Ucrânia estima 50 mil soldados russos mortos na guerra
6 de setembro de 2022
Em mais de seis meses de conflito, número de mortos entre as forças russas segundo o governo ucraniano é o dobro do estimado pelo Reino Unido. Moscou não informa cifras, e não há confirmação independente.
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Em pouco mais de seis meses de guerra, o exército russo sofreu mais de 50 mil baixas, segundo dados ucranianos. O Estado-maior da Ucrânia anunciou nesta terça-feira (06/09) que exatos 50.150 soldados russos foram mortos em 195 dias de combates. Além disso, o exército ucraniano afirmou já ter destruído 2.077 tanques, 4.484 veículos blindados, 236 aeronaves e 207 helicópteros.
Não há confirmação independente dos números. O Ministério da Defesa do Reino Unido, por outro lado, estima um número significativamente menor, de cerca de 25 mil soldados russos mortos. A própria Rússia não fornece informações sobre suas baixas no conflito com a Ucrânia.
Na sexta-feira passada, separatistas pró-Rússia em Donetsk estimaram que pouco mais de 2.900 de seus combatentes morreram desde o início da invasão.
Kiev, por sua vez, raramente divulga dados sobre as próprias baixas: os últimos dados falam em 9 mil soldados mortos e 7 mil desaparecidos.
Em relação à morte de civis, as Nações Unidas registraram até agora mais de 5.700 óbitos. Já o governo ucraniano tem informado cifras muito maiores. Os separatistas mencionaram apenas 870 civis mortos em sua área.
Zaporíjia preocupa Zelenski
Os combates seguem ativos na região do Donbass, no leste ucraniano. Segundo o Estado-maior da Ucrânia, as forças russas bombardearam recentemente dezenas de localidades com artilharia e aviões de guerra. Além disso, oito ataques relâmpagos de forças russas foram repelidos em oito lugares no leste, incluindo nas proximidades da cidade de Bakhmut, na região de Donetsk.
E, de acordo com o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, a situação na usina nuclear de Zaporíjia – ocupada por tropas russas – segue tensa. Segundo ele, a maior usina nuclear da Europa está pela segunda vez a "apenas um passo de uma catástrofe nuclear".
O último reator ainda em funcionamento da usina foi desligado na segunda-feira. Um funcionário relatou à emissora estatal alemã ARD que esse reator ainda é capaz de operar os sistemas de refrigeração, mas que isso não funcionará por muito tempo. Em seguida, seria necessário recorrer a geradores de emergência – estes, porém, seriam capazes de manter o fornecimento de energia para o resfriamento por no máximo 72 horas.
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Sem avanços por falta de drones
Num contexto geral, o avanço russo está parado há semanas. Segundo o Ministério da Defesa do Reino Unido, as operações russas estão prejudicadas pela escassez de drones de reconhecimento.
"Diante das perdas em combate, é provável que a Rússia esteja encontrando dificuldades para manter estoques de veículos aéreos não tripulados, ou drones, exacerbados pela escassez de componentes devido às sanções internacionais", escreveu o ministério britânico em seu perfil no Twitter. "A disponibilidade limitada de drones de reconhecimento provavelmente está degradando a consciência situacional tática dos comandantes e dificultando cada vez mais as operações russas."
A Rússia tem confiado cada vez mais em drones nos últimos anos, especialmente para identificar alvos de artilharia. Mas os drones são vulneráveis, pois são um alvo relativamente fácil de ser derrubado e sofrem diversas avarias técnicas.
O governo do Reino Unido tem publicado regularmente informações de inteligência sobre o andamento da guerra. Moscou acusa Londres de executar uma campanha direcionada de desinformação.
pv/ek (Reuters, DPA, ots)
Ataques da Rússia a alvos civis na Ucrânia
Vladimir Putin nega que o exército russo esteja atacando alvos civis na guerra na Ucrânia. Mas os fatos o contradizem, como mostra esta galeria de fotos, que nem de longe abrange todos os ataques russos.
Foto: Maksim Levin/REUTERS
Mais de 5.500 civis mortos
O presidente russo, Vladimir Putin, declarou no fim de junho: "O exército russo não está atacando alvos civis". Observadores independentes discordam: de acordo com dados da ONU, mais de 5.500 civis morreram na Ucrânia desde o início da guerra e mais de 7.800 ficaram feridos como resultado de ataques russos. Na foto, um centro comercial destruído em Kremenchuk, 27/06/2022.
Foto: Efrem Lukatsky/AP Photo/picture alliance
Chaplyne: 25 mortos em bombardeio
Uma enorme cratera em Chaplyne. A pequena cidade no leste da Ucrânia, com cerca de 3.800 habitantes, foi alvo de um ataque russo em 24 de agosto, como admitiu mais tarde o Ministério da Defesa em Moscou. O alvo foi um trem de transporte de armas, mas o ataque também atingiu civis. Segundo a companhia ferroviária ucraniana, 25 foram mortos, incluindo duas crianças.
Foto: Dmytro Smolienko/Ukrinform/IMAGO
Vinnytsia: 28 vítimas em ataque com foguete
Em 14 de julho, o exército russo atingiu com um míssil a Casa dos Oficiais de Vinnytsia, onde teria ocorrido "uma reunião da liderança militar das Forças Armadas ucranianas e fornecedores estrangeiros de armas". Entre os 28 mortos, estavam três crianças e três oficiais, além de mais de 100 feridos. Vinnytsia se localiza a sudoeste de Kiev.
Foto: State Emergency Service of Ukraine/REUTERS
Chasiv Yar: 48 mortos em bombardeio
Na noite de 9 de julho, a pequena cidade de Chasiv Yar, no leste da Ucrânia, foi bombardeada. Segundo a mídia, os lançadores de foguetes múltiplos Uragan foram disparados em áreas residenciais. Um edifício residencial de cinco andares foi duramente atingido, e 48 corpos foram resgatados de seus escombros.
Foto: Nariman El-Mofty/AP/dpa/picture alliance
Serhiyivka: 21 mortos em ataque com mísseis de cruzeiro
Um ataque a Serhiyivka em 1º de julho custou pelo menos 21 vidas. O porto perto de Odessa aparentemente foi atingido por mísseis de cruzeiro durante a noite, como a Anistia Internacional informou após investigações no local. Pelo menos 35 ficaram feridos nos ataques. Por ser um resort de saúde, Serhiyivka é particularmente popular entre os turistas russos.
Foto: Maxim Penko/AP/picture alliance
Kramatorsk: 61 mortos na estação de trem
Imagens terríveis de Kramatorsk deram a volta ao mundo em 8 de abril: vários mísseis submarinos russos 9K79-1 Tochka atingiram a estação ferroviária da cidade no leste da Ucrânia, enquanto passageiros esperavam pelo trem. 61 foram mortos, incluindo sete crianças. Cientistas de balística determinaram que os mísseis haviam sido disparados da área da Ucrânia controlada pelos russos.
Foto: Ukrainian President Volodymyr Zelenskyy's Telegram channel/dpa/picture alliance
Bucha: encontrados 1.316 corpos
Bucha tornou-se sinônimo das ações brutais do Exército russo: depois que as tropas inimigas partiram, em 30 de março, vários corpos jaziam na rua Jablunska. No total, foram encontrados 1.316 corpos em Bucha e arredores. Embora a Rússia tenha negado quaisquer massacres, verificadores de fatos internacionais e equipes de investigação confirmaram execuções de civis por soldados russos.
Foto: Zohra Bensemra/Reuters
Mykolaiv: 36 mortos em ataque à administração regional
Em 29 de março, um ataque aéreo atingiu o prédio da administração regional de Mykolaiv. A parte central do edifício foi completamente destruída, do primeiro ao nono andar, restando apenas um esqueleto do prédio. A explosão também danificou vários edifícios residenciais e administrativos próximos, causando a morte de 36 cidadãos.
Em 16 de março, uma bomba destruiu o teatro no centro de Mariupol. De acordo com a Human Rights Watch, mais de 500 civis estavam se abrigando dos ataques no prédio na época. A palavra "Crianças" escrita em enormes letras brancas na frente e atrás do prédio não serviu como escudo. Segundo a prefeitura, 300 morreram.
Foto: Pavel Klimov/REUTERS
Mariupol: quatro mortos em ataque a clínica
Um ataque aéreo russo em 9 de março destruiu o hospital infantil e a maternidade de Mariupol. Houve menos quatro mortes, incluindo uma grávida e seu bebê, 17 ficaram feridos. Enquanto o Ministério da Defesa russo falou de uma "provocação encenada", o chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, chamou o atentado de "crime de guerra".
Foto: Evgeniy Maloletka/AP/picture alliance
Charkiv: foguete mata 24 pessoas
Um vídeo de vigilância divulgado pelo Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia mostrou um foguete atingindo o prédio da Administração Estatal Regional de Kharkiv em 1º de março, causando 24 mortes, inclusive de transeuntes.
Foto: Pavel Dorogoy/AP/picture alliance
Inquérito do Tribunal Penal Internacional
As autoridades ucranianas relatam mais de 29 mil crimes de guerra, do início do conflito, em 24 de fevereiro de 2022, até 26 de agosto. Investigações independentes prosseguem. O Tribunal Penal Internacional enviou equipes para coletar informações. De acordo com as Convenções de Genebra, ataques deliberados a civis são crimes de guerra. No entanto, a Rússia não reconhece a corte sediada em Haia.