Ucrânia denuncia valas comuns e tortura em área retomada
16 de setembro de 2022
Após Zelenski acusar a descoberta de uma vala comum em Izium, polícia ucraniana relata ter encontrado pelo menos dez locais usados para tortura em outra cidade reconquistada no nordeste do país.
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O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, denunciou a descoberta de uma vala comum na cidade de Izium, no nordeste da Ucrânia. A área foi retomada das tropas russashá alguns dias. Nesta sexta-feira (16/09) a polícia da Ucrânia divulgou a descoberta de pelo menos dez locais usados para tortura em território recapturado das forças russas no nordeste do país.
À medida que as tropas ucranianas retomam faixas de território no nordeste, autoridades disseram temer descobrir crimes de guerra russos em áreas recém-libertadas. Durante uma coletiva de imprensa, o chefe de polícia da Ucrânia, Igor Klymenko, mencionou a presença de "pelo menos dez centros de tortura em assentamentos" na região de Kharkiv,, informou a agência de notícias Interfax.
Dois dos locais situam-se na cidade de Balakliya", no nordeste do país. Klymenko acrescentou que as autoridades abriram 204 processos criminais para investigar possíveis crimes de guerra cometidos pelas forças russas.
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"Rússia deixa morte por toda parte"
"Um sítio de sepultamento em massa foi encontrado em Izium, região de Kharkiv. As ações processuais necessárias já começaram no local", disse Zelenski em seu discurso noturno desta quinta-feira. "Queremos que o mundo saiba o que realmente está acontecendo e a que a ocupação russa levou. Bucha, Mariupol, agora, infelizmente, Izium. A Rússia deixa morte por toda parte. E deve ser responsabilizada por isso."
As forças de Moscou se retiraram de Izium e de outras partes da região de Kharkiv cerca de uma semana atrás após uma contraofensiva ucraniana que obrigou milhares de soldados russos a fugir.
Nesta quinta-feira, Serhiy Bolvinov, investigador-chefe da polícia da região de Kharkiv, declarou à emissora britânica Sky News que investigações forenses seriam realizadas em cada cadáver encontrado na vala comum.
Antes de começar a exumar os corpos, os investigadores examinaram o local com detectores de metal, para verificar se havia explosivos escondidos. "Posso dizer que é um dos maiores cemitérios numa grande cidade liberada", comentou Bolvinov: 440 corpos foram enterrados numa área, "alguns foram vítimas de fogo de artilharia, alguns de ataques aéreos".
Sepulturas sinalizadas com números
Repórteres das agências de notícias AP e AFP relataram ter visto centenas de sepulturas com simples cruzes de madeira, a maioria marcada apenas com números. Numa vala maior, uma placa indicava conter os corpos de 17 soldados ucranianos.
O chefe de gabinete de Zelenski, Andriy Yermak, acusou a Rússia de assassinato num tuíte sobre o local das valas comuns, e postou uma foto das cruzes de madeira rústicas.
A Rússia ainda não comentou a descoberta. O próprio Zelenski viajou a Izium na quarta-feira, onde assistiu ao hasteamento da bandeira ucraniana na prefeitura municipal.
O escritório do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos informou nesta sexta-feira que planeja enviar uma equipe a Izium para averiguar as notícias sobre a existência de uma vala comum.
"Nossos colegas na Ucrânia estão acompanhando essas alegações e pretendem organizar uma visita de monitoramento a Izium para determinar as circunstâncias da morte desses indivíduos", disse a porta-voz Elizabeth Throssell.
md/av (Reuters, AP, AFP, DPA)
Instantâneos de uma Ucrânia em guerra
Mostra "O novo anormal", no Museu Deichtorhallen de Hamburgo, registra horrores da guerra, mas também a resistência dos ucranianos, em trabalhos de 12 fotógrafos do país sob invasão russa.
Foto: Oksana Parafeniuk
Civis treinam com armas de madeira
Nesta imagem feita perto de Kiev em 6 de fevereiro de 2022, menos de duas semanas antes da invasão russa, a fotógrafa Oksana Parafeniuk capturou a determinação de seus compatriotas de resistir. Embora os países ocidentais não esperassem que a Rússia atacasse a capital a Ucrânia, os civis de lá já estavam treinando com armas de madeira, para caso de emergência.
Foto: Oksana Parafeniuk
Resistindo com o país
Em 24 de fevereiro, o fotógrafo Mykhaylo Palinchak acordou em Kiev com o som de sirenes, pouco depois ouviu uma explosão. "Desde então, estamos vivendo num novo mundo", afirma. Suas fotografias mostram granadas, casas destruídas e como seus compatriotas defendem a nação, mais do que nunca. A mulher da foto exibe o pulso esquerdo tatuado com o mapa da Ucrânia.
Foto: Mykhaylo Palinchak
Começou às 5 da manhã
"A guerra é a pior das opções da humanidade. Nenhum filme, nenhum livro, nenhuma foto pode transmitir este horror", diz a fotógrafa Lisa Bukreieva. "Com a invasão dos russos, meu sentido de tempo mudou. É apenas um horror de longa
duração." Esta fotografia capta o momento em que a guerra começou para ela.
Foto: Lisa Bukreieva
Cidadãos de Kiev - parte 1
Depois da invasão da Ucrânia pelo exército russo, Kiev se transformou em outra cidade, relata Alexander Chekmenev, de 52 anos. Muitos fugiram, ele próprio enviou a família para a segurança no exterior, mas ficou no país para documentar com sua Pentax a vida dos cidadãos de Kiev em tempos de guerra. Como esta ucraniana em uniforme de combate.
Foto: Alexander Chekmenev
Cidadãos de Kiev - parte 2
Abrigos antiaéreos e centros de primeiros-socorros espalharam-se pela capital ucraniana. Lá, Chekmenev fotografou gente comum, que nunca esteve sob os holofotes: "Eu queria mostrar a dignidade deles. Este país pertence ao seu povo, e eu quero mostrar o meu respeito por cada um deles", diz o fotógrafo de renome internacional.
Foto: Alexander Chekmenev
Traços do presente
Em sua série de fotografias, Pavlo Dorohoi capturou a vida em tempos de guerra em sua cidade natal, Kharkiv. Muitos cidadãos se esconderam em estações do metrô para escapar das bombas, transformando os locais em lares temporários, com "tapetes, cobertores e outros objetos pessoais", relata Dorohoi.
Foto: Pavlo Dorohoi
Bucha: o local do horror
O arquiteto e fotógrafo de Kiev Nazar Furyk fotografou lugares devastados pelas tropas russas, entres os quais a cidade de Bucha, que se tornou símbolo de muitas atrocidades. O fotógrafo se pergunta: como é possível continuar vivendo num lugar assim? Como se lida com essa experiência, gravada profundamente na memória coletiva da população ucraniana?
Foto: Nazar Furyk
Diário de Kiev - parte 1
A fotógrafa e videoartista Mila Teshaieva mantém um diário online desde o início da guerra, onde registrou tudo: desde os primeiros dias, antes dos mísseis, até os crimes contra a humanidade revelados desde então. Seus registros também incluem fotos, como esta.
Foto: Mila Teshaieva
Diário de Kiev - parte 2
Mila Teshaieva relata o desespero que a guerra provoca, mas também registra a união dos ucranianos e sua enorme vontade de resistir. Em sua cidade natal, Kiev, os moradores estão tentando proteger não só a si, mas também seus monumentos, símbolos da identidade nacional.
Foto: Mila Teshaieva
Documentação da guerra
Vladyslav Krasnoshchok é dentista, mas há anos se dedica à arte. Agora viaja por sua pátria devastada e fotografa carros queimados, pontes e tanques destruídos. "Eu tiro fotos, ouço tiros e corro de volta para o carro. Adrenalina pura!", escreve. Ele sempre revela os filmes imediatamente. Afinal, não se sabe se haverá oportunidade de tirar mais fotos.
Foto: Vladyslav Krasnoshchok
Mutilado
"Vivendo com o medo de ser ferido" é o nome da série de fotos do designer Sasha Kurmaz. A violência tem feito parte da história humana desde o início, afirma, e não está otimista se isso vá mudar em breve. Ainda assim, não desiste de sua luta pessoal por um mundo melhor.
Foto: Sasha Kurmaz
Porto seguro?
Uma cadeira, copos com bebidas: para Elena Subach esta foto tirada na cidade de Uzhgorod, no oeste da Ucrânia, simboliza a segurança de quem foge rumo a outros países. "Quase todo homem tirou uma foto da esposa e dos filhos antes de lhes dizer adeus. Eu nunca vi tanto amor e tanta dor ao mesmo tempo."