UE anuncia corredor humanitário marítimo para Faixa de Gaza
8 de março de 2024
Comissão Europeia diz que envio de ajuda a partir do Chipre terá início no final de semana. Queda de pacote de ajuda humanitária lançado por avião dos EUA, cujo paraquedas não abriu, mata cinco no enclave palestino.
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A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou nesta sexta-feira (08/03) a criação de um corredor marítimo para o envio de ajuda humanitária à Faixa de Gaza a partir do Chipre, como parte dos esforços internacionais para trazer alívio à crise no enclave palestino. As entregas devem começar ainda neste fim de semana.
A União Europeia (UE) realizará um teste inicial, com o apoio dos Emirados Árabes Unidos, com a entrega de uma carga de alimentos que poderá deixar o Chipre ainda nesta sexta-feira.
"Lançamos o corredor marítimo do Chipre em conjunto: a União Europeia, os Emirados Árabes Unidos e os Estados Unidos" disse Von der Leyen, após visitar instalações em Lamaca, no Chipre. "Estamos muito próximos de abrir esse corredor, espero que entre o sábado e o domingo, e estou muito feliz em ver um teste inicial a ser lançado ainda hoje."
Von der Leyen fez o anúncio um dia depois de o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, ordenar as Forças Armadas americanas a facilitarem a construção de um porto temporário em Gaza para permitir a entrega de alimentos.
Autoridades americanas afirmaram nesta sexta-feira que a construção de um píer poderá levar semanas. Biden não indicou onde o porto temporário será instalado, mas garantiu que soldados americanos não participarão da operação.
Nesta sexta-feira, cinco palestinos morreram e dez ficaram feridos após o paraquedas de um pacote de ajuda humanitária lançado por um avião americano não abrir e atingir uma casa no campo de refugiados de Al-Shati, na região costeira do enclave.
Agências defendem acesso por terra
Agências humanitárias avaliam que as discussões sobre envios aéreos ou marítimos podem acabar tirando a atenção do fato de que Israel restringe o acesso de ajuda humanitária por terra através de rotas já existentes.
Michael Fakhri, representante especial da ONU para o direito à alimentação, avaliou como um "absurdo em termos humanitário, internacional e de direitos humanos" o fato de Washington discutir novas e complicadas rotas para chegar a um território bloqueado por seu próprio aliado.
Gaza vem sendo alvo de pesados bombardeios israelenses desde os ataques terroristas do Hamas a Israel, em 7 de outubro de 2023, que mataram em torno de 1.200 pessoas. Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, administrado pelo Hamas, os ataques israelenses mataram mais de 30.000 palestinos.
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Hamas pressionado por cessar-fogo
As negociações para um cessar-fogo continuam em meio a um impasse, enquanto os mediadores do Egito e do Catar tentam avançar nas conversações para uma trégua antes do início do Ramadã, o mês sagrado dos muçulmanos, neste domingo.
Os negociadores do Hamas deixaram as negociações realizadas no Cairo para realizarem consultas à liderança do movimento no Catar. Contudo, o embaixador americano em Israel, Jack Lew, assegura que o processo não foi invalidado.
rc (AFP, Reuters)
Morte e desespero em Gaza
Uma catástrofe humanitária atinge a Faixa de Gaza. Após os ataques do Exército israelense em retaliação aos atentados terroristas do grupo radical islâmico Hamas, o número de mortos e feridos só aumenta.
Foto: Fatima Shbair/AP/picture alliance
Fumaça preta sobre escombros
Uma imagem de destruição máxima: três dias após os ataques do grupo fundamentalista islâmico Hamas, classificado como organização terrorista pela UE, EUA e outros países, Israel intensificou os bombardeios na Faixa de Gaza. A retaliação foi anunciada pelo primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu: "O que faremos com nossos inimigos nos próximos dias repercutirá por gerações."
Foto: Belal Al SabbaghAFP/Getty Images
Centenas de prédios destruídos
Segundo o Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês), cerca de 800 edifícios na Faixa de Gaza foram completamente destruídos, e mais de 5 mil foram severamente danificados. Além disso, o abastecimento de água foi interrompido para cerca de 400 mil pessoas.
Foto: Mohammed Talatene/dpa/picture alliance
Mais de mil mortos de ambos os lados
Equipes de resgate buscam sobreviventes após ataques aéreos israelenses na Faixa de Gaza. Em apenas seis dias, o conflito entre o Hamas e Israel já deixou mais de 2,5 mil mortos de ambos os lados.
Foto: Mahmud Hams/AFP/Getty Images
Luto pelas vítimas
Um homem carrega o corpo de uma criança morta no ataque israelense ao campo de refugiados de Jabalia, no norte da Faixa de Gaza, antes de ela ser enterrada ao lado de outras vítimas. Segundo autoridades de saúde palestinas nesta quinta-feira (12/10), mais de 440 crianças e mais de 240 mulheres estão entre os mortos em Gaza.
Foto: Mahmud Hams/AFP/Getty Images
Fugir para onde?
Palestinos na Faixa de Gaza fogem dos ataques israelenses em um micro-ônibus. Segundo informações da ONU, mais de 338 mil pessoas já foram deslocadas de suas casas. Grande parte está se abrigando em escolas, e outras, em residências particulares. A fuga de Gaza deixou de ser possível depois que Israel isolou a área.
Foto: Saleh Salem/REUTERS
Israel controla a fronteira
Tropas de Israel patrulham a fronteira com Gaza. Na noite de 7 de outubro, combatentes do Hamas romperam barreiras em alguns pontos e entraram em território israelense. A cerca, que tem 60 quilômetros de extensão, foi construída em 1994. A fronteira com o Egito também é cercada numa faixa de um quilômetro.
Foto: Oren Ziv/AP/picture alliance
Movimentação de tropas
Após a mobilização de mais de 300 mil reservistas por parte de Israel, muitas pessoas na Faixa de Gaza temem uma ofensiva terrestre das forças israelenses. Veículos e equipamentos militares foram agrupados ao longo da fronteira. Além disso, as populações das cidades israelenses que fazem fronteira com Gaza foram quase que totalmente evacuadas.
Foto: Ilia Yefimovich/dpa/picture alliance
"Desastre absoluto"
Crescem os temores de uma catástrofe humanitária na Faixa de Gaza. O secretário-geral do Conselho Norueguês de Refugiados, Jan Egeland, alertou sobre um "desastre absoluto". Uma "punição coletiva" da população violaria a lei internacional: "Se crianças feridas morrerem em hospitais porque não há eletricidade, isso pode ser um crime de guerra."
Foto: Mahmud Hams/AFP/Getty Images
Jahia Sinwar, líder do Hamas
Jahia Sinwar, chefe do Hamas na Faixa de Gaza desde 2017, é considerado um dos líderes do ataque terrorista a Israel. O extremista, que cresceu em um campo de refugiados em Gaza, é o segundo homem mais poderoso depois do líder supremo Ismail Haniya. Sinwar conceitua "seu povo" como "mártires que preferem morrer a ceder à humilhação frente ao inimigo".
Foto: Mohammed Abed/AFP
Escalada da violência
A escalada da violência continua. Um porta-voz do Hamas disse a agências de notícias que toda vez que Israel bombardear civis sem aviso, um refém israelense será morto. O ministro das Relações Exteriores de Israel, Eli Cohen, respondeu à ameaça, alertando sobre mais violência contra os reféns: "Esses crimes de guerra não serão perdoados."