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Turquia prende dezenas por "propaganda terrorista"

23 de janeiro de 2018

Autoridades detêm quase uma centenas de críticos de campanha militar turca contra milícia curda na Síria. Erdogan pede unidade em meio à ofensiva e afirma que quem participar de protestos pagará "alto preço".

Polícia turca
A polícia turca prendeu 91 pessoas em 13 províncias, incluindo políticos e jornalistasFoto: picture-alliance/dpa/T. Berkin

Forças de segurança turcas prenderam quase uma centena de pessoas nesta terça-feira (23/01), em diversas partes do país, sob acusação de disseminar propaganda terrorista nas redes sociais em postagens críticas à ofensiva militar do país contra milícias curdas na região de Afrin, na Síria.

Leia também: Aliados da Otan em lados opostos na Síria

Foram detidas 91 pessoas em 13 províncias, incluindo políticos da legenda opositora pró-curda Partido Democrático dos Povos (HDP). Um porta-voz do HDP disse que as prisões ocorreram nas sedes do partido na província de Siit, em Ancara e em Esmirna, no oeste do país. Um mandado de prisão foi emitido contra o vice-presidente do HDP, Nadir Yildirim, alvo de investigações após criticar a ofensiva militar em Afrin. 

O jornal turco Cumhuriyet denunciou a prisão de ao menos cinco jornalistas desde a segunda-feira na capital Ancara e nas províncias de Diyarbakir e Van, por criticarem a operação militar nas redes sociais.

Ancara realiza uma campanha militar contra posições da milícia curdo-síria Unidades de Proteção do Povo (YPG) no enclave curdo na região de Afrin, no noroeste da Síria. O YPG é acusado de associação com o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), banido pelo governo turco por ser considerado uma organização terrorista.

Emma Sinclair-Webb, especialista em Turquia da organização Human Rights Watch, denunciou a prisão da ativista curda Nurcan Baysal, afirmado que o governo silencia "aqueles que levantam sua voz contra a guerra". Ela acusa o governo turco de violar o direito internacional.

Ancara reforçou suas medidas repressivas após a fracassada tentativa de golpe de Estado na Turquia em julho de 2016. Desde então, mais de 50 mil pessoas foram presas, e 150 mil, demitidas ou afastadas de seus trabalhos. O governo justifica as medidas alegando ameaças à segurança interna.

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, pediu unidade do país em meio à operação em Afrin e alertou que aqueles que responderem às convocações de protestos pagariam um "alto preço". Na segunda-feira, as autoridades em Ancara proibiram manifestações, protestos e concertos na cidade enquanto durar a ofensiva.

RC/rtr/afp/dpa

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