Turquia começa a prender empreiteiros de prédios que caíram
11 de fevereiro de 2023
Ministério da Justiça determina criação de forças-tarefas para investigar violações ao código de obras. Cinco dias após o terremoto, luto da população começa a dar lugar à raiva e aumenta pressão sobre governo.
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O governo turco começou a prender empreiteiros em todo o país acusados de terem feito projetos e construções de má qualidade que teriam contribuído para a queda de edifícios durante o terremoto que atingiu o país e a vizinha Síria na segunda-feira (06/02).
O Ministério da Justiça determinou aos procuradores das dez províncias do país afetadas pelo tremores que criem forças-tarefas para investigar possíveis crimes relacionados ao grande número de mortos, que superou neste sábado 25 mil.
Entre esses possíveis crimes, está o de violar o código de obras turco, que já havia sido reformado após um terremoto em 1999 para evitar a queda de prédios em caso de tremores.
A iniciativa é uma forma de o governo do presidente Recep Tayyip Erdogan tentar reagir à crescente pressão da população pelas consequências do terremoto e pela resposta lenta à crise humanitária que se desdobra em diversas cidades.
Muitos turcos têm expressado críticas a empreiteiros que teriam reduzido a segurança de edifícios para ampliar seus lucros e ao governo por supostamente anistiar empreiteiros que construíram prédios em desacordo com o código de obras.
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Prisões e mandados contra mais de cem pessoas
Nas províncias de Ganziantep e Sanliurfa, pelo menos 12 pessoas – em sua maioria empreiteiros – foram presas acusadas de negligência na construção de edifícios que colapsaram.
Um dos presos em Ganziantep é Mehmet Ertan Akay, responsável pela construção de um complexo de edifícios que caiu, acusado de homicídio culposo e violação do código de obras, segundo informou uma agência de notícias turca.
Um empreiteiro também foi preso no Aeroporto de Istambul na sexta-feira, enquanto tentava fugir para Montenegro. Ele havia construído um edifício de 12 andares com 250 apartamentos na província de Hatay que colapsou no terremoto.
As autoridades de Diyarbakir emitiram mandados de prisão contra 30 pessoas neste sábado. Na província de Adana foram emitidos mandados de prisão contra 62 pessoas, segundo informou neste sábado a agência estatal turca de notícias Anadolu.
Dois empreiteiros responsáveis por um edifício de 14 andares em Adana, que teriam fugido da Turquia continental logo após o terremoto, foram presos no Norte do Chipre.
Insegurança atrapalha resgates
A falta de comida e água e a insatisfação com os esforços de resgate têm aumentado a pressão sobre o governo turco e também sobre as equipes de apoio enviadas pelos outros países.
"É perceptível que o luto está lentamente dando lugar à raiva", disse neste sábado Steven Bayer, diretor da organização alemã de apoio ISAR e que está na Turquia.
Grupos de resgate da Alemanha e da Áustria suspenderam suas operações de busca e salvamento no sudeste da Turquia neste sábado, motivadas por questões de segurança e situações de sublevação na província de Hatay.
"Há crescente agressividade entre facções na Turquia", disse o coronel austríaco Pierre Kugelweis. Os grupos de resgate foram enviados para suas bases até que a situação melhore. "Gostaríamos de continuar ajudando, mas estas são as circunstâncias", afirmou.
O governo turco comunicou neste sábado que 48 pessoas de oito províncias foram presas por saques após o terremoto. Um decreto oficial editado neste sábado permite a prisão por até sete dias de suspeitos de realizar saques. "De agora em diante, as pessoas envolvidas em saques ou sequestros devem saber que a mão firme do Estado irá alcançá-las", disse Erdogan.
bl/as (AFP, dpa, ots)
Os terremotos mais fortes dos últimos 100 anos
Milhares de pessoas morreram no terremoto que abalou o Marrocos em 8 de setembro de 2023. O pior tremor no país em 120 anos atingiu 6,8 na escala Richter. No último século foram registrados sismos ainda mais fortes.
Foto: Toru Hanai/REUTERS
Chile teve o terremoto mais forte
O terremoto mais forte já registrado, de magnitude 9,5 graus na escala Richter, atingiu Valdívia, na costa sul do Chile, por 10 minutos, em maio de 1960. Foram destruídas cidades inteiras e a geografia da região foi alterada. Quase 6 mil pessoas morreram. E o tsunami gerado pelo sismo causou a morte de 130 pessoas no Japão e de 61 no Havaí. Na foto, ruínas do porto de Corral.
Foto: Getty Images/AFP
Grande Terremoto do Alasca
O terremoto que abalou o Alasca em 27 de março de 1964 também é conhecido como "o grande terremoto do Alasca". Ele segue sendo o mais forte já registrado nos Estados Unidos, com magnitude de 9,2. O movimento sísmico e o posterior tsunami mataram 139 pessoas. Na foto, a destruição causada no pequeno povoado de pescadores na ilha de Kodiak.
Foto: Getty Images/Central Press
Megaterremoto submarino no Oceano Índico
O megaterremoto submarino de 26 de dezembro de 2004 no Oceano Índico teve magnitude de 9,1. Ele desencadeou uma série de tsunamis devastadores, que causaram a morte de 280 mil pessoas em 14 países e inundaram cidades costeiras com ondas de até 30 metros de altura. Foi um dos desastres naturais mais mortíferos de que se tem registro. Na foto, a destruição em Sumatra, na Indonésia.
Foto: Getty Images/P.M. Bonafede/U.S. Navy
Terremoto seguido de tsunami no Japão
Um membro da equipe canina de resgate busca vítimas após o terremoto que causou destruição no noroeste do Japão em 11 de março de 2011, que atingiu 9,1 na escala Richter e foi seguido de um terrível tsunami. Eles causaram a morte de cerca de 18,5 mil pessoas e afetaram a planta nuclear de Fukushima.
Foto: Getty Images/AFP/Y. Chiba
O terremoto de Kamchatka
Em 4 de novembro de 1952, foi registrado um tremor de magnitude 9 na costa da península de Kamchatka, no leste da Rússia. O tsunami que se seguiu causou destruição e mortes nas ilhas Kurilas. Mais de 2,3 mil pessoas morreram.
Mais uma vez no Chile
O tremor de magnitude 8,8 que afetou a costa do Chile em 27 de fevereiro de 2010 também está entre os mais fortes do século. Ele não causou tantas mortes como o tsunami posterior, que varreu várias localidades costeiras, elevando a cifra de mortos para 530. O sismo danificou o porto de Talcahuano e provocou perdas milionárias aos pescadores e à indústria local.
Foto: Getty Images/AFP/M. Bernetti
Sismo de 1906 atingiu Equador e Colômbia
Em 31 de janeiro de 1906, um terremoto também de magnitude 8,8 na escala Richter causou destruição e cerca de mil mortes no Equador e na Colômbia. O terremoto se deu devido ao choque das placas de Nazca e a Sul-Americana, causando um tsunami de vários metros de altura. O epicentro localizou-se no Oceano Pacífico diante da fronteira entre os dois países.
De novo o Alasca
O sismo de 4 de fevereiro de 1965 atingiu 8,7 de magnitude e teve seu epicentro nas Ilhas Rat, muito propícias a sismos porque se localizam entre as placas tectônicas do Pacífico e da América do Norte. Elas são um grupo vulcânico de ilhas integradas nas ilhas Aleutas, no sudoeste do Alasca. Na foto, a destruição causada pelo terremoto em Anchorage, maior cidade do Alasca.
Foto: U.S. Army
Em 1950, entre Índia e China
O terremoto de Assam-Tibete, entre Índia e China em 15 de agosto de 1950, atingiu a magnitude de 8,6 graus na escala Richter. O sismo causou destruição tanto na região de Assam, na Índia, quanto no Tibete, e foi fatal para cerca de 4,8 mil pessoas.
Alasca é área propícia a terremotos
O sul do Alasca fica na fronteira entre a Placa Tectônica Norte-Americana e a Placa do Pacífico. Em 9 de março de 1957, aconteceu nas ilhas Aleutas um terremoto de magnitude 8,6 na escala Richter.
Turquia e Síria: luto e indignação
Milhares de pessoas morreram no terremoto que atingiu a Turquia e a Síria em 6 de fevereiro de 2023, com uma magnitude de 7,8 na escala Richter. As cifras assustam: pelo menos 50 mil mortos, 214 mil prédios desabados ou em estado precário, milhões perderam suas moradias. Ao luto dos sobreviventes, juntou-se a indignação de constatar que, em muitos casos, não foram cumpridas normas de construção.