Akin Atala, do diário "Cumhuriyet", é preso ao desembarcar de um voo procedente de Berlim. Ao lado de colegas já detidos, ele é acusado de estar por trás de tentativa de golpe de Estado.
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A polícia turca prendeu nesta sexta-feira (11/11), no aeroporto de Istambul, o presidente do conselho editorial do jornal de oposição Cumhuriyet, Akin Atala, informou a agência estatal de notícias Anadolu.
Com a prisão, sobe para dez o número de jornalistas e executivos do periódico detidos desde o fim de semana passado na Turquia, todos sob acusação de estarem por trás da tentativa de golpe de Estado do último dia 15 de julho.
De acordo com informações do próprio Cumhuriyet, Atalay foi preso quando chegava de um voo proveniente de Berlim. A ordem de detenção foi cumprida já na pista do aeroporto, com base em um mandato para averiguar "atividades terroristas".
Can Dundar, ex-editor da publicação, já havia sido preso no ano passado acusado de publicar segredos de Estado envolvendo o apoio da Turquia aos rebeldes sírios. Posteriormente colocado em liberdade, hoje ele está exilado na Alemanha.
Nos últimos anos, o Cumhuriyet tem sido um dos maiores críticos do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, e de seu Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP), de orientação islâmica.
Desde o golpe frustrado de julho, mais de 130 veículos de comunicação foram fechados no país, alarmando a comunidade internacional devido à ameaça à liberdade de imprensa. Também foram presas mais de 36.000 pessoas , e mais de 110.000 juízes, professores, policiais e funcionários públicos foram suspensos ou demitidos.
IP/efe/lusa/dpa/rtr/ap
Liberdade de imprensa?
O Dia Mundial da Liberdade de Imprensa é celebrado em 3 de maio. Em alguns países, porém, essa é uma realidade distante. Confira quais são os piores colocados no ranking mundial da Repórteres sem Fronteiras.
Foto: Fotolia/picsfive
Síria: perseguição e morte
Desde a revolta contra Baschar al-Assad, muitos jornalistas são perseguidos e mortos. Há anos, a Repórteres sem Fronteiras incluiu o regime de Assad na lista dos "inimigos da liberdade de imprensa". Mas a Frente al-Nusra, que luta contra Assad, e os militantes do "Estado Islâmico" também atacam jornalistas, sequestrando e matando profissionais de mídias estatais sírias e correspondentes.
Foto: Abd Doumany/AFP/Getty Images
China: maior prisão de blogueiros e jornalistas do mundo
Para a Repórteres sem Fronteiras, a China é o país onde mais blogueiros e jornalistas estão presos. O regime autoritário é contra quem emite opiniões indesejáveis sobre o sistema. A pressão contra jornalistas estrangeiros só vem crescendo. Eles são proibidos de entrar em algumas regiões do país e o trabalho é controlado. Às vezes, assistentes chineses ou entrevistados são simplesmente presos.
Foto: picture-alliance/AP Photo/M. Schiefelbein
Vietnã: prisão para críticos do regime
O país não possui mídia independente. O Partido Comunista, o único do Vietnã, passa aos jornalistas as informações que devem ser publicadas. Inclusive muitos editores, redatores e jornalistas são membros do partido. Blogueiros estão cada vez mais no foco das autoridades e, se desafiam o monopólio de opinião do partido, são silenciados por meio da prisão.
Foto: picture alliance/ZB/A. Burgi
Turcomenistão: aparente independência de jornalistas
O presidente Gurbanguly Berdimuhammedov detém todos os meios de comunicação. Porém, há uma exceção: o jornal Rysgal. Mas também o Rysgal tem que pedir autorização para publicar suas edições. Existe no país uma lei contra o monopólio da mídia e, desde então, os cidadãos têm acesso à imprensa estrangeira. Mas a internet é controlada pelo governo e a maioria dos sites é bloqueada.
Foto: Stringer/AFP/Getty Images
Coreia do Norte: imprensa ditada por Kim Jong-un
A liberdade de imprensa não existe na Coreia do Norte. Jornalistas não podem fazer reportagens de forma livre, já que o ditador Kim Jong-un controla o que deve ser publicado pela mídia. Com televisão ou rádio é possível receber sinais só de emissoras estatais. Qualquer pessoa que expressar opinião de forma livre acaba em um dos chamados "campos de reeducação" juntamente com toda a família.
Foto: picture-alliance/dpa/Yonhap/Kcna
Eritreia: a "Coreia do Norte" africana
A organização Repórteres sem Fronteiras coloca o país na última posição de seu ranking. Em nenhum lugar do mundo há menos liberdade de imprensa e raramente essa situação é noticiada. Muitos jornalistas já tiveram que deixar o país e somente emissoras de rádio de exilados, como a Rádio Erena, transmitida a partir de Paris, consegue levar informação independente à Eritreia.