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Ucrânia anuncia contraofensiva no sul do país

29 de agosto de 2022

Exército ucraniano inicia operação para tentar recuperar território ocupado pela Rússia, incluindo região de Kherson. No mesmo dia, agência da ONU envia missão para inspecionar usina nuclear de Zaporíjia.

Soldado em automóvel durante patrulha ucraniana na entrada da região de Kherson
Contraofensiva indica aumento da confiança dos ucranianos em meio ao fluxo contínuo de apoio militar ocidentalFoto: Celestino Arce/NurPhoto/picture alliance

A Ucrânia anunciou nesta segunda-feira (29/08) o início de uma contraofensiva no sul do país para tentar recuperar territórios ocupados desde o início da invasão russa, em fevereiro deste ano. A decisão indica um reforço da confiança dos ucranianos, em meio ao fluxo contínuo de apoio militar ocidental.

Também nesta segunda-feira, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) enviou à Ucrânia uma equipe para inspecionar a usina de Zaporíjia, onde crescem os temores quanto a um desastre nuclear. Moscou e Kiev trocam acusações de ataques e bombardeios nas proximidades da maior usina nuclear da Europa.

Retomada de Kherson

"Hoje, iniciamos ações ofensivas em várias direções, incluindo na região de Kherson", afirmou a porta-voz do comando sul do Exército ucraniano, Natalia Humeniuk. Na fase inicial da guerra, a Rússia capturou uma parte significativa do território ucraniano próximo à costa do Mar Negro, incluindo Kherson, em contraste com a fracassada tentativa de capturar a capital, Kiev.

A Ucrânia vem utilizando armamentos sofisticados fornecidos pelo Ocidente, que permitem atingir alvos estratégicos, como depósitos de munições, e tentar interromper linhas de abastecimento russas. Somente nas última semanas, dez desses depósitos foram atacados, o que, segundo Humeniuk, "enfraqueceu inquestionavelmente o inimigo". Não foi possível confirmar essa informação de forma independente.

Ela não forneceu detalhes sobre a contraofensiva no sul do país, mas afirmou que as forças russas ainda se mantêm "bastante poderosas".

Serguei Aksyonov, governador da península da Crimeia, minimizou o anúncio ucraniano como "mais uma propaganda falsa da Ucrânia". O território, anexado pela Rússia em 2014, fica nas proximidades de Kherson.

A agência russa de notícias RIA informou que pessoas em Nova Kahokva, a 58 quilômetros de Kherson, estavam sendo retiradas de seus locais de trabalho, após mais de dez ataques ucranianos com mísseis.

Zaporíjia

Enquanto isso, o Ministério do Exterior em Kiev confirmou que uma missão da AIEA chegaria à Ucrânia nesta segunda-feira. "Esperamos que a missão inicie os trabalhos em Zaporíjia nos próximos dias", escreveu o porta-voz da pasta, Oleg Nikolenko, em seu perfil no Facebook.

O diretor da agência, Rafael Grossi, disse que iria liderar a equipe de inspetores em Zaporíjia. "Devemos proteger a segurança da Ucrânia e a maior usina nuclear da Europa", afirmou no Twitter.

A AIEA disse que a missão avaliará danos físicos nas instalações, além de examinar as condições dos funcionários ucranianos que ainda trabalham no local. O objetivo é determinar a "funcionalidade da segurança e dos sistemas de proteção", além de realizar "atividades urgentes de garantia de segurança".

Nesta segunda-feira, a Rússia afirmou que um míssil ucraniano perfurou o teto de um depósito de combustíveis no local. O Ministério russo da Defesa disse que suas tropas abateram um drone ucraniano que tentava realizar um ataque, mas que não houve danos graves, e que os níveis de radiação estavam dentro do normal. A Ucrânia nega ter atacado a usina.

O Kremlin afirma que a missão da AIEA é necessária e pediu à comunidade internacional para que exerça pressão sobre a Ucrânia, de modo a reduzir as tensões no entorno da usina.

A ONU, os Estados Unidos e a Ucrânia pediram a remoção de equipamentos militares e soldados do local, para assegurar que não se tornasse um alvo. Moscou, porém, rejeitou a proposta.

rc/bl (Reuters, DPA)

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