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UE aprova sexto pacote de sanções contra Moscou

2 de junho de 2022

Por pressão da Hungria, patriarca Cirilo, líder da Igreja Ortodoxa Russa e fiel aliado de Vladimir Putin, ficou fora da lista de alvos. Imposição de Budapeste foi mal vista inclusive por países do Leste Europeu.

Foto do patriarca da Igreja Ortodoxa Russa Cirilo
Cirilo afirmou recentemente que a Rússia nunca havia atacado outro paísFoto: Sergei Karpukhin/TASS/picture alliance

A União Europeia (UE) aprovou nesta quinta-feira (02/06) o sexto pacote de sanções a Moscou, mas, por pressão da Hungria, deixou de fora da lista de indivíduos alvos de medidas restritivas o líder da Igreja Ortodoxa russa, patriarca Cirilo, fervoroso aliado do presidente russo, Vladimir Putin.

O novo pacote tem como elemento central um embargo progressivo às importações de petróleo russo. Outras sanções incluem a proibição do maior banco da Rússia, o Sberbank, de usar a rede de comunicações financeiras Swift, e a proibição de vários canais de notícias russos na UE.

As novas medidas serão publicadas oficialmente nesta sexta-feira. No entanto, várias fontes europeias indicaram que, depois de ter conseguido exceções para a Hungria a nível do embargo ao petróleo, o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, logrou também que o patriarca russo ortodoxo Cirilo fosse retirado da lista de 58 indivíduos a serem sancionados, proposta há um mês pela Comissão Europeia, e da qual consta também o "Carniceiro de Bucha", o coronel Azatbet Omurbekov, comandante da operação militar na cidade do mesmo nome na província de Kiev, que resultou no massacre de centenas de civis. 

Hungria perde simpatia

Na quarta-feira, a Hungria barrou o novo pacote, mantendo seu veto e exigindo que o chefe da Igreja Ortodoxa Russa fosse removido da lista de alvos. Budapeste fez a objeção durante negociações em Bruxelas, em que embaixadores dos 27 países que integram o bloco se reuniram para formalizar as sanções, depois que os líderes da UE chegaram a um acordo político sobre o pacote na segunda-feira, numa cúpula extraordinária.

Para que as medidas fossem aprovadas, a concessão foi aceita, mas a Hungria "perdeu as últimas simpatias de seus antigos amigos na Europa Oriental" devido a seu comportamento, afirmaram participantes.

Segundo fontes, o país questionou a unidade da UE ao lidar com a Rússia e o bloqueio de Orbán ofuscou o fato de que um pacote de sanções muito eficaz havia realmente sido lançado.

Cirilo (dir.) é aliado fiel de Putin e culpa Ocidente e Otan pela guerra na UcrâniaFoto: Mikhail Metzel/Sputnik/Kremlin Pool Photo/AP/picture alliance

Cirilo: fervoroso defensor de Putin

O chefe da Igreja Ortodoxa Russa apoiou a invasão da Ucrânia em seus sermões religiosos e culpa a Otan e o Ocidente pela guerra lançada por Putin. O clérigo de 75 anos também resistiu aos esforços do papa Francisco para mediar a guerra ou apoiar um cessar-fogo no conflito e, recentemente, afirmou que a Rússia nunca havia atacado outro país.

Apesar da postura de Cirilo, Orbán justificou recentemente sua posição como "questão de liberdade de crença das comunidades religiosas húngaras". 

Especificamente, as sanções contra Cirilo determinavam que ele fosse proibido de entrar na UE e tivesse congelados os possíveis bens que possuísse no bloco. A Hungria já tinha se oposto à inclusão do líder religioso russo quando seu nome foi originalmente sugerido, mas os líderes da UE não discutiram o assunto na cúpula da segunda-feira, que contou com a presença de Orbán.

Concessões a Budapeste

Esta é a mais recente barreira imposta pela Hungria, após o governo do país negar por semanas sua aprovação a um embargo da UE ao petróleo russo, até obter extensivas concessões referentes às importações através de oleodutos.

O pacote acertado pelos líderes europeus afeta o petróleo russo fornecido por via marítima, mas não o que chegue por tubulações, excluindo, assim, o oleoduto gigante Druzhba, da era soviética, que liga a Rússia a vários países da Europa Central e Oriental.

le/av (Lusa, DPA, AFP)

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