UE aprova envio de 2 bilhões de euros em munição para Kiev
21 de março de 2023
Ucrânia vem enfrentando escassez de munição para seguir com sua defesa contra a invasão russa. EUA também anunciam ajuda de 350 milhões de dólares em munições.
Ucrânia vai receber 1 milhão de projéteis de artilharia de 155 milímetrosFoto: Narciso Contreras/AA/picture alliance
Anúncio
Os 27 Estados-membros da União Europeia (UE) aprovaram nesta segunda-feira (20/03) um novo pacote de ajuda à Ucrânia, no valor de dois bilhões de euros para produzir e disponibilizar munições de grande calibre.
O bloco pretende entregar 1 milhão de projéteis de artilharia de 155 milímetros a Kiev nos próximos 12 meses, bem como reabastecer os estoques da UE.
De acordo com o plano, 1 bilhão de euros serão usados para reembolsar os países da UE que fornecerem imediatamente à Ucrânia munição de seus próprios estoques. Outros 1 bilhão de euros serão usados para acelerar conjuntamente as encomendas de munições especificamente para a Ucrânia.
"Uma decisão histórica. Seguindo minha proposta, os Estados-membros concordaram em entregar 1 milhão de cartuchos de munição de artilharia nos próximos 12 meses", escreveu o chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, no Twitter, após reunião dos ministros das Relações Exteriores e da Defesa da UE, em Bruxelas.
Nas últimas semanas, Borrell tem sido um dos principais defensores da produção de munições por parte dos 27 países do bloco, apoiando a ideia de uma política de defesa e segurança europeia e autônoma.
A incerteza quanto à posição que Pequim poderá ter no conflito, se vai ou não fornecer armamento a Moscou, coloca ainda mais pressão sobre a Ucrânia e os países do bloco europeu.
Tropas ucranianas enfrentam racionamento de munição para defender BakhmutFoto: Violeta Santos Moura/REUTERS
Kiev pediu à UE que lhe enviasse mais munição, argumentando que suas forças recorreram ao racionamento de poder de fogo enquanto tentam impedir que as tropas russas avancem ainda mais. A Rússia segue com uma grande ofensiva para conquistar Bakhmut e tentar tomar outras cidades na região do Donbass.
"Estamos gratos à UE por aprovar um plano para comprar munição para a Ucrânia no valor de 2 bilhões de euros", disse o chefe de gabinete da administração presidencial ucraniana, Andriy Yermak. "Este é um passo muito importante para proteger a segurança europeia", acrecentou.
Anúncio
Ajuda dos EUA
Os Estados Unidos também anunciaram nesta segunda-feira a entrega de um novo pacote de ajuda militar à Ucrânia, no valor de 350 milhões de dólares (cerca de 330 milhões de euros), que inclui munições para os lançadores de foguetes Himars e para veículos de combate de infantaria Bradley, além de armas antitanque e barcos fluviais.
"Só a Rússia pode acabar com a guerra hoje. Assim, até que isso aconteça, ficaremos ao lado da Ucrânia o tempo que for necessário", insistiu o secretário de Estado americano, Antony Blinken.
No dia em que o presidente chinês, Xi Jinping, chegou a Moscou para uma visita de Estado e para se reunir com o seu homólogo russo, Vladimir Putin, o chefe da diplomacia americana aproveitou para saudar "os mais de 50 países que se uniram para apoiar a Ucrânia na defesa da sua integridade territorial".
"Esta semana, enquanto a inescrupulosa guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia continua com grandes custos humanos, somos novamente lembrados da coragem ilimitada e da determinação inabalável do povo ucraniano e do forte apoio à Ucrânia em toda a comunidade internacional", escreveu Blinken no mesmo comunicado em que fez o anúncio do novo pacote.
le (Lusa, ots)
Bakhmut: a "fortaleza do Donbass" na linha de frente da guerra
Antes da invasão russa, Bakhmut tinha 70 mil moradores. Intensos combates entre tropas russas e ucranianas causaram mortes e destruição na estratégica cidade do Donbass, mas nem todos os civis a abandonaram.
Foto: LIBKOS/AP Photo/picture alliance
A cidade antes da destruição
Esta foto, tirada na primavera europeia de 2022, mostra murais com o tema "Família e Crianças" em Bakhmut. Em maio, a linha de frente da guerra chegou à cidade, e os tiros e bombardeios aéreos começaram. Muitas casas foram seriamente danificadas.
Foto: JORGE SILVA/REUTERS
"Você se sente um sem-teto"
Blocos de apartamentos no leste de Bakhmut foram os primeiros a serem atingidos por ataques russos. Hoje, os bairros se assemelham aos da cidade portuária destruída de Mariupol. "Você se sente um sem-teto, perdemos tudo. Não há para onde voltar", disse uma moradora chamada, Halyna, retirada de Bakhmut e cuja casa foi totalmente destruída.
Foto: Aris Messinis/AFP/Getty Images
Escola em ruínas
Dois professores de Bakhmut se abraçam em frente às ruínas de sua escola. Ela foi bombardeada pelo exército russo em 24 de julho de 2022. O prédio ficou bastante danificado. Não houve mortos ou feridos no ataque.
Foto: Diego Herrera Carcedo/AA/picture alliance
Patrimônio cultural em pedaços
O bombardeio russo causou a destruição de muitos prédios históricos importantes em Bakhmut, incluindo o Palácio da Cultura, a antiga casa particular do comerciante Polyakov da década de 1880 e o antigo ginásio para meninas. Edifícios mais modernos, que já foram o "cartão de visitas" de Bakhmut, também foram destruídos.
Foto: Dimitar Dilkoff/AFP/Getty Images
Preparativos para a retirada
Oleksandr Hawrys faz os preparativos finais para transferir a esposa e dois filhos de Bakhmut para Kiev. Em 7 de março de 2023, menos de 4 mil pessoas ainda estavam na cidade, que antes da guerra tinha 73 mil habitantes.
Foto: Metin Aktas/AA/picture alliance
Só ficaram os solteiros e os mais fracos
Mais de 90% dos residentes deixaram Bachmut e arredores. Por meses, algumas lojas e uma farmácia ainda funcionaram durante momentos de trégua. Instituições de caridade e voluntários levaram ajuda humanitária aos moradores da cidade.
Foto: ANATOLII STEPANOV/AFP/Getty Images
Eles resistem, apesar de tudo
A grávida Olha e seu marido, Wlad, em 28 de janeiro de 2023 em frente a um abrigo antiaéreo em Bakhmut. O casal está entre os poucos civis que permaneceram na cidade, apesar dos violentos combates. Atualmente, para entrar em Backmut é preciso um passe especial.
Foto: Raphael Lafargue/abaca/picture alliance
Viver sob medo constante
A aposentada Valentyna Bondarenko, de 79 anos, olha pela janela de seu apartamento em Bakhmut, em agosto de 2022. Por causa dos bombardeios sem fim e do perigo constante, muitos moradores de Bakhmut permanecem em porões e abrigos de emergência por meses.
Foto: Daniel Carde/Zumapress/picture alliance
O dia a dia num porão
"Estamos acostumados aos zumbidos e explosões", disse Nina, de Bakhmut, à DW. Suas filhas foram "para a Europa", mas ela e o marido pretendem ficar enquanto o exército ucraniano estiver na cidade. Se a situação piorar, eles querem deixar a cidade "para não perturbar os militares quando o inimigo se esconder atrás das casas".
Foto: Oleksandra Indukhova/DW
Na fila pela ajuda humanitária
A situação humanitária na cidade piorou, principalmente nos últimos meses de 2022, depois da ofensiva das tropas russas de 1º de agosto. A rede elétrica foi danificada pelos ataques e bombardeios. O abastecimento de alimentos se tornou difícil, e a telefonia móvel entrou em colapso. Até voluntários foram atacados.
Foto: Diego Herrera Carcedo/AA/picture alliance
Batalhas de artilharia pesada
As principais batalhas por Bakhmut são travadas entre unidades de artilharia. Segundo estimativas militares, quase toda a gama de artilharia e morteiros fica nesta área. Bakhmut é fortemente atacada por unidades do exército privado russo Grupo Wagner. Os militares ucranianos continuam resistindo aos ataques.
Foto: Bulent Kilic/AFP/Getty Images
Bandeira ucraniana de Bakhmut no Congresso dos EUA
Em 20 de dezembro, o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, visitou soldados ucranianos perto de Bakhmut. De lá, ele levou uma bandeira ucraniana, que deu à presidente da Câmara, Nancy Pelosi, dois dias depois, durante sua visita ao Congresso dos Estados Unidos. A bandeira traz as assinaturas de soldados que defendem a soberania da Ucrânia nas linhas de frente.
Foto: Carolyn Kaster/AP Photo/picture alliance
Tratamento dos feridos em Bakhmut
As principais tarefas dos médicos militares no front são estabilizar os feridos, prevenir mortes por perda de sangue e choque e, em casos graves, garantir o transporte para hospitais de áreas mais seguras no interior do país.
Foto: Evgeniy Maloletka/AP Photo/picture alliance
Cidade está 80% em ruínas
A foto é dos últimos dias de dezembro de 2022. A fumaça sobe sobre as ruínas de casas nos arredores de Bakhmut. De acordo com as autoridades locais, em março de 2023 os violentos combates já haviam destruído mais de 80% da área habitacional da cidade.
Foto: Libkos/AP/picture alliance
Destruição registrada por satélite
Uma imagem de satélite divulgada pela Maxar em 4 de janeiro de 2023 mostra a extensão da destruição em Bakhmut. "A cidade tem sido o centro de intensos combates entre as forças russas e ucranianas nos últimos meses, e as imagens mostram danos significativos em prédios e infraestrutura", informou a empresa aeroespacial.
Foto: Maxar Technologies/picture alliance/AP
Cidade-fantasma
Esta foto de 13 de fevereiro de 2023, tirada por um drone da agência de notícias AP, mostra a extensão da destruição causada pelos combates. Fileiras inteiras de casas foram destruídas, apenas as paredes externas e as fachadas danificadas ainda estão de pé. Telhados, tetos e pisos desmoronaram, e a neve se acumula dentro das ruínas.
Foto: AP Photo/picture alliance
"Fortaleza Bakhmut"
Um soldado ucraniano diante de uma pichação no centro da cidade que diz "Bakhmut ama a Ucrânia". Embora a liderança política e militar da Ucrânia tenha decidido continuar defendendo o lugar, a Otan não descarta que Bakhmut possa cair, embora isso não signifique necessariamente uma virada na guerra.