Ucrânia quer atletas russos fora dos Jogos Olímpicos de 2024
15 de dezembro de 2022
Zelenski rechaça proposta de russos competirem sob bandeira neutra, e pede ao Comitê Olímpico Internacional o "isolamento completo" da Rússia e de Belarus.
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O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, repudiou a participação de atletas russos – mesmo sob bandeira neutra – nos próximos Jogos Olímpicos, em Paris. O posicionamento de Zelenski foi manifestado depois que ele se reuniu com Thomas Bach, chefe do Comitê Olímpico Internacional (COI).
Na semana passada, Bach afirmou que ainda não havia uma decisão sobre o status da participação de atletas russos e belarrussos nos Jogos de Paris de 2024. Em fevereiro, o COI emitiu orientações aos órgãos reguladores do esporte para remover atletas da Rússia e de Belarus das competições devido à guerra travada por Moscou em solo ucraniano.
O governo ucraniano ficou desapontado com a ideia de que os atletas russos e belarrussos possam competir sob uma bandeira neutra. "Não se pode tentar ser neutro quando os fundamentos da vida pacífica estão sendo destruídos e os valores humanos universais estão sendo ignorados", disse Zelenski em um comunicado.
O presidente da Ucrânia acrescentou que a única resposta a Moscou é "o completo isolamento do Estado terrorista no cenário internacional e isso se aplica, em particular, a eventos esportivos internacionais". Desde o início da guerra, segundo dados de Kiev, 184 atletas ucranianos foram mortos pelas forças russas.
"Todas suas bandeiras estão manchadas de sangue"
"Só podemos dizer uma coisa: uma bandeira branca ou neutra é impossível para os atletas russos, pois todas as suas bandeiras estão manchadas de sangue", disse Zelenski, em uma mensagem em vídeo publicada após o comunicado escrito.
O Comitê Olímpico e Paraolímpico dos EUA recentemente apoiou a ideia de explorar a possibilidade de permitir a participação de atletas russos e belarrussos nos Jogos Olímpicos de 2024 – desde que não compitam com as bandeiras ou cores de seus países.
Bach comunicou que ainda não há um prazo para uma decisão final sobre o assunto.
Nos Jogos Olímpicos de Inverno de 2022, com sede em Pequim e que ocorreram poucos dias antes da invasão russa da Ucrânia, os atletas russos foram autorizados a competir somente sob a bandeira do comitê olímpico da Rússia devido a violações de doping – um relatório da Agência Mundial Antidoping (Wada) revelou em 2015 um sistema de doping estatal, que incluiu a destruição de centenas de amostras de exames positivos de atletas russos.
pv/bl (afp, Reuters)
Instantâneos de uma Ucrânia em guerra
Mostra "O novo anormal", no Museu Deichtorhallen de Hamburgo, registra horrores da guerra, mas também a resistência dos ucranianos, em trabalhos de 12 fotógrafos do país sob invasão russa.
Foto: Oksana Parafeniuk
Civis treinam com armas de madeira
Nesta imagem feita perto de Kiev em 6 de fevereiro de 2022, menos de duas semanas antes da invasão russa, a fotógrafa Oksana Parafeniuk capturou a determinação de seus compatriotas de resistir. Embora os países ocidentais não esperassem que a Rússia atacasse a capital a Ucrânia, os civis de lá já estavam treinando com armas de madeira, para caso de emergência.
Foto: Oksana Parafeniuk
Resistindo com o país
Em 24 de fevereiro, o fotógrafo Mykhaylo Palinchak acordou em Kiev com o som de sirenes, pouco depois ouviu uma explosão. "Desde então, estamos vivendo num novo mundo", afirma. Suas fotografias mostram granadas, casas destruídas e como seus compatriotas defendem a nação, mais do que nunca. A mulher da foto exibe o pulso esquerdo tatuado com o mapa da Ucrânia.
Foto: Mykhaylo Palinchak
Começou às 5 da manhã
"A guerra é a pior das opções da humanidade. Nenhum filme, nenhum livro, nenhuma foto pode transmitir este horror", diz a fotógrafa Lisa Bukreieva. "Com a invasão dos russos, meu sentido de tempo mudou. É apenas um horror de longa
duração." Esta fotografia capta o momento em que a guerra começou para ela.
Foto: Lisa Bukreieva
Cidadãos de Kiev - parte 1
Depois da invasão da Ucrânia pelo exército russo, Kiev se transformou em outra cidade, relata Alexander Chekmenev, de 52 anos. Muitos fugiram, ele próprio enviou a família para a segurança no exterior, mas ficou no país para documentar com sua Pentax a vida dos cidadãos de Kiev em tempos de guerra. Como esta ucraniana em uniforme de combate.
Foto: Alexander Chekmenev
Cidadãos de Kiev - parte 2
Abrigos antiaéreos e centros de primeiros-socorros espalharam-se pela capital ucraniana. Lá, Chekmenev fotografou gente comum, que nunca esteve sob os holofotes: "Eu queria mostrar a dignidade deles. Este país pertence ao seu povo, e eu quero mostrar o meu respeito por cada um deles", diz o fotógrafo de renome internacional.
Foto: Alexander Chekmenev
Traços do presente
Em sua série de fotografias, Pavlo Dorohoi capturou a vida em tempos de guerra em sua cidade natal, Kharkiv. Muitos cidadãos se esconderam em estações do metrô para escapar das bombas, transformando os locais em lares temporários, com "tapetes, cobertores e outros objetos pessoais", relata Dorohoi.
Foto: Pavlo Dorohoi
Bucha: o local do horror
O arquiteto e fotógrafo de Kiev Nazar Furyk fotografou lugares devastados pelas tropas russas, entres os quais a cidade de Bucha, que se tornou símbolo de muitas atrocidades. O fotógrafo se pergunta: como é possível continuar vivendo num lugar assim? Como se lida com essa experiência, gravada profundamente na memória coletiva da população ucraniana?
Foto: Nazar Furyk
Diário de Kiev - parte 1
A fotógrafa e videoartista Mila Teshaieva mantém um diário online desde o início da guerra, onde registrou tudo: desde os primeiros dias, antes dos mísseis, até os crimes contra a humanidade revelados desde então. Seus registros também incluem fotos, como esta.
Foto: Mila Teshaieva
Diário de Kiev - parte 2
Mila Teshaieva relata o desespero que a guerra provoca, mas também registra a união dos ucranianos e sua enorme vontade de resistir. Em sua cidade natal, Kiev, os moradores estão tentando proteger não só a si, mas também seus monumentos, símbolos da identidade nacional.
Foto: Mila Teshaieva
Documentação da guerra
Vladyslav Krasnoshchok é dentista, mas há anos se dedica à arte. Agora viaja por sua pátria devastada e fotografa carros queimados, pontes e tanques destruídos. "Eu tiro fotos, ouço tiros e corro de volta para o carro. Adrenalina pura!", escreve. Ele sempre revela os filmes imediatamente. Afinal, não se sabe se haverá oportunidade de tirar mais fotos.
Foto: Vladyslav Krasnoshchok
Mutilado
"Vivendo com o medo de ser ferido" é o nome da série de fotos do designer Sasha Kurmaz. A violência tem feito parte da história humana desde o início, afirma, e não está otimista se isso vá mudar em breve. Ainda assim, não desiste de sua luta pessoal por um mundo melhor.
Foto: Sasha Kurmaz
Porto seguro?
Uma cadeira, copos com bebidas: para Elena Subach esta foto tirada na cidade de Uzhgorod, no oeste da Ucrânia, simboliza a segurança de quem foge rumo a outros países. "Quase todo homem tirou uma foto da esposa e dos filhos antes de lhes dizer adeus. Eu nunca vi tanto amor e tanta dor ao mesmo tempo."