UE celebra avanço sobre distribuição de refugiados
23 de julho de 2019
Em reunião em Paris, 14 países sinalizam apoio a proposta franco-alemã de criar um novo sistema europeu de partilha de migrantes resgatados no Mediterrâneo. Contrário à ideia, italiano Salvini chama encontro de fracasso.
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A União Europeia (UE) saudou nesta terça-feira (23/07) os progressos nas negociações sobre a criação de um mecanismo de distribuição provisória de migrantes resgatados no Mediterrâneo.
"A Comissão Europeia está pronta para fornecer apoio financeiro e operacional aos Estados-membros", disse a porta-voz da Comissão, Natasha Bertaud, em Bruxelas, acrescentando que foi feito "um passo na direção certa".
Durante uma reunião entre representantes da UE na noite de segunda-feira em Paris, 14 nações do bloco concordaram "em princípio" com a proposta de Alemanha e França para um novo mecanismo de distribuição dos refugiados do Mediterrâneo.
Segundo o presidente francês, Emmanuel Macron, oito dessas nações prometeram assumir uma "participação ativa": Portugal, Luxemburgo, Finlândia, Lituânia, Croácia e Irlanda, além de Alemanha e França. Macron não especificou quais são os outros países que concordaram "em princípio" com a proposta.
Berlim e Paris estão tentando convencer seus parceiros europeus sobre um mecanismo de distribuição de migrantes resgatados no Mediterrâneo, visando ajudar os Estados-membros da linha de frente, Itália e Malta, banhados pelo mar.
Contudo, apesar de 14 países apoiarem a proposta, as negociações em Paris não avançaram como desejado, em parte devido à oposição dos governos italiano e maltês.
O ministro do Interior da Itália, Matteo Salvini, classificou de "fracasso" a reunião de segunda-feira, "desejada pelos franceses e alemães", afirmando que no encontro fora apenas repetido o mantra de "que a Itália deve continuar a ser o campo de refugiados da Europa".
O governo populista de Roma se opõe à sugestão de que barcos com migrantes resgatados desembarquem na Itália ou em Malta, antes de os passageiros serem distribuídos para outros países da UE. Em vez disso, ele quer que refugiados também desembarquem em outros portos como, por exemplo, na França.
O gabinete de Salvini já havia expressado preocupação de que outros países-membros só queiram aceitar pessoas com perspectivas reais de obter direito a refúgio, deixando Itália e Malta com migrantes econômicos que seriam difíceis de repatriar.
Macron, por sua vez, insistiu na segunda-feira que todos os desembarques deveriam ocorrer no porto seguro mais próximo – o que, no Mediterrâneo central, geralmente significaria Itália ou Malta.
No mesmo dia, Salvini afirmou que a Itália "continua de cabeça erguida" e que "não recebe ordens", ao responder a alegadas críticas de Macron de que ele sequer compareceu às discussões informais com os colegas, ministros do Interior e do Exterior da UE. "Se Macron gosta de falar sobre migrantes, ele deveria vir a Roma", desafiou o italiano.
Músicos, atores, políticos, cientistas dos quatro cantos do mundo: em comum, o destino de refugiado. Todos deixaram seus países natais, por um período breve ou o resto da vida, para se salvar da guerra e perseguição.
Foto: akg-images/picture alliance
Touro Sentado (1831-1890)
O chefe sioux Tatanka Iyotake, "Touro Sentado", um dos mais célebres nativos dos Estados Unidos, viveu quatro anos como refugiado. Em 1877, cerca de um ano após a batalha de Little Bighorn, liderada pelo general Custer, ele fugiu com seus guerreiros para o Canadá. Após voltar aos EUA, o líder indígena foi preso e colocado numa reserva. Ele morreu baleado durante uma nova tentativa de prisão.
Foto: Imago/StockTrek Images
Albert Einstein (1879-1955)
Autor da teoria da relatividade e Nobel da Física, o judeu alemão Albert Einstein visitava os EUA quando Adolf Hitler assumiu o poder, em 1933. Manter-se longe da Alemanha sob regime nazista não foi decisão fácil. Einstein dizia se considerar um "privilegiado pela sorte", por poder viver em Princeton, mas também "quase envergonhado de viver em tamanha paz, enquanto todo o resto luta e sofre".
Foto: Imago/United Archives International
Béla Bartók (1881-1945)
Apesar de não ser judeu, o compositor, pianista e musicólogo Béla Bartók se opunha à ascensão do nazismo e à perseguição antissemita, e em 1940 emigrou para os EUA. "Minha principal ideia, que me domina inteiramente, é a irmandade dos homens, acima e além de todos os conflitos", disse certa vez. No entanto, sua carreira musical gorou no exílio, e ele acabou por morrer pobre e esquecido.
Foto: Getty Images
Marlene Dietrich (1901-1992)
A atriz e cantora alemã Marlene Dietrich já era uma estrela nos Estados Unidos quando adquiriu a nacionalidade americana, em 1939, voltando definitivamente as costas para a Alemanha nazista. Refugiada célebre, ela se manifestava contra Hitler e cantou para os soldados americanos durante a Segunda Guerra. Embora com seus filmes banidos na terra natal, ela dizia: "Eu nasci alemã e sempre serei."
Foto: picture-alliance/dpa
George Weidenfeld (1919-2016)
Nascido em Viena, o editor judeu George Weidenfeld emigrou após a anexação da Áustria pelos nazistas. Em Londres, ele cofundou uma casa editora e se tornou barão. Além de se engajar pela causa israelense, estabeleceu um fundo para ajudar os cristãos que fogem do "Estado Islâmico". "Não posso salvar o mundo [...] mas tenho uma dívida a saldar", disse certa vez.
Foto: picture-alliance/dpa/N.Bachmann
Henry Kissinger (*1923)
Natural da Baviera, Henry Kissinger teve papel central na configuração da política externa dos EUA. Contudo, antes de se tornar autoridade em relações internacionais e professor em Harvard, o 56º secretário de Estado americano tivera que fugir da perseguição nazista em 1938. Já nonagenário, ele revelaria que a Alemanha "nunca deixou de ser parte" de sua vida.
Foto: picture-alliance/AP Photo/M. Schiefelbein
Miriam Makeba (1932-2008)
A cantora sul-africana Miriam Makeba era opositora ferrenha do regime do apartheid. Em 1960, durante turnê nos EUA, o governo de seu país lhe cancelou o passaporte. Três anos mais tarde ela foi proibida de entrar na África do Sul, a qual ela só reveria após décadas de exílio nos EUA e Guiné. "Mama Africa" morreu durante um show na Itália, em apoio à luta do autor Roberto Saviano contra a máfia.
Foto: Getty Images
Milos Forman (1932-2018)
Apesar de já ser um cineasta respeitado, Milos Forman voltou as costas à Tchecoslováquia em 1968, após a Primavera de Praga, indo estabelecer-se nos Estados Unidos. Em sua produção do outro lado da Cortina de Ferro dois Oscars de melhor filme se destacam: o drama psiquiátrico "Um estranho no ninho" (1975) e "Amadeus" (1984), sobre Mozart.
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Madeleine Albright (1937-2022)
A primeira secretária de Estado americana, Madeleine Albright, nasceu na atual República Tcheca. Sua família fugiu para os EUA em 1948, quando os comunistas assumiram o poder. A partir de seu envolvimento intenso na política e depois de ser embaixadora americana na ONU, ela assumiu a chefia da diplomacia de 1997 a 2001, durante o segundo mandato de Bill Clinton.
Foto: Getty Images/AFP/S. Loeb
Isabel Allende (*1942)
O presidente Salvador Allende se suicidou após o golpe de Estado no Chile em 1973. A filha de um primo dele, Isabel, que o chamava de "tio", fugiu para a Venezuela após receber ameaças de morte. Mais tarde emigrou para os EUA e se estabeleceu como autora. Entre seus romances, que contam entre os clássicos do realismo mágico, destacam-se "A casa dos espíritos" e "Eva Luna".