Cidadãos celebram chegada das tropas de Kiev e removem símbolos russos na cidade. Zelenski exalta "dia histórico". Tropas russas relatam ter sido alvo de ataques durante travessia para margem oposta do rio Dnipro.
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Após a retirada das tropas russas de Kherson, o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, confirmou o avanço de seu Exército sobre a única capital de província que havia caído nas mãos dos invasores.
"Hoje é um dia histórico", comemorou o presidente em mensagem de vídeo divulgada nesta sexta-feira (11/11). "Estamos tomando de volta o sul de nosso país, estamos retomando Kherson", afirmou.
Ele, porém, alertou que a região ainda não havia sido completamente liberada das tropas inimigas. "Nossos soldados estão nos arredores e estão muito próximos de entrar, mas as unidades especiais já estão na cidade", informou o presidente.
"O povo de Kherson estava aguardando. Eles jamais desistiram da Ucrânia", destacou Zelenski. "O mesmo ocorrerá nas cidades que ainda aguardam para que nós as tomemos de volta."
Vídeos postados nas redes sociais mostravam os moradores de Kherson celebrando a libertação da cidade e removendo símbolos russos de edifícios e ruas. Pessoas cumprimentavam e aplaudiam os soldados, enquanto a bandeira amarela e azul tremulava novamente na sede da administração local.
"A transferência de soldados russos para a margem esquerda ou leste do rio Dnipro terminou", informou o Ministério da Defesa russo em comunicado. "Nenhuma peça de equipamento militar e armas" teria sido deixada para trás do outro lado do rio, acrescentou.
Alguns blogs pró-Moscou relataram que as tropas russas estiveram sob fogo pesado enquanto cruzavam para a outra margem do rio Dnipro. A Defesa russa afirma que os ucranianos atacaram os pontos de travessia cinco vezes durante a noite com sistemas de mísseis americanos Himars.
Os avanços ucranianos ocorreram com rapidez bem maior do que os próprios oficiais do Exército de Kiev haviam previsto. "Não há muitos prisioneiros; há, principalmente, baixas. Mas, temos troféus suficientes", afirmou Oleksiy Arestovych, assessor de Zelenski.
Importância estratégica
Moscou, no entanto, continua a considerar a região como território russo. "A região de Kherson continuará a fazer parte da Federação Russa", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov. "Esse status é determinado e consolidado por lei. Não há mudanças aqui e não pode haver nenhuma", reiterou.
Kherson é uma das quatro regiões que presidente russo, Vladimir Putin, disse ter anexado no final de setembro. Para Moscou, a região é de grande importância estratégica para poder continuar a ofensiva em direção a Mykolaiv e ao porto de Odessa, no Mar Negro.
Além disso, Kherson abriga a represa Kakhovka, que fornece água para a península da Crimeia, anexada pela Rússia. Relatos de fontes ucranianas ao conta de que as unidades do Exército de Kiev adentraram a pequena cidade de Beryslav, nas proximidades da represa, ainda ocupada pelos russos.
rc (DPA, Reuters)
Ataques da Rússia a alvos civis na Ucrânia
Vladimir Putin nega que o exército russo esteja atacando alvos civis na guerra na Ucrânia. Mas os fatos o contradizem, como mostra esta galeria de fotos, que nem de longe abrange todos os ataques russos.
Foto: Maksim Levin/REUTERS
Mais de 5.500 civis mortos
O presidente russo, Vladimir Putin, declarou no fim de junho: "O exército russo não está atacando alvos civis". Observadores independentes discordam: de acordo com dados da ONU, mais de 5.500 civis morreram na Ucrânia desde o início da guerra e mais de 7.800 ficaram feridos como resultado de ataques russos. Na foto, um centro comercial destruído em Kremenchuk, 27/06/2022.
Foto: Efrem Lukatsky/AP Photo/picture alliance
Chaplyne: 25 mortos em bombardeio
Uma enorme cratera em Chaplyne. A pequena cidade no leste da Ucrânia, com cerca de 3.800 habitantes, foi alvo de um ataque russo em 24 de agosto, como admitiu mais tarde o Ministério da Defesa em Moscou. O alvo foi um trem de transporte de armas, mas o ataque também atingiu civis. Segundo a companhia ferroviária ucraniana, 25 foram mortos, incluindo duas crianças.
Foto: Dmytro Smolienko/Ukrinform/IMAGO
Vinnytsia: 28 vítimas em ataque com foguete
Em 14 de julho, o exército russo atingiu com um míssil a Casa dos Oficiais de Vinnytsia, onde teria ocorrido "uma reunião da liderança militar das Forças Armadas ucranianas e fornecedores estrangeiros de armas". Entre os 28 mortos, estavam três crianças e três oficiais, além de mais de 100 feridos. Vinnytsia se localiza a sudoeste de Kiev.
Foto: State Emergency Service of Ukraine/REUTERS
Chasiv Yar: 48 mortos em bombardeio
Na noite de 9 de julho, a pequena cidade de Chasiv Yar, no leste da Ucrânia, foi bombardeada. Segundo a mídia, os lançadores de foguetes múltiplos Uragan foram disparados em áreas residenciais. Um edifício residencial de cinco andares foi duramente atingido, e 48 corpos foram resgatados de seus escombros.
Foto: Nariman El-Mofty/AP/dpa/picture alliance
Serhiyivka: 21 mortos em ataque com mísseis de cruzeiro
Um ataque a Serhiyivka em 1º de julho custou pelo menos 21 vidas. O porto perto de Odessa aparentemente foi atingido por mísseis de cruzeiro durante a noite, como a Anistia Internacional informou após investigações no local. Pelo menos 35 ficaram feridos nos ataques. Por ser um resort de saúde, Serhiyivka é particularmente popular entre os turistas russos.
Foto: Maxim Penko/AP/picture alliance
Kramatorsk: 61 mortos na estação de trem
Imagens terríveis de Kramatorsk deram a volta ao mundo em 8 de abril: vários mísseis submarinos russos 9K79-1 Tochka atingiram a estação ferroviária da cidade no leste da Ucrânia, enquanto passageiros esperavam pelo trem. 61 foram mortos, incluindo sete crianças. Cientistas de balística determinaram que os mísseis haviam sido disparados da área da Ucrânia controlada pelos russos.
Foto: Ukrainian President Volodymyr Zelenskyy's Telegram channel/dpa/picture alliance
Bucha: encontrados 1.316 corpos
Bucha tornou-se sinônimo das ações brutais do Exército russo: depois que as tropas inimigas partiram, em 30 de março, vários corpos jaziam na rua Jablunska. No total, foram encontrados 1.316 corpos em Bucha e arredores. Embora a Rússia tenha negado quaisquer massacres, verificadores de fatos internacionais e equipes de investigação confirmaram execuções de civis por soldados russos.
Foto: Zohra Bensemra/Reuters
Mykolaiv: 36 mortos em ataque à administração regional
Em 29 de março, um ataque aéreo atingiu o prédio da administração regional de Mykolaiv. A parte central do edifício foi completamente destruída, do primeiro ao nono andar, restando apenas um esqueleto do prédio. A explosão também danificou vários edifícios residenciais e administrativos próximos, causando a morte de 36 cidadãos.
Em 16 de março, uma bomba destruiu o teatro no centro de Mariupol. De acordo com a Human Rights Watch, mais de 500 civis estavam se abrigando dos ataques no prédio na época. A palavra "Crianças" escrita em enormes letras brancas na frente e atrás do prédio não serviu como escudo. Segundo a prefeitura, 300 morreram.
Foto: Pavel Klimov/REUTERS
Mariupol: quatro mortos em ataque a clínica
Um ataque aéreo russo em 9 de março destruiu o hospital infantil e a maternidade de Mariupol. Houve menos quatro mortes, incluindo uma grávida e seu bebê, 17 ficaram feridos. Enquanto o Ministério da Defesa russo falou de uma "provocação encenada", o chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, chamou o atentado de "crime de guerra".
Foto: Evgeniy Maloletka/AP/picture alliance
Charkiv: foguete mata 24 pessoas
Um vídeo de vigilância divulgado pelo Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia mostrou um foguete atingindo o prédio da Administração Estatal Regional de Kharkiv em 1º de março, causando 24 mortes, inclusive de transeuntes.
Foto: Pavel Dorogoy/AP/picture alliance
Inquérito do Tribunal Penal Internacional
As autoridades ucranianas relatam mais de 29 mil crimes de guerra, do início do conflito, em 24 de fevereiro de 2022, até 26 de agosto. Investigações independentes prosseguem. O Tribunal Penal Internacional enviou equipes para coletar informações. De acordo com as Convenções de Genebra, ataques deliberados a civis são crimes de guerra. No entanto, a Rússia não reconhece a corte sediada em Haia.