Ucrânia exige indenização de US$ 300 bilhões da Rússia
9 de setembro de 2022
Kiev quer alcançar uma resolução na ONU para lançar as bases de um mecanismo internacional de compensação ao país arrasado pela invasão. Valor corresponde aos ativos congelados do Banco Central russo pelas nações do G7.
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A Ucrânia exigirá mais de 300 bilhões de dólares da Rússia em reparações de guerra, afirmou nesta sexta-feira (09/09) o ministro da Justiça do país, Denys Maliuska. Para isso, Kiev pretende alcançar uma resolução numa sessão especial da Assembleia Geral da ONU, em outubro, para lançar as bases de um mecanismo internacional de compensação.
"Queremos uma compensação por todos os danos causados pela Rússia na Ucrânia através da sua guerra de agressão. Os danos diretos causados pela destruição de infraestrutura, edifícios residenciais e indústrias totalizam mais de 300 bilhões de dólares", disse Maliuska em entrevista para o grupo de mídia alemão Funke.
Estima-se que os danos causados pela invasão russa da Ucrânia sejam muitos maiores, mas o montante de 300 bilhões de dólares corresponde aos ativos congelados do Banco Central russo como resultado das sanções impostas a Moscou pelos países do G7.
Maliuska salientou que os ativos de empresas estatais russas, como a Gazprom ou a Rosneft, "deveriam fluir para este fundo", bem como o dinheiro das contas dos oligarcas russos e de seus ativos no exterior, que também são alvo de sanções internacionais.
O ministrou também mencionou "danos ambientais" bem como "danos pessoais causados às vítimas de guerra", que considerou incalculáveis. "Presumimos que centenas de milhares de pessoas tenham morrido por causa da guerra. Os familiares têm direito a uma indenização", frisou Maliuska.
Ele também exigiu da Alemanha informações sobre o valor de bens russos no país. Ao mesmo tempo, pediu apoio do governo alemão para alcançar a resolução junto à ONU. Maliuska conversou com o ministro da Justiça alemão, Marco Buschmann, nesta quinta-feira em Berlim.
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Êxito militar da Ucrânia contra tropas russas
A Ucrânia anunciou nesta quinta-feira que obteve êxito militar em suacontraofensiva contra tropas russas. Kiev afirmou que suas forças obtiveram ganhos no norte, sul e leste do país, retomando terras ocupadas pela Rússia, que esperava uma vitória rápida quando invadiu o país há quase sete meses.
Na região ao redor de Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia, as tropas ucranianas avançaram 50 quilômetros e "libertaram" mais de 20 cidades e vilarejos, afirmou o oficial militar Oleksiy Gromov.
Em visita surpresa a Kiev, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, revelou que o governo americano vai fornecer mais 2,8 bilhões de dólares em ajuda militar para a Ucrânia e outros países europeus ameaçados pela Rússia.
A guerra na Ucrânia, que começou em 24 de fevereiro, gerou 13 milhões de refugiados, sendo 6 milhões de deslocados internos e 7 milhões para países vizinhos, segundo dados mais recentes da ONU. A organização classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.
A invasão russa – justificada pelo presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para a segurança da Rússia – foi condenada pela comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamentos para a Ucrânia e
Vladimir Putin nega que o exército russo esteja atacando alvos civis na guerra na Ucrânia. Mas os fatos o contradizem, como mostra esta galeria de fotos, que nem de longe abrange todos os ataques russos.
Foto: Maksim Levin/REUTERS
Mais de 5.500 civis mortos
O presidente russo, Vladimir Putin, declarou no fim de junho: "O exército russo não está atacando alvos civis". Observadores independentes discordam: de acordo com dados da ONU, mais de 5.500 civis morreram na Ucrânia desde o início da guerra e mais de 7.800 ficaram feridos como resultado de ataques russos. Na foto, um centro comercial destruído em Kremenchuk, 27/06/2022.
Foto: Efrem Lukatsky/AP Photo/picture alliance
Chaplyne: 25 mortos em bombardeio
Uma enorme cratera em Chaplyne. A pequena cidade no leste da Ucrânia, com cerca de 3.800 habitantes, foi alvo de um ataque russo em 24 de agosto, como admitiu mais tarde o Ministério da Defesa em Moscou. O alvo foi um trem de transporte de armas, mas o ataque também atingiu civis. Segundo a companhia ferroviária ucraniana, 25 foram mortos, incluindo duas crianças.
Foto: Dmytro Smolienko/Ukrinform/IMAGO
Vinnytsia: 28 vítimas em ataque com foguete
Em 14 de julho, o exército russo atingiu com um míssil a Casa dos Oficiais de Vinnytsia, onde teria ocorrido "uma reunião da liderança militar das Forças Armadas ucranianas e fornecedores estrangeiros de armas". Entre os 28 mortos, estavam três crianças e três oficiais, além de mais de 100 feridos. Vinnytsia se localiza a sudoeste de Kiev.
Foto: State Emergency Service of Ukraine/REUTERS
Chasiv Yar: 48 mortos em bombardeio
Na noite de 9 de julho, a pequena cidade de Chasiv Yar, no leste da Ucrânia, foi bombardeada. Segundo a mídia, os lançadores de foguetes múltiplos Uragan foram disparados em áreas residenciais. Um edifício residencial de cinco andares foi duramente atingido, e 48 corpos foram resgatados de seus escombros.
Foto: Nariman El-Mofty/AP/dpa/picture alliance
Serhiyivka: 21 mortos em ataque com mísseis de cruzeiro
Um ataque a Serhiyivka em 1º de julho custou pelo menos 21 vidas. O porto perto de Odessa aparentemente foi atingido por mísseis de cruzeiro durante a noite, como a Anistia Internacional informou após investigações no local. Pelo menos 35 ficaram feridos nos ataques. Por ser um resort de saúde, Serhiyivka é particularmente popular entre os turistas russos.
Foto: Maxim Penko/AP/picture alliance
Kramatorsk: 61 mortos na estação de trem
Imagens terríveis de Kramatorsk deram a volta ao mundo em 8 de abril: vários mísseis submarinos russos 9K79-1 Tochka atingiram a estação ferroviária da cidade no leste da Ucrânia, enquanto passageiros esperavam pelo trem. 61 foram mortos, incluindo sete crianças. Cientistas de balística determinaram que os mísseis haviam sido disparados da área da Ucrânia controlada pelos russos.
Foto: Ukrainian President Volodymyr Zelenskyy's Telegram channel/dpa/picture alliance
Bucha: encontrados 1.316 corpos
Bucha tornou-se sinônimo das ações brutais do Exército russo: depois que as tropas inimigas partiram, em 30 de março, vários corpos jaziam na rua Jablunska. No total, foram encontrados 1.316 corpos em Bucha e arredores. Embora a Rússia tenha negado quaisquer massacres, verificadores de fatos internacionais e equipes de investigação confirmaram execuções de civis por soldados russos.
Foto: Zohra Bensemra/Reuters
Mykolaiv: 36 mortos em ataque à administração regional
Em 29 de março, um ataque aéreo atingiu o prédio da administração regional de Mykolaiv. A parte central do edifício foi completamente destruída, do primeiro ao nono andar, restando apenas um esqueleto do prédio. A explosão também danificou vários edifícios residenciais e administrativos próximos, causando a morte de 36 cidadãos.
Em 16 de março, uma bomba destruiu o teatro no centro de Mariupol. De acordo com a Human Rights Watch, mais de 500 civis estavam se abrigando dos ataques no prédio na época. A palavra "Crianças" escrita em enormes letras brancas na frente e atrás do prédio não serviu como escudo. Segundo a prefeitura, 300 morreram.
Foto: Pavel Klimov/REUTERS
Mariupol: quatro mortos em ataque a clínica
Um ataque aéreo russo em 9 de março destruiu o hospital infantil e a maternidade de Mariupol. Houve menos quatro mortes, incluindo uma grávida e seu bebê, 17 ficaram feridos. Enquanto o Ministério da Defesa russo falou de uma "provocação encenada", o chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, chamou o atentado de "crime de guerra".
Foto: Evgeniy Maloletka/AP/picture alliance
Charkiv: foguete mata 24 pessoas
Um vídeo de vigilância divulgado pelo Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia mostrou um foguete atingindo o prédio da Administração Estatal Regional de Kharkiv em 1º de março, causando 24 mortes, inclusive de transeuntes.
Foto: Pavel Dorogoy/AP/picture alliance
Inquérito do Tribunal Penal Internacional
As autoridades ucranianas relatam mais de 29 mil crimes de guerra, do início do conflito, em 24 de fevereiro de 2022, até 26 de agosto. Investigações independentes prosseguem. O Tribunal Penal Internacional enviou equipes para coletar informações. De acordo com as Convenções de Genebra, ataques deliberados a civis são crimes de guerra. No entanto, a Rússia não reconhece a corte sediada em Haia.