UE convoca reunião emergencial sobre crise migratória
30 de agosto de 2015
Encontro entre líderes europeus é marcado para 14 de setembro em Bruxelas. Ministros da Alemanha, França e Reino Unido pedem instalação de centros de triagem de requerentes de asilo na Grécia e Itália.
Anúncio
Em comunicado conjunto, os ministros do Interior da Alemanha, França e Reino Unido pediram neste domingo (30/08) à presidência da União Europeia (UE) "para organizar um encontro especial de ministros do Interior e da Justiça dentro das próximas duas semanas com vista a tomar medidas concretas" sobre a crise, disseram o alemão Thomas de Maizière, o francês Bernard Cazeneuve e a britânica Theresa May.
A presidência temporária luxemburguesa da UE atendeu, ainda no domingo, o pedido dos ministros e marcou uma reunião extraordinária dos ministros de Justiça e Interior do bloco europeu para o próximo dia 14 de setembro.
Os ministros também instaram a UE a emitir uma "lista de países de origem seguros" válida para todo o bloco europeu. Tal lista poderia ajuda a identificar pessoas ameaçadas pela guerra e perseguição, por meio de uma triagem automática dos migrantes de países politicamente estáveis.
Além disso, os representantes das três maiores economias da UE apelaram pela criação de centros na Grécia e Itália, para que as autoridades possam recolher impressões digitais e registrar os migrantes que chegam. Os postos de controle deverão ser implantados até o fim do ano, afirmaram os ministros.
"Concordamos que não temos mais tempo a perder. A atual situação exige ação imediata e solidariedade na Europa", declarou o ministro alemão De Maizière.
Berlim sob pressão
A Alemanha apoia a criação de uma lista de países de origem seguros válida em toda a UE. O instrumento facilitaria a deportação de milhares de requerentes de asilo provenientes de países dos Bálcãs.
A maior potência econômica europeia deverá receber por volta de 800 mil refugiados até o fim do ano.
As autoridades esperam que a redução do número dos chamados "migrantes por razões econômicas" amplie os recursos para ajudar pessoas de regiões em crise, como Iraque e Síria. A Alemanha pediu que países-membros prestem sua contribuição para o acolhimento de solicitantes de refúgio.
"Os desafios somente podem ser superados com uma política de asilo europeia comum", explicou o ministro alemão do Interior.
"Escandaloso"
Também neste domingo, o ministro francês do Exterior, Laurent Fabius, exortou a "Europa como um todo" a assumir suas responsabilidades frente ao fluxo crescente de refugiados.
"Quando vejo certo número de países europeus, principalmente no Leste, que não querem aceitar a quota [de migrantes], acho escandaloso", disse o ministro francês à emissora de rádio Europe1.
Fabius criticou especificamente a cerca erguida pela Hungria ao longo de sua fronteira com a Sérvia, numa tentativa de conter o fluxo de migrantes. Segundo Fabius, a barreira de arame farpado "não respeita os valores comuns europeus."
A Hungria é membro da União Europeia e, somente este ano, já interceptou mais de 140 mil migrantes cruzando a fronteira com a Sérvia. Em breve, a barricada deverá ser reforçada com uma cerca de quatro metros de altura.
CA/ap/dpa/afp
Como a Alemanha abriga os refugiados
A Alemanha receberá, só neste ano, até 450 mil refugiados. Mas quem espera por um visto precisar viver em locais bem distintos. Veja na galeria de fotos.
Foto: Picture-Alliance/dpa/P. Kneffel
Alojamento preliminar
Quando os refugiados chegam à Alemanha, vão para um alojamento preliminar. Este, em Trier, no estado da Renânia-Palatinado, tem capacidade para receber 850 pessoas que estejam à espera de um visto. Os refugiados precisam ficar por três meses até serem transferidos para outra cidade ou distrito – dependendo do local, as moradias são bem distintas.
Foto: picture-alliance/dpa/H. Tittel
Acampamento improvisado
Como muitos dos alojamentos preliminares estão lotados, outras instalações têm sido utilizadas para abrigar os refugiados. Em Hamm, no estado da Renânia do Norte-Vestfália, 500 pessoas vivem no salão para eventos da prefeitura. Com 2,7 mil m², o local foi divido em "quartos", cada um com 14 leitos.
Foto: picture-alliance/dpa/I. Fassbender
Pernoite na sala de aula
O enorme fluxo de refugiados leva muitas cidades ao limite de capacidade. Aachen, por exemplo, teve, em meados de julho, que abrigar 300 pessoas de uma hora pra outra. Logo, a única maneira de acomodá-los foi colocando camas numa escola da cidade.
Foto: Picture-Alliance/dpa/R. Roeger
Acampamentos provisórios
Nos últimos tempos, o número de campos para refugiados na Alemanha tem crescido vertiginosamente. Com a construção de um acampamento provisório, o alojamento central para refugiados em Halberstadt, na Alta Saxônia, aumentou consideravelmente a capacidade. Agora, no verão, essas tendas temporárias podem ser utilizadas. Até que o inverno comece, outros alojamentos devem ser colocados à disposição.
Foto: Picture-Alliance/dpa/J. Wolf
Vivendo com dificuldades
Atualmente, a cidade de Dresden tem um dos maiores acampamentos para refugiados. Contudo, viver por lá exige paciência dos moradores. Há filas gigantes para os banheiros e nos refeitórios. No total, o local abriga atualmente mil pessoas, de 15 nacionalidades. Nos próximos dias, outros refugiados deverão chegar – até que se chegue à capacidade total de 1.100 pessoas.
Foto: Picture-Alliance/dpa/A. Burgi
Morando em containers
Para que a capacidade de receber os refugiados seja maior, muitas cidades alemãs têm construído containers que servem de moradia. Em Trier, por exemplo, a solução vem sendo utilizada desde 2014. Atualmente, são mais de mil pessoas nessas instalações.
Foto: Picture-Alliance/dpa/H. Tittel
Atentados
A foto mostra o corpo de bombeiros apagando o incêndio causado por um atentado nas instalações de Remchingen, no estado de Baden-Württemberg. Muitas vezes, a oposição de muitos moradores à chegada dos refugiados acaba se transformando em violência. No momento, há ataques quase diários aos alojamentos – principalmente no leste e no sul da Alemanha.
Foto: Picture-Alliance/dpa/SDMG/Dettenmeyer
O envolvimento político
O vice-chanceler alemão, Sigmar Gabriel, conversa com crianças de um campo de refugiados na cidade de Wolgast, no estado de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental, onde vivem cerca de 300 pessoas. O político exigiu que o governo alemão preste auxílios financeiros aos munícipios atingidos. Porém, Gabriel salientou que receber refugiados não é uma questão de dinheiro, mas, sim, "de decência".
Foto: picture-alliance/dpa/B. Wüstneck
Novas instalações
Para que os refugiados possam ser devidamente abrigados, vários municípios estão construindo novos alojamentos – como em Eckental, perto de Nurembergue, na Baviera. A foto mostra o novo complexo, que terá capacidade para 60 pessoas. Os primeiros moradores devem chegar em janeiro de 2016.
Foto: Picture-Alliance/dpa/D. Karmann
Novos acampamentos provisórios
Até que os novos alojamentos fiquem prontos, serão erguidos vários outras instalações de emergência. Como este, no parque industrial de Munique. Aqui, cerca de 170 membros de organizações humanitárias e do corpo de bombeiros constroem, de madrugada, um acampamento com duas dúzias de barracas e 300 leitos.