Ucrânia mais perto da adesão à UE, diz Von der Leyen
4 de novembro de 2023
Kiev "já percorreu bem mais de 90% do caminho", mas ainda faltam algumas reformas vitais, diz líder europeia. Zelenski admite que conflito em Gaza tirou o foco de seu país, mas nega "impasse" nas frentes de batalha.
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O líder ucraniano, Volodimir Zelenski, recebeu neste sábado (04/09) a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que realizou uma viagem não anunciada a Kiev para tratar da adesão da Ucrânia à União Europeia (UE) e reiterar o apoio do bloco europeu ao país.
Von der Leyen afirmou em discurso no Parlamento ucraniano que Kiev já cumpriu a maior parte dos requisitos para se tornar um Estado-membro da UE, bem mais do que se podia esperar de um país em guerra. "Eles já percorreram bem mais de 90% do caminho até lá", ressaltou.
Ela avaliou que a Ucrânia vem realizando amplas reformas visando a entrada no bloco europeu e elogiou os esforços contra a corrupção no país. Von der Leyen, no entanto, ressaltou que ainda faltam algumas etapas consideradas fundamentais por Bruxelas para a futura adesão, como a criação de leis voltadas para atividades de grupos de interesses e lobbies e regulamentações mais rígidas sobre declarações de bens.
Na próxima quarta-feira, a presidente da Comissão Europeia apresentará um relatório sobre os avanços das reformas ucranianas, que servirá de base para as decisões dos líderes da UE quanto ao possível início já em dezembro do processo da adesão da Ucrânia ao bloco.
Há poucos meses, o país formalizou sua candidatura, mas os 27 Estados-membros ainda não concordaram de maneira unânime com o início das negociações.
Os sete critérios essenciais para essa próxima etapa incluem a reforma do processo de seleção para os juízes da Suprema Corte e novas medidas de combate à corrupção, especialmente nos escalões mais altos do poder. A UE exige ainda que Kiev cumpra requisitos referentes ao combate à lavagem de dinheiro e aprove uma lei para impedir o excesso de influência dos oligarcas.
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Zelenski nega "impasse" nas frentes de batalha
O líder ucraniano negou neste sábado que a guerra com a Rússia tenha chegado a um impasse, e pediu ajuda aos aliados para reforçar a defesa antiaérea do país.
No dia anterior, o comandante-em-chefe das Forças Armadas Ucranianas, o general Valery Zaluzhnyi, disse em artigo publicado na imprensa que o conflito se move para uma fase de combates estáticos e de atrito, que poderia permitir a Moscou uma chance de reforçar seu poder militar.
Zelenski, no entanto, disse que "o tempo passou e as pessoas estão cansadas, mas isso não é um impasse". Ele reconheceu as dificuldades da guerra, que já chega ao 21º mês, e os obstáculos para seu Exército atingir maiores êxitos em sua contraofensiva.
Entretanto, ele diz que suas tropas não têm alternativa a não ser seguir lutando. As forças ucranianas obtiveram progressos lentos na contraofensiva iniciada em junho. Contudo, as tropas russas foram duramente atingidas no Leste do país.
Em seu último relatório, o Exército ucraniano mencionou ganhos importantes em algumas regiões na província de Donetsk e informou que suas forças continuam a avançar rumo ao Mar de Azov, no sudeste do país.
Zelenski avaliou que o fato de os olhos do mundo estarem voltados para a guerra entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza alimenta as esperanças russas de tirar o foco das atenções na guerra na Ucrânia.
Ele, porém, disse que seu país está pronto para enfrentar esse desafio, e que a Ucrânia já atravessou momentos difíceis em que não esteve no centro das atenções. "Sempre conseguimos lidar com essa situação", sublinhou.
A invasão russa da Ucrânia em imagens
Em 24 de fevereiro de 2022, Moscou invadiu o território ucraniano por terra, ar e mar, lançou foguetes e destruiu instalações militares em diferentes partes do país vizinho. Em pânico, cidadãos tentaram fugir.
Foto: Kunihiko Miura/AP/picture alliance
Ucranianos em pânico
Uma manhã dramática na Ucrânia. Depois que a Rússia iniciou um ataque ao país vizinho. e se ouviram as primeiras explosões – inclusive na capital, Kiev –, muitos fugiram. Veículos militares circulavam pelas ruas da cidade, enquanto residentes faziam as malas e tentavam deixar o local.
Foto: Sputnik/dpa/picture alliance
Filas de carros em Kiev
O desespero dos civis ucranianos gerou um enorme congestionamento na principal avenida em direção ao oeste de Kiev. O ataque foi anunciado pelo presidente russo, Vladimir Putin, num pronunciamento, alegando ter iniciado uma operação militar contra a Ucrânia para de "desmilitarizar" o país e eliminar supostas "ameaças" contra Moscou.
Foto: Chris McGrath/Getty Images
Ataques aéreos
Explosões foram ouvidas alguns minutos depois do fim do pronunciamento de Putin. Nesta foto, vê-se um outdoor aparentemente destruído por um míssel, em Kiev. O governo ucraniano falou de uma "invasão em grande escala" de seu território, assegurando que o país "se defenderá e vencerá".
Foto: Efrem Lukatsky/AP Photo/picture alliance
Tropas ucranianas se mobilizam
Tanques ucranianos se deslocam para a cidade portuária de Mariupol, no sudeste do país. As Forças Armadas ucranianas são as segundas maiores da região, porém a Rússia as supera em todas as áreas, exceto no número de soldados na ativa.
Foto: Carlos Barria/REUTERS
Explosões em várias partes do país
Soldados examinam os restos de um foguete numa praça da capital ucraniana. Além de Kiev, explosões atingiram várias cidades próximas à fronteira com a Rússia. O mesmo ocorreu nas regiões costeiras, bem como na cidade portuária de Odessa, próxima à Península da Crimeia, ocupada por Moscou.
Foto: Valentyn Ogirenko/REUTERS
Rússia destrói instalações militares
Algumas partes da Ucrânia ficaram cobertas por fumaça preta após as explosões. A coluna de fumaça nesta foto parte de um aeroporto militar que teria sido atingido por bombardeios, perto da cidade de Kharkiv, no leste do país.
Foto: Aris Messinis/AFP/Getty Images
Ameaça à população
O Ministério da Defesa russo afirma que não visa cidades e "não há ameaça à população civil". A Agência de Segurança da Aviação da União Europeia descreveu o espaço aéreo ucraniano como "zona de conflito ativo". Os metrôs de Kiev foram liberados ao público e muitos civis se abrigaram nas estações, como mostra esta foto.
Foto: AFP via Getty Images
Explosões em áreas residenciais
Apesar do que diz o governo russo, há relatos de explosões em áreas residenciais. Bombeiros tentam conter um incêndio num bloco de apartamentos após um suposto ataque aéreo na localidade de Chuhuiv, perto de Kharkiv, no leste do país.
Foto: Wolfgang Schwan/AA/picture alliance
Invasão por terra
A invasão russa à Ucrânia ocorre também por mar e terra. Esta foto capturada por uma câmera de vigilância e publicada pelas autoridades fronteiriças da Ucrânia mostraria veículos militares russos cruzando a fronteira na Crimeia, em direção à Ucrânia. Essa península foi anexada pela Rússia em março de 2014.
Foto: State Border Guard Service Of Uk/picture alliance/dpa/PA Media
Alguns fogem, outros se preparam
Os efeitos dos ataques podem ser observados em todo o país. Na cidade de Lviv, de 700 mil habitantes, no extremo oeste da Ucrânia, longas filas se formaram em caixas eletrônicos O mesmo ocorreu em supermercados e lojas, na esperança de estocar alimentos e água. Enquanto alguns tentavam fugir, outros pareciam se preparar para se isolar.