Duas semanas após terremoto, trabalhos de resgate seguem em apenas 40 edifícios de duas das 11 províncias atingidas. Chances de encontrar sobreviventes nos escombros são mínimas.
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Duas semanas após um terremoto que devastou a região de fronteira entre a Turquia e Síria, autoridades turcas anunciaram neste domingo (19/02) que as buscas por sobreviventes foram encerradas na maioria das regiões atingidas. A tragédia deixou mais de 46 mil mortos nos dois países e milhares de desaparecidos.
De acordo com o chefe da Defesa Civil turca, Yunus Sezer, as buscas foram encerradas em nove das 11 províncias atingidas pelo terremoto. Ele acrescentou que os socorristas ainda buscam por sobreviventes em apenas 40 edifícios nas províncias Kahramanmaras e Haty, próximas ao epicentro do terremoto e as mais afetadas.
Com o fim das buscas, o país intensificou o trabalho de remoção dos escombros. Cerca de 385 mil residências foram destruídas ou ficaram severamente danificadas após o tremor. A Defesa Civil turca afirmou que 13 mil escavadeiras, guindastes, caminhões e outros veículos industriais foram enviados para a região atingida.
Mais de 1 milhão de turcos em abrigos temporários
Cerca de 1 milhão de turcos vive atualmente em barracas, casas pré-fabricadas ou em alguma instituição de abrigo temporário. A este montante, se incluem quase meio milhão de pessoas que foram evacuadas das áreas afetadas pela série de abalos sísmicos, detalhou Seker.
Segundo dados do Ministério de Urbanismo da Turquia, a província com maior grau de destruição é Hatay, na costa mediterrânea, com 30 mil edificações destruídas ou sem serventia, seguida de Kahramanmaras, com 22 mil; Malatya, com 16 mil; Gaziantep, com 15 mil; e Adiyaman, com 13mil.
Seker também estima que o número de mortos na tragédia ainda deve aumentar com o avanço dos trabalhos de remoção de escombros. Milhares estão desaparecidos e as chances de sobrevivência são mínimas devido ao tempo que se passou desde o terremoto e as baixas temperaturas.
A situação em acampamentos temporários é, porém, preocupante. Sobreviventes e médicos criticam o governo por falta de instalações sanitárias adequadas nestes locais. As condições de higiene têm impulsionado a propagação de doenças.
cn (dpa, Reuters, Lusa)
O terremoto devastador na Turquia e na Síria em imagens
Após o pior terremoto em décadas atingir a região da fronteira turco-síria, equipes de resgate buscam sobreviventes sob os escombros de milhares de prédios. "Estão cavando com as próprias mãos", relata testemunha.
Foto: Sertac Kayar/REUTERS
Susto no meio da noite
Este prédio residencial em Diyarbakir, no sudeste da Turquia, foi um dos vários milhares de edifícios destruídos pelo terremoto de magnitude 7,8 que abalou a região da fronteira turco-síria. O sismo surpreendeu os moradores no meio da madrugada, às 4h17 (hora local) de segunda-feira (06/02/23).
Foto: Omer Yasin Ergin/AA/picture alliance
Dezenas de réplicas
O terremoto foi seguido dezenas de réplicas que acabaram por agravar a catástrofe. O tremor secundário mais forte, de magnitude 7,5, ocorreu horas depois, na tarde de segunda-feira.
Foto: SERTAC KAYAR/REUTERS
Prédios reduzidos a escombros
De acordo com o Ministério do Meio Ambiente e Planejamento Urbano, mais de 84 mil edifícios na Turquia desabaram ou foram severamente danificados, como estes em Karamamaras. Duas semanas após o desastre, o número de mortos já passava de 47 mil, a grande maioria na Turquia.
Foto: IHA/REUTERS
Resgate "com as próprias mãos"
Grupos de civis e equipes oficiais de resgate correm contra o tempo para encontrar pessoas presas sob os escombros, como mostra esta foto em Adana. Testemunhas relataram à DW que voluntários cavam os destroços "com as próprias mãos" para alcançar sobreviventes. Mais de 200 horas depois do tremor, duas mulheres foram resgatas com vida, em 14 de fevereiro.
Foto: IHA/AP Photo/picture alliance
Devastação no norte da Síria
A província de Idlib, no norte da Síria, também foi afetada pelo terremoto. O tremor de segunda-feira foi um dos mais devastadores a ocorrer na região em décadas e atingiu áreas já devastadas pela guerra civil que assola o país há quase 12 anos.
Foto: Ghaith Alsayed/AP Photo/picture alliance
"Famílias inteiras soterradas"
"Os moradores de Idlib correram de suas casas, estavam em pânico", contou à DW um repórter local na cidade de Sarmada, na província de Idlib. "Pouco depois, desabaram as primeiras casas, que já não estavam em boas condições como resultado dos ataques aéreos russos. Mas edifícios mais novos também desabaram. Famílias inteiras ainda estão soterradas",disse à DW.
Foto: Omar Albam
Capacetes Brancos em ação
Os Capacetes Brancos, uma organização fundada durante a guerra civil síria, participam dos trabalhos de resgate em áreas controladas por rebeldes no noroeste da Síria. Os dois homens na foto buscam por sobreviventes em Zardana, na província de Idlib.
Foto: Ahmad al-Atrash/AFP
Ajuda de todo lugar
Rapidamente diversos países – até mesmo a Ucrânia – ofereceram auxílio às regiões atingidas. A Alemanha, por exemplo, enviou ajuda de emergência e suprimentos de primeiros socorros, incluindo abrigos e estações de tratamento de água. Já os Estados Unidos mobilizaram uma equipe de especialistas em resposta a desastres.
Foto: SERTAC KAYAR/REUTERS
Construções históricas destruídas
Tesouros culturais também foram destruídos no terremoto. Na província turca de Maltaya, a famosa Mesquita Yeni (foto), do século 13, foi severamente danificada – assim como o imponente Gaziantep Kalesi, um castelo construído há cerca de 2.200 anos, na cidade de Gaziantep.
Foto: Volkan Kasik/AA/picture alliance
Aleppo não escapou
Na Síria, a cidade antiga de Aleppo (foto) e outros sítios arqueológicos importantes também tiveram partes de suas construções destruídas.
Foto: AFP
Prisão de empreiteiros
A Justiça turca criou uma unidade especial para investigar possíveis negligências na construção dos edifícios que desabaram com o sismo e emitiu mais de 110 mandados de detenção. Segundo a imprensa local, a polícia turca deteve no dia 11 de fevereiro pelo menos 14 pessoas nas províncias de Gaziantep e Sanliurfa, incluindo empreiteiros e engenheiros civis.