Ucrânia acusa Rússia de infringir próprio cessar-fogo
7 de janeiro de 2023
Kiev afirma que tropas russas bombardearam posições no nordeste, no leste e no sul do país, desrespeitando pausa ordenada por Putin em razão no Natal ortodoxo. Kremlin rebate e diz que está repelindo ataques ucranianos.
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A Ucrânia acusou neste sábado (07/01) a Rússia de não respeitar o próprio cessar-fogo autoimposto pelo presidente Vladimir Putin. Segundo Kiev, posições e cidades no nordeste, no leste e no sul do país foram bombardeadas, deixando feridos e causando a morte de ao menos três pessoas. O Kremlin, por outro lado, afirma que está apenas repelindo ataques ucranianos.
Putin ordenou na quinta-feira um cessar-fogo de 36 horas por parte das tropas russas na Ucrânia devido ao Natal ortodoxo, celebrado em 7 de janeiro.
A pausa nos ataques valeria do meio-dia de sexta-feira até meia-noite deste sábado e seria a primeira do lado russo desde o início da guerra, em fevereiro. O governo ucraniano, por sua vez, descreveu a medida como "hipocrisia" e disse tratar-se de uma manobra usada pelas forças russas para ganhar tempo para o reagrupamento. Muitos observadores internacionais também duvidaram que a Rússia cessaria os ataques.
A ordem do Kremlin foi divulgada depois que o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, e o líder da Igreja Ortodoxa, patriarca Cirilo, forte apoiador de Putin, solicitaram uma trégua.
O Estado-Maior da Ucrânia disse neste sábado que as tropas russas lançaram mísseis de cruzeiro, dispararam 20 saraivadas de foguetes e atingiram áreas residenciais no nordeste, leste e sul do país.
O governador Serhiy Haidai relatou bombardeios e ataques contínuos na região de Lugansk. Segundo ele, já nas primeiras três horas do cessar-fogo, as posições ucranianas foram bombardeadas 14 vezes.
De acordo com o governo da região vizinha de Donetsk, dois civis foram mortos em ataques russos na disputada cidade de Bakhmut.
Ainda segundo a Ucrânia, tropas russas bombardearam a região de Kherson, no sul, 39 vezes na sexta-feira.Prédios residenciais e um quartel de bombeiros foram incendiados, informou o governador Yaroslav Yanushevych no Telegram, acrescentando que um socorrista morreu e sete civis ficaram feridos.
As declarações não puderam ser verificadas de forma independente pela DW.
Kremlin rebate acusações
O Ministério da Defesa da Rússia rebate as acusações de Kiev e afirma que as tropas russas estão respeitando o cessar-fogo e só reagiram a ataques ucranianos na linha de frente de aproximadamente 1.100 quilômetros.
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Segundo a Rússia, houve operações de combate nas regiões de Donetsk, Kherson e Zaporíjia, em razão de bombardeios ucranianos a áreas civis. A Ucrânia nega as acusações e culpa as tropas russas pelos ataques.
Segundo a inteligência britânica, apesar do cessar-fogo autoimposto por Putin, a luta continua no nível usual. Uma das áreas com mais combates é ao redor da cidade de Kreminna, na região de Lugansk.
O Natal ortodoxo é comemorado tanto na Rússia quanto na Ucrânia. Estima-se que até 300 milhões de fiéis – cristãos ortodoxos – celebrem a data em todo o mundo, com grande parte deles concentrada no Leste Europeu, Rússia, Grécia e algumas regiões da África.
le (ots)
Instantâneos de uma Ucrânia em guerra
Mostra "O novo anormal", no Museu Deichtorhallen de Hamburgo, registra horrores da guerra, mas também a resistência dos ucranianos, em trabalhos de 12 fotógrafos do país sob invasão russa.
Foto: Oksana Parafeniuk
Civis treinam com armas de madeira
Nesta imagem feita perto de Kiev em 6 de fevereiro de 2022, menos de duas semanas antes da invasão russa, a fotógrafa Oksana Parafeniuk capturou a determinação de seus compatriotas de resistir. Embora os países ocidentais não esperassem que a Rússia atacasse a capital a Ucrânia, os civis de lá já estavam treinando com armas de madeira, para caso de emergência.
Foto: Oksana Parafeniuk
Resistindo com o país
Em 24 de fevereiro, o fotógrafo Mykhaylo Palinchak acordou em Kiev com o som de sirenes, pouco depois ouviu uma explosão. "Desde então, estamos vivendo num novo mundo", afirma. Suas fotografias mostram granadas, casas destruídas e como seus compatriotas defendem a nação, mais do que nunca. A mulher da foto exibe o pulso esquerdo tatuado com o mapa da Ucrânia.
Foto: Mykhaylo Palinchak
Começou às 5 da manhã
"A guerra é a pior das opções da humanidade. Nenhum filme, nenhum livro, nenhuma foto pode transmitir este horror", diz a fotógrafa Lisa Bukreieva. "Com a invasão dos russos, meu sentido de tempo mudou. É apenas um horror de longa
duração." Esta fotografia capta o momento em que a guerra começou para ela.
Foto: Lisa Bukreieva
Cidadãos de Kiev - parte 1
Depois da invasão da Ucrânia pelo exército russo, Kiev se transformou em outra cidade, relata Alexander Chekmenev, de 52 anos. Muitos fugiram, ele próprio enviou a família para a segurança no exterior, mas ficou no país para documentar com sua Pentax a vida dos cidadãos de Kiev em tempos de guerra. Como esta ucraniana em uniforme de combate.
Foto: Alexander Chekmenev
Cidadãos de Kiev - parte 2
Abrigos antiaéreos e centros de primeiros-socorros espalharam-se pela capital ucraniana. Lá, Chekmenev fotografou gente comum, que nunca esteve sob os holofotes: "Eu queria mostrar a dignidade deles. Este país pertence ao seu povo, e eu quero mostrar o meu respeito por cada um deles", diz o fotógrafo de renome internacional.
Foto: Alexander Chekmenev
Traços do presente
Em sua série de fotografias, Pavlo Dorohoi capturou a vida em tempos de guerra em sua cidade natal, Kharkiv. Muitos cidadãos se esconderam em estações do metrô para escapar das bombas, transformando os locais em lares temporários, com "tapetes, cobertores e outros objetos pessoais", relata Dorohoi.
Foto: Pavlo Dorohoi
Bucha: o local do horror
O arquiteto e fotógrafo de Kiev Nazar Furyk fotografou lugares devastados pelas tropas russas, entres os quais a cidade de Bucha, que se tornou símbolo de muitas atrocidades. O fotógrafo se pergunta: como é possível continuar vivendo num lugar assim? Como se lida com essa experiência, gravada profundamente na memória coletiva da população ucraniana?
Foto: Nazar Furyk
Diário de Kiev - parte 1
A fotógrafa e videoartista Mila Teshaieva mantém um diário online desde o início da guerra, onde registrou tudo: desde os primeiros dias, antes dos mísseis, até os crimes contra a humanidade revelados desde então. Seus registros também incluem fotos, como esta.
Foto: Mila Teshaieva
Diário de Kiev - parte 2
Mila Teshaieva relata o desespero que a guerra provoca, mas também registra a união dos ucranianos e sua enorme vontade de resistir. Em sua cidade natal, Kiev, os moradores estão tentando proteger não só a si, mas também seus monumentos, símbolos da identidade nacional.
Foto: Mila Teshaieva
Documentação da guerra
Vladyslav Krasnoshchok é dentista, mas há anos se dedica à arte. Agora viaja por sua pátria devastada e fotografa carros queimados, pontes e tanques destruídos. "Eu tiro fotos, ouço tiros e corro de volta para o carro. Adrenalina pura!", escreve. Ele sempre revela os filmes imediatamente. Afinal, não se sabe se haverá oportunidade de tirar mais fotos.
Foto: Vladyslav Krasnoshchok
Mutilado
"Vivendo com o medo de ser ferido" é o nome da série de fotos do designer Sasha Kurmaz. A violência tem feito parte da história humana desde o início, afirma, e não está otimista se isso vá mudar em breve. Ainda assim, não desiste de sua luta pessoal por um mundo melhor.
Foto: Sasha Kurmaz
Porto seguro?
Uma cadeira, copos com bebidas: para Elena Subach esta foto tirada na cidade de Uzhgorod, no oeste da Ucrânia, simboliza a segurança de quem foge rumo a outros países. "Quase todo homem tirou uma foto da esposa e dos filhos antes de lhes dizer adeus. Eu nunca vi tanto amor e tanta dor ao mesmo tempo."