Ucrânia acusa Rússia de deportar ilegalmente seus cidadãos
20 de março de 2022
Segundo denúncia do Parlamento ucraniano e autoridades em Mariupol, milhares de pessoas teriam sido levadas à força para cidades russas, onde receberiam status de "refugiados" e seriam indicadas para postos de trabalho.
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O Conselho Municipal de Mariupol afirmou que o Exército russo deportou à força milhares de ucranianos para cidades na Rússia. "Durante a semana passada, vários milhares de residentes de Mariupol foram deportados para o território russo", afirmou o órgão em mensagem divulgada no Telegram neste sábado (19/03).
"Os invasores retiraram ilegalmente pessoas do distrito de Livoberezhny e de um abrigo em um ginásio de esportes da cidade, onde mil pessoas (na maioria, mulheres e crianças) se abrigavam dos bombardeios constantes", dizia a mensagem.
As autoridades acusam Moscou de cometer crimes de guerra, ecoando as declarações anteriores do presidente ucraniano, Volodimir Zelenski. Ele disse que os ataques a Mariupol são atos de terror que "serão lembrados pelos próximos séculos".
As acusações não puder ser verificadas por fontes independentes, Este, porém, é somente um entre vários relatos sobre residentes de Mariupol sendo transportados à força para a Rússia, onde são classificados pelas autoridades como "refugiados".
A comissária de Direitos Humanos do Parlamento ucraniano, Ludmila Denisova, afirmou que as pessoas deportadas foram levadas para campos de triagem, onde soldados russos verificavam seus telefones e documentos.
"Após a inspeção, eles eram transportados para Taganrog [na Rússia] e enviados por trem para várias cidades russas em depressão econômica", escreveu, também através do Telegram.
"Nossos cidadãos receberam documentos que exigem sua permanência em determinadas cidades. Eles não têm o direito de sair por pelo menos dois anos, com a obrigação de trabalhar em locais específicos", afirmou, sem apresentar evidências.
Denisova acusou a Rússia de graves violações das leis internacionais e da Convenção de Genebra, e pediu à comunidade internacional que intensifique as sanções contra Moscou.
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Ataque a abrigo de civis
Neste domingo, uma postagem nos canais do Telegram do Conselho Municipal e do Parlamento ucraniano afirma que mulheres, crianças e idosos ainda estão presos nos escombros, após a escola de arte que os abrigava ser bombardeada por forças russas em Mariupol. O número de vítimas ainda não foi informado.
Os intensos combates nas ruas de Mariupol prejudicam a retirada de civis e o acesso da ajuda humanitária. A população sofre com uma forte escassez de alimentos, água e medicamentos. As autoridades locais afirmam que ao menos 2,3 mil pessoas morreram, muitas delas sendo enterradas em valas comuns.
rc (Reuters, ots)
Sanções do Ocidente atingem círculo íntimo de Putin
Em reação à invasão da Ucrânia, UE, EUA e outros países ocidentais impuseram sanções severas à economia russa e aos associados do presidente Vladimir Putin. Quem são os bilionários atingidos?
Foto: Christian Charisius/dpa/picture alliance
Igor Sechin
Sechin é ex-primeiro-ministro da Rússia e diretor executivo da estatal petroleira Rosneft. No documento da União Europeia relativo às sanções, ele é descrito como "um dos assessores mais próximos e amigo pessoal" de Vladimir Putin. Além disso, apoia a consolidação da anexação ilegal da Crimeia à Rússia, sobretudo com o envolvimento da Rosneft no fornecimento de combustível à península.
Foto: Alexei Nikolsky/Russian Presidential Press and Information Office/TASS/picture alliance
Alisher Usmanov
Nascido no Uzbesquistão, Usmanov é magnata de metais e telecomunicação. A UE o cita como um dos oligarcas favoritos de Putin, tendo pago milhões a um de seus principais assessores, hospedado o presidente russo em sua luxuosa residência pessoal, além de atuar em sua "linha de frente" e "resolver seus problemas de negócios". Os EUA e o Reino Unido também o acrescentaram a suas listas negras.
Foto: Alexei Nikolsky/Kremlin/Sputnik/REUTERS
Mikhail Fridman e Petr Aven
A UE descreveu Fridman (c.) como "importante financiador e facilitador do círculo íntimo de Putin". Ele e seu parceiro de longa data Aven (dir.) lucraram bilhões de dólares com petróleo, transações bancárias e comércio de varejo, segundo a agência de notícias Reuters. A UE acrescenta que Aven é um dos homens de negócios russos ricos que se reúnem regularmente com Putin no Kremlin.
Foto: Mikhail Metzel/ITAR-TASS/imago
Negando conexões com Putin e o Kremlin
Numa coletiva de imprensa após o anúncio pela UE, tanto Fridman quanto Aven (dir.) negaram ter qualquer "relação financeira ou política com o presidente ou o Kremlin" e prometeram combater as punições, supostamente sem base, "com todos os meios à disposição". Nascido no oeste da Ucrânia, Fridman é um dos poucos russos submetidos a sanções que se pronunciou publicamente contra a guerra.
Foto: Alexander Nenenov, Pool/AP/picture alliance
Boris e Igor Rotenberg
A família Rotenberg é notória por seus laços estreitos com Putin. Boris é coproprietário do SMP Bank, associado à petroleira Gazprom. Seu irmão Arkady, já sob sanções da UE e dos EUA, praticava judô com Putin desde adolescente. Igor, filho de Arkady, controla a campanha de perfuração Gazprom Bureniye. Após a invasão russa, Boris e Igor entraram para as listas britânica e americana de sancionados.
Foto: Sergey Dolzhenko/epa/dpa/picture-alliance
Gennady Timchenko
Timchenko é um importante acionista do Rossiya Bank – definido no documento da UE como o banco pessoal das autoridades russas, investindo nas emissoras de televisão que apoiam ativamente as medidas do governo russo para desestabilizar a Ucrânia. Além disso, o Rossiya teria aberto sucursais na Crimeia, apoiando sua anexação ilegal.
Foto: Sergei Karpukhin/AFP/Getty Images
Alexei Mordashov
Mordashov investiu seriamente no National Media Group, o maior holding particular de mídia da Rússia, que apoia as medidas estatais de desestabilização da Ucrânia, afirma a UE. Em comunicado, o bilionário asseverou que não tem "nada a ver com a emergência da atual tensão geopolítica" e definiu essa guerra como uma "tragédia de dois povos fraternos".
Foto: Tass Zhukov/TASS/dpa/picture-alliance
Iates confiscados
As novas sanções incluem o congelamento de bens e restrições a viagens. Desde sua imposição, diversos iates de luxo pertencentes à elite russa foram confiscados na Itália, França e Reino Unido. Entre seus proprietários estão Sechin, Usmanov e Timchenko.