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UE anuncia corredor humanitário marítimo para Faixa de Gaza

8 de março de 2024

Comissão Europeia diz que envio de ajuda a partir do Chipre terá início no final de semana. Queda de pacote de ajuda humanitária lançado por avião dos EUA, cujo paraquedas não abriu, mata cinco no enclave palestino.

Presidentes do Chipre, Nikos Christodoulides, e da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen durante anúncio do corredor marítimo
Presidentes do Chipre, Nikos Christodoulides, e da Comissão Europeia, Ursula von der LeyenFoto: Yiannis Kourtoglou/REUTERS

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou nesta sexta-feira (08/03) a criação de um corredor marítimo para o envio de ajuda humanitária à Faixa de Gaza a partir do Chipre, como parte dos esforços internacionais para trazer alívio à crise no enclave palestino. As entregas devem começar ainda neste fim de semana.

A União Europeia (UE) realizará um teste inicial, com o apoio dos Emirados Árabes Unidos, com a entrega de uma carga de alimentos que poderá deixar o Chipre ainda nesta sexta-feira.

"Lançamos o corredor marítimo do Chipre em conjunto: a União Europeia, os Emirados Árabes Unidos e os Estados Unidos" disse Von der Leyen, após visitar instalações em Lamaca, no Chipre. "Estamos muito próximos de abrir esse corredor, espero que entre o sábado e o domingo, e estou muito feliz em ver um teste inicial a ser lançado ainda hoje."

Von der Leyen fez o anúncio um dia depois de o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, ordenar as Forças Armadas americanas a facilitarem a construção de um porto temporário em Gaza para permitir a entrega de alimentos.

Os envios aéreos organizados pelos EUA não têm sido suficientes para abastecer a população de 2,2 milhões, ameaçada pela fome e por uma grave escassez de recursos após cinco meses do conflito entre Israel e o grupo extremista Hamas.

Autoridades americanas afirmaram nesta sexta-feira que a construção de um píer poderá levar semanas. Biden não indicou onde o porto temporário será instalado, mas garantiu que soldados americanos não participarão da operação.

Nesta sexta-feira, cinco palestinos morreram e dez ficaram feridos após o paraquedas de um pacote de ajuda humanitária lançado por um avião americano não abrir e atingir uma casa no campo de refugiados de Al-Shati, na região costeira do enclave.

Agências defendem acesso por terra

Agências humanitárias avaliam que as discussões sobre envios aéreos ou marítimos podem acabar tirando a atenção do fato de que Israel restringe o acesso de ajuda humanitária por terra através de rotas já existentes.

Envios aéreos organizados pelos EUA não têm sido suficientes para abastecer a população de 2,2 milhões em GazaFoto: United States Air Force/DoD/IMAGO

"Há um modo mais fácil, mais eficaz de levar assistência, que é através das estradas que ligam Israel a Gaza", afirmou Juliette Touma, porta-voz da Agência da ONU para os Refugiados Palestinos (UNRWA).

Michael Fakhri, representante especial da ONU para o direito à alimentação, avaliou como um "absurdo em termos humanitário, internacional e de direitos humanos" o fato de Washington discutir novas e complicadas rotas para chegar a um território bloqueado por seu próprio aliado.

Gaza vem sendo alvo de pesados bombardeios israelenses desde os ataques terroristas do Hamas a Israel, em 7 de outubro de 2023, que mataram em torno de 1.200 pessoas. Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, administrado pelo Hamas, os ataques israelenses mataram mais de 30.000 palestinos.

Hamas pressionado por cessar-fogo

As negociações para um cessar-fogo continuam em meio a um impasse, enquanto os mediadores do Egito e do Catar tentam avançar nas conversações para uma trégua antes do início do Ramadã, o mês sagrado dos muçulmanos, neste domingo.

Os negociadores do Hamas deixaram as negociações realizadas no Cairo para realizarem consultas à liderança do movimento no Catar. Contudo, o embaixador americano em Israel, Jack Lew, assegura que o processo não foi invalidado.

rc (AFP, Reuters)

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