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Turquia inaugura túnel à prova de terremoto no Bósforo

29 de outubro de 2013

Primeira passagem subaquática do estreito unirá partes europeia e asiática de Istambul e pode resistir a tremores de magnitude 9. Durante a construção, foi encontrada até uma frota de navios bizantinos.

Foto: picture-alliance/dpa

A Turquia inaugurou nesta terça-feira (29/10) um túnel ferroviário subterrâneo que conecta os lados europeu e asiático da cidade de Istambul – e que, segundo os construtores, pode resistir a terremotos de magnitude 9 na escala Richter. A obra, que custou 3 bilhões de euros, tem 13,6 quilômetros de extensão, dos quais 1,4 quilômetro atravessa o Estreito de Bósforo, 60 metros abaixo do solo oceânico.

A expectativa é de que o túnel reduza em pelo menos 20% o fluxo do pesado trânsito de Istambul, especialmente sobre as duas pontes que atravessam o Bósforo. A nova passagem faz parte da projeto Marmaray, que prevê melhorias e novas construções em 76 quilômetros de malha ferroviária que interligam os lados europeu e asiático. O conjunto de obras é chamado pelo primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, como o "projeto do século".

À prova de terremotos

A União das Câmaras turcas de Engenheiros e Arquitetos ressalta que Marmaray localiza-se a apenas 20 quilômetros da Falha do Norte da Anatólia, e que um intenso terremoto poderia colocar toda a estrutura em risco. Em 1999, cerca de 17 mil pessoas morreram na cidade de Izmit, no oeste da Turquia, após um tremor de magnitude 7,6.

No entanto, segundo o ministro turco de Transportes, Binali Yildrin, Marmaray é a "estrutura mais segura de Istambul". Ele garante que o túnel inaugurado nesta terça, assim como as demais obras de Marmaray, podem resistir a um terremoto de magnitude 9, pois as engrenagens das comportas poderiam vedar cada trecho do túnel.

Para garantir a segurança, especialistas do Japão e dos Estados Unidos participam do projeto Marmaray. De acordo com os responsáveis pela obra, além de informações já existentes sobre a área, técnicos recolheram dados geológicos, geofísicos, hidrográficos e meteorológicos, que foram usados para o desenho e construção da passagem.

Trajeto entre os continentes conta agora com uma alternativa subterrânea, além das duas pontesFoto: MUSTAFA OZER/AFP/Getty Images

"Esse projeto foi construído com ajuda da tecnologia de ponta japonesa e com experiente mão de obra turca", destacou o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, que participou da inauguração do túnel.

Vários túneis semelhantes no mundo mostraram-se resistentes a tremores de terra, inclusive de magnitudes similares às registradas na Turquia, sem maiores danos. São os casos de Kobe, no Japão, e Transbay, em São Francisco, nos EUA, considerados exemplos de construção de túneis seguros.

Achados históricos

A construção do túnel inaugurado nesta terça-feira, dia em que o país celebra os 90 anos da proclamação da República, foi iniciada em 2004 e deveria ter sido concluída quatro anos mais tarde. No entanto, a obra precisou ser suspensa algumas vezes por causa dos diversos achados arqueológicos encontrados.

Mais de 40 mil objetos saíram dessas escavações. Entre as supresas encontradas sob a terra estava um cemitério de 30 navios bizantinos, a maior frota medieval de que já se teve conhecimento.

Obras do túnel foram atrasadas em cinco anos por causa de valiosos achados arqueológicosFoto: picture-alliance/dpa

Os achados – e os consequentes atrasos nas obras – pareceram frustrar de certa maneira Erdogan. O primeiro-ministro chegou a declarar que os artefatos arqueológicos estavam atrapalhando seus planos de transformar a paisagem urbana de Istambul. "Primeiro encontraram potes de argila, depois isso, aquilo. Essas coisas são mais importantes do que pessoas?", questionou certa vez Erdogan, para quem Marmaray atende a um antigo sonho dos ancestrais.

A ideia da construção do túnel existe desde 1860. Ele é apenas um dos megaprojetos de Erdogan – chamados de "faraônicos" pela oposição – que ainda incluem um canal de 50 quilômetros entre os mares Morto e de Mármara, um aeroporto para competir com os de maior fluxo no mundo e uma gigantesca mesquita no alto de um dos morros de Istambul. Há ainda a previsão de uma terceira ponte sobre o Estreito de Bósforo e de usinas nucleares.

MSB/afp/dpa/ap

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