Ucrânia diz não descartar que avião tenha sido abatido
10 de janeiro de 2020
Presidente ucraniano diz que hipótese ainda não foi confirmada e pede que EUA, Canadá e Reino Unido compartilhem informações para ajudar a determinar se míssil iraniano foi de fato responsável por queda de avião no Irã.
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O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, afirmou nesta sexta-feira (10/01) que não descarta que um míssil tenha causado a queda de um avião de passageiros ucraniano perto de Teerã no início desta semana, mas que a hipótese - apontada por EUA, Canadá e Reino Unido - ainda não foi confirmada.
Em seguida, ele pediu que governos de outros países compartilhassem dados para ajudar a esclarecer a causa da queda do Boeing 737-800 da companhia aérea Ukraine International Airlines, que deixou 176 mortos de sete países.
"Dadas recentes declarações de líderes na mídia, nós pedimos a todos os parceiros internacionais – notadamente os governos dos EUA, Canadá e Reino Unido – que enviem dados e evidências sobre o desastre à comissão que investiga as causas", frisou Zelenski.
O presidente afirmou ainda que conversaria com o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, sobre o caso nesta sexta-feira à tarde.
O diretor da Agência de Aviação Civil do Irã, Ali Abedzadeh, afirmou nesta sexta-feira que a aeronave não foi derrubada por um míssil e pediu que todos aguardem o resultado da análise das caixas-pretas.
"Qualquer comentário ou relatório sobre o que aconteceu antes de analisar as caixas-pretas é inválido, mas posso dizer que o avião não foi atingido por um míssil", frisou Abedzadeh em entrevista coletiva.
Ele afirmou que, se outros países têm certeza quanto ao míssil, deveriam apresentar suas evidências ao mundo. O diretor disse ainda que houve fogo durante mais de um minuto enquanto o avião voava e que a localização dos destroços mostra que o piloto tentou retornar [ao aeroporto de Teerã].
Após relatos de que o avião teria sido abatido por um míssil, o Ministério das Relações Exteriores do Irã informou nesta sexta-feira que o país convidou a Ucrânia e a americana Boeing a participar da investigação.
Investigação internacional
O ministro do Exterior alemão, Heiko Maas, fez eco aos apelos de Zelenski para uma cooperação. Falando à emissora alemã de televisão n-tv, Maas pediu a "maior transparência possível" nas investigações.
"Eu acho que todos os lados reconheceram que já passou o tempo da escalada militar, que faz sentido falar uns com os outros", afirmou.
Farhad Parvaresh, representante do Irã na Organização Internacional da Aviação Civil, afirmou que o país estava comprometido com uma investigação transparente e preparado para fornecer vistos aos investigadores acreditados.
A National Transportation Safety Board, agência independente do governo americano dedicada à investigação de acidentes aéreos, disse também que aceitou um convite do Irã para participar das investigações. A lei de aviação das Nações Unidas dá à agência investigadora o direito de participar de qualquer investigação envolvendo aviões projetados e construídos nos EUA.
O Canadá, que perdeu 63 cidadãos no acidente, também designou um investigador para o caso. Os convites foram estendidos também à Suécia e ao Afeganistão. A França, que produziu os motores do avião, também pode enviar investigadores.
Vídeo mostra suposto míssil
O avião de passageiros ucraniano caiu poucas horas depois de o Irã lançar mísseis iranianos contra duas bases usadas por tropas americanas no Iraque, numa operação em retaliação pela morte do general iraniano Qassim Soleimani.
Tanto os EUA como o Canadá disseram que há provas de que o Irã abateu o avião, possivelmente por engano. O Reino Unido também endossou a possibilidade.
Um vídeo divulgado pelo "The New York Times" e verificado pelo grupo investigativo Bellingcat, especializado na checagem de informações disponíveis ao público, mostra o que parece ser um míssil atingindo um avião perto do aeroporto de Teerã, na mesma área em que a aeronave de passageiros caiu.
Nick Waters, investigador do Bellingcat, afirmou em entrevista à DW que o vídeo mostra uma explosão em pleno ar ocorrendo ao longo da trajetória de voo do avião. Waters disse que, embora ele não possa descartar a explicação do Irã, as evidências são atualmente a favor da hipótese do míssil.
"Atualmente, a informação que temos e que estava disponível indica ser mais provável que ele tenha sido abatido", sublinhou.
A aeronave ucraniana, que caiu poucas horas depois do ataque iraniano a bases no Iraque, decolou do aeroporto de Teerã às 6h12 da manhã (horário local) e foi lhe dado permissão para subir até 26 mil pés (quase 8 mil metros), afirmou umrelatório preliminar das autoridades iranianas nesta quinta-feira. Seis minutos depois, o avião caiu perto da cidade de Sabashahr.
As autoridades ucranianas disseram que 82 iranianos, 63 canadenses e 11 ucranianos haviam embarcado no avião. Devido à ausência de voos diretos, a rota entre Toronto e Teerã via Kiev é popular entre canadenses com ascendência iraniana que visitam o Irã.
O avião é um dos meios de transporte mais seguros do mundo, mas desastres aéreos, quando acontecem, costumam envolver um grande número de vítimas. Relembre acidentes dos últimos 70 anos que entraram para a história.
Foto: picture-alliance/C. Daughty
Tragédia mata time base da seleção italiana
Há 70 anos, em 4 de maio de 1949, o avião que levava o time do Torino, então tetracampeão italiano, após um amistoso contra o Benfica, em Lisboa, se chocou contra a Basílica de Superga, em Turim. O acidente matou as 31 pessoas a bordo, incluindo 18 jogadores e cinco integrantes da comissão técnica. O Torino era considerado a melhor equipe de futebol do mundo e formava a base da seleção italiana.
Foto: picture-alliance/dpa
Milagre após 73 dias perdidos nos Andes
Em 13 de outubro de 1972, 45 pessoas – jogadores de um clube de rugby e familiares –partiram de Montevidéu em um avião da Força Aérea Uruguaia rumo ao Chile. A aeronave caiu nos Andes, causando na hora a morte de 12 pessoas e de outras 17 nos dias seguintes. No entanto, 16 homens sobreviveram a 73 dias na neve e foram resgatados após dois deles terem deixado o acampamento para pedir socorro.
Foto: AFP/Getty Images
O maior número de vítimas da aviação
Em 27 de março de 1977, um Boeing 747 da KLM vindo de Amsterdã colidiu com um Jumbo da PanAm que partiu de Los Angeles na pista do aeroporto de Los Rodeos, em Tenerife, nas Ilhas Canárias. A explosão matou 583 pessoas, o maior número de vítimas fatais da história da aviação. Os aviões tinham sido desviados para Los Rodeos devido a um ataque a bomba no aeroporto de Las Palmas, em Gran Canária.
Foto: Getty Images/AFP
Bomba derruba aeronave no Oceano Atlântico
A explosão de uma bomba no compartimento de cargas de um Boeing 747 causou a queda do vôo 182 da Air India no Oceano Atlântico, em 23 de junho de 1985, quando ele sobrevoava a costa da Irlanda, na rota entre Montreal e Nova Déli. As 329 pessoas a bordo morreram. O ataque foi vinculado a extremistas sikhs.
Foto: Getty Images/AFP/A. Durand
O maior número de vítimas em um único avião
O acidente com o maior número de vítimas a bordo de um único avião aconteceu com o voo 123 da Japan Airlines, que fazia a rota entre Tóquio e Osaka. O Boeing 747-SR46 colidiu com o Monte Takamagahara, a 100 quilômetros de Tóquio, em 12 de agosto de 1985. Entre os 520 mortos estava o famoso cantor Kyū Sakamoto. Quatro mulheres sobreviveram, sendo duas delas crianças.
Foto: picture alliance/dpa/Toshiki Ohira
Avião atinge espectadores de show aéreo
Três aviões da esquadrilha acrobática italiana Flechas Tricolores (Frecce Tricolori) se chocaram em pleno voo durante um show de acrobacias aéreas na base militar americana em Ramstein, no sudoeste da Alemanha, em 28 de agosto de 1988. Um dos jatos caiu sobre a multidão de espectadores, matando 70 pessoas e deixando mais de mil feridas.
Foto: picture-alliance/dpa/Füger
Choque causa morte de crianças e adolescentes
Uma colisão entre um Tupolew 154 da companhia russa Bashkirian Airlines, que vinha de Moscou, e um jato da empresa alemã DHL, que viajava do Bahrein a Bruxelas, matou 71 pessoas na noite de 1º de julho de 2002 sobre a cidade de Überlingen, na Alemanha, às margens do Lago de Constança. Entre as vítimas, estavam 49 crianças e adolescentes que viajavam de férias para a Espanha.
Foto: AP
Colisão mata 154 no Brasil
Um choque no ar com um jato Legacy provocou a queda de um Boeing da Gol em 29 de setembro de 2006, a 692 quilômetros de Cuiabá (MT), matando as 154 pessoas a bordo. O voo 1907 havia saído de Manaus, faria escala em Brasília e seguiria para o Rio. O Legacy, que viajava para os Estados Unidos quando bateu, conseguiu pousar na Serra do Cachimbo, no Pará. As sete pessoas a bordo saíram ilesas.
Foto: Força Aérea Brasileira/Divulgação
Acidentes mortais da Latam
Em 17 de julho de 2007, um Airbus A320 da Latam (antiga TAM) que vinha de Porto Alegre não conseguiu parar na pista de Congonhas, atravessou uma avenida e colidiu com um prédio da TAM Express, causando 199 mortes (187 a bordo e 12 em solo). Onze anos antes, um Foker 100 que seguia para o Rio havia caído 24 segundos depois de decolar de Congonhas, matando as 96 pessoas a bordo e três em solo.
Foto: AP
Brasileiros na tragédia da Air France
Em 31 de maio de 2009, um Airbus 330-203 da Air France que fazia a rota Rio de Janeiro-Paris caiu no Atlântico, matando as 228 pessoas a bordo, sendo 59 brasileiros. Partes da fuselagem e corpos foram encontrados quase dois anos depois. A investigação concluiu que a causa foi uma combinação de erros dos pilotos com problemas ocorridos por congelamento nos sensores de velocidade.
Foto: picture-alliance/dpa
Míssil russo derruba Boeing na Ucrânia
Um míssil russo abateu o voo MH17 da Malaysia Airlines, causando a queda do Boeing 777 que sobrevoava a Ucrânia, em 17 de julho de 2014. As 298 pessoas a bordo morreram, a maioria holandesas – o voo havia partido de Amsterdã com destino a Kuala Lumpur. Os investigadores concluíram que o míssil Bouk-Telar foi disparado de uma brigada antiaérea em Kursk, na Rússia, perto da fronteira com a Ucrânia.
Foto: imago/Itar-Tass
Acidente causado por piloto da Germanwings
Uma tragédia em 24 de março de 2015 chocou a Alemanha. Um Airbus A320 da Germanwings que fazia a rota Barcelona-Düsseldorf caiu nos Alpes Franceses, matando os 144 passageiros e seis tripulantes. O desastre foi causado intencionalmente pelo copiloto, Andreas Lubitz, que omitiu da companhia tendências suicidas. Andreas trancou o piloto fora da cabine e chocou a aeronave contra as montanhas.
O presidente da Polônia Lech Kaczynski morreu em 10 de abril de 2010, quando o Tupolev 1954 em que ele estava caiu perto do aeroporto de Smolensk, na Rússia, matando também outras 96 pessoas, entre elas autoridades do primeiro escalão do governo. A comitiva polonesa viajava para a Rússia para participar de uma cerimônia em memória ao massacre de prisioneiros poloneses na Segunda Guerra Mundial.
Foto: AP
Tragédia da Chapecoense
Em 28 de novembro de 2016, o avião da LaMia que levava o time da Chapecoense, dirigentes e jornalistas caiu quando voava de Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, para Medellín, na Colômbia, matando 71 das 77 pessoas a bordo. A equipe disputaria a final da Copa Sul-Americana contra o colombiano Atlético Nacional. A investigação revelou uma série de erros, como falta de combustível.