes dos europeus.

Turista alemão na Praia de Patong, sul da TailândiaFoto: AP

É compreensível que, ainda durante algum tempo, os veranistas em potencial enfrentem consideráveis barreiras psicológicas em visitar esses locais. Mas no fim das contas, o grau de dano ao turismo dos países do Oceano Índico será apenas proporcional a quanto tempo o medo perdura, efetivamente: "Os turistas geralmente têm memória muito curta, em relação a eventos isolados e raros, como os tsunamis", afirma Horst W. Opaschowski, diretor do Instituto BAT de Lazer, sediado em Hamburgo.

Fischer consternado

O ministro alemão das Relações Exteriores, Joschka Fischer, está em visita às áreas do Sudeste Asiático assoladas pelos tsunamis de 26 de dezembro. Na primeira estação da viagem, a Tailândia, ele declarou-se "consternado e abalado" com o grau de destruição. Após examinar as áreas assoladas, Fischer voltou a agradecer à população e autoridades tailandesas por sua ajuda às vítimas estrangeiras.

Ao mesmo tempo, Fischer manifestou-se pela implementação de um sistema de alarme contra tsunamis. O ministro encontrou-se em Khao Lak com representantes do Departamento Federal Alemão de Investigações, responsáveis pela identificação dos cadáveres. Mais de 700 alemães continuam desaparecidos na Tailândia. No domingo (09/01), Fischer seguiu viagem para a capital indonésia, Jacarta.

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