Ucrânia avança em território anexado ilegalmente pela Rússia
4 de outubro de 2022
Forças ucranianas dizem ter retomado áreas ao longo da margem ocidental do rio Dnieper, em Kherson. Moscou admite que "inimigos conseguiram penetrar defesa".
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As forças ucranianas relataram que conseguiram recapturar cidades ao longo da margem oeste do rio Dnieper, no sul da Ucrânia, perto da cidade de Kherson, capital da província de mesmo nome – uma das quatro regiões anexadas ilegamente por Moscou.
O comunicado sobre novas conquistas territoriais das tropas ucranianas foi divulgado na segunda-feira (03/10), poucos dias depois que Kiev tomou o principal centro logístico de Lyman – o ganho no campo de batalha mais significativo da Ucrânia em semanas.
Além da confirmação oficial pela Ucrânia, fontes russas reconheceram que uma ofensiva de tanques ucranianos penetrou dezenas de quilômetros ao longo da margem oeste do rio Dnieper. Vários vilarejos foram recapturados ao longo do caminho.
O porta-voz do Ministério da Defesa da Rússia. Igor Konashenov, disse que, "com unidades de tanques superiores na direção de Zolotaya Balka, Aleksandrovka, o inimigo conseguiu penetrar nas entranhas de nossa defesa".
No entanto, ele acrescentou que as tropas russas "ocuparam uma linha defensiva previamente preparada e continuam a infligir danos maciços de artilharia" às forças ucranianas.
"A informação é tensa, vamos colocar dessa forma, porque, sim, houve avanços, de fato", disse Vladimir Saldo, líder russo instalado na província de Kherson, em entrevista à emissora estatal russa. "Há um assentamento chamado Dudchany, bem ao largo do rio Dnieper, e ali mesmo, naquela região, houve um avanço. Há assentamentos ocupados por forças ucranianas."
Rob Lee, membro sênior do instituto de pesquisa Foreign Policy Research Institute, citou blogueiros militares russos informando que as tropas de Moscou haviam recuado até Dudchany – 40 quilômetros rio abaixo de onde estavam estacionados no dia anterior.
"Quando tantos canais russos estão soando o alarme, geralmente significa que eles estão com problemas", escreveu Lee em sua conta no Twitter.
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Sucessos recentes de Kiev
O avanço no sul da Ucrânia reflete os sucessos recentes das forças de Kiev no leste – e que mudaram a maré na guerra contra a Rússia.
Essa guinada ocorre apesar de Moscou tentar aumentar as apostas ao anexar ilegalmente território ucraniano, ordenar uma mobilização parcial e ameaçar com uma retaliação nuclear. Os avanços militares ucranianos prepararam o terreno para avanços destinados a cortar ainda mais as linhas de abastecimento das forças russas.
Kherson tem sido um dos campos de batalha mais difíceis para os ucranianos. Na semana passada, o presidente russo, Vladimir Putin, assinou tratados de anexação de Kherson e outras três regiões, após a realização de pseudorreferendos orquestrados pelo Kremlin. A medida foi ratificada pelo Parlamento russo.
Nações ocidentais condenaram a ação de Moscou e classificaram os "referendos" como uma farsa, conduzidos sob a mira de armas.
pv/ek (DPA, AFP, Reuters, AP)
Instantâneos de uma Ucrânia em guerra
Mostra "O novo anormal", no Museu Deichtorhallen de Hamburgo, registra horrores da guerra, mas também a resistência dos ucranianos, em trabalhos de 12 fotógrafos do país sob invasão russa.
Foto: Oksana Parafeniuk
Civis treinam com armas de madeira
Nesta imagem feita perto de Kiev em 6 de fevereiro de 2022, menos de duas semanas antes da invasão russa, a fotógrafa Oksana Parafeniuk capturou a determinação de seus compatriotas de resistir. Embora os países ocidentais não esperassem que a Rússia atacasse a capital a Ucrânia, os civis de lá já estavam treinando com armas de madeira, para caso de emergência.
Foto: Oksana Parafeniuk
Resistindo com o país
Em 24 de fevereiro, o fotógrafo Mykhaylo Palinchak acordou em Kiev com o som de sirenes, pouco depois ouviu uma explosão. "Desde então, estamos vivendo num novo mundo", afirma. Suas fotografias mostram granadas, casas destruídas e como seus compatriotas defendem a nação, mais do que nunca. A mulher da foto exibe o pulso esquerdo tatuado com o mapa da Ucrânia.
Foto: Mykhaylo Palinchak
Começou às 5 da manhã
"A guerra é a pior das opções da humanidade. Nenhum filme, nenhum livro, nenhuma foto pode transmitir este horror", diz a fotógrafa Lisa Bukreieva. "Com a invasão dos russos, meu sentido de tempo mudou. É apenas um horror de longa
duração." Esta fotografia capta o momento em que a guerra começou para ela.
Foto: Lisa Bukreieva
Cidadãos de Kiev - parte 1
Depois da invasão da Ucrânia pelo exército russo, Kiev se transformou em outra cidade, relata Alexander Chekmenev, de 52 anos. Muitos fugiram, ele próprio enviou a família para a segurança no exterior, mas ficou no país para documentar com sua Pentax a vida dos cidadãos de Kiev em tempos de guerra. Como esta ucraniana em uniforme de combate.
Foto: Alexander Chekmenev
Cidadãos de Kiev - parte 2
Abrigos antiaéreos e centros de primeiros-socorros espalharam-se pela capital ucraniana. Lá, Chekmenev fotografou gente comum, que nunca esteve sob os holofotes: "Eu queria mostrar a dignidade deles. Este país pertence ao seu povo, e eu quero mostrar o meu respeito por cada um deles", diz o fotógrafo de renome internacional.
Foto: Alexander Chekmenev
Traços do presente
Em sua série de fotografias, Pavlo Dorohoi capturou a vida em tempos de guerra em sua cidade natal, Kharkiv. Muitos cidadãos se esconderam em estações do metrô para escapar das bombas, transformando os locais em lares temporários, com "tapetes, cobertores e outros objetos pessoais", relata Dorohoi.
Foto: Pavlo Dorohoi
Bucha: o local do horror
O arquiteto e fotógrafo de Kiev Nazar Furyk fotografou lugares devastados pelas tropas russas, entres os quais a cidade de Bucha, que se tornou símbolo de muitas atrocidades. O fotógrafo se pergunta: como é possível continuar vivendo num lugar assim? Como se lida com essa experiência, gravada profundamente na memória coletiva da população ucraniana?
Foto: Nazar Furyk
Diário de Kiev - parte 1
A fotógrafa e videoartista Mila Teshaieva mantém um diário online desde o início da guerra, onde registrou tudo: desde os primeiros dias, antes dos mísseis, até os crimes contra a humanidade revelados desde então. Seus registros também incluem fotos, como esta.
Foto: Mila Teshaieva
Diário de Kiev - parte 2
Mila Teshaieva relata o desespero que a guerra provoca, mas também registra a união dos ucranianos e sua enorme vontade de resistir. Em sua cidade natal, Kiev, os moradores estão tentando proteger não só a si, mas também seus monumentos, símbolos da identidade nacional.
Foto: Mila Teshaieva
Documentação da guerra
Vladyslav Krasnoshchok é dentista, mas há anos se dedica à arte. Agora viaja por sua pátria devastada e fotografa carros queimados, pontes e tanques destruídos. "Eu tiro fotos, ouço tiros e corro de volta para o carro. Adrenalina pura!", escreve. Ele sempre revela os filmes imediatamente. Afinal, não se sabe se haverá oportunidade de tirar mais fotos.
Foto: Vladyslav Krasnoshchok
Mutilado
"Vivendo com o medo de ser ferido" é o nome da série de fotos do designer Sasha Kurmaz. A violência tem feito parte da história humana desde o início, afirma, e não está otimista se isso vá mudar em breve. Ainda assim, não desiste de sua luta pessoal por um mundo melhor.
Foto: Sasha Kurmaz
Porto seguro?
Uma cadeira, copos com bebidas: para Elena Subach esta foto tirada na cidade de Uzhgorod, no oeste da Ucrânia, simboliza a segurança de quem foge rumo a outros países. "Quase todo homem tirou uma foto da esposa e dos filhos antes de lhes dizer adeus. Eu nunca vi tanto amor e tanta dor ao mesmo tempo."