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Idiomas

27 de setembro de 2009

A Comissão Europeia apresentou um programa em defesa da educação bilíngue na infância, argumentando que o aprendizado de mais de um idioma nos primeiros anos de vida pode ser extremamente importante para uma criança.

Crianças na Bélgica: aulas de inglêsFoto: Dw/Henn

No jardim-de-infância Tutti Frutti, em Bruxelas, as crianças têm aulas regulares de inglês. A educadora Vera, que cresceu entre as culturas norte-americana e brasileira, explica como a escolinha em que trabalha procura fazer com que o aprendizado de um outro idioma atraia a atenção das crianças.

"Precisamos fazer um bom uso da criatividade, usando uma série de atrativos visuais, a fim de aguçar a curiosidade das crianças e fazer com que elas se sintam satisfeitas com o que fazem aqui", diz ela.

Comissão quer sensibilizar pais

O romeno Leonard Orban, comissário da UE para a diversidade linguística, lançou no último sábado (26/09) uma campanha especial, intitulada "Piccolingo", em prol da educação multilingual das crianças nos países do bloco.

O projeto está orçado em 400 mil euros. A ideia é convencer os europeus que têm filhos a ensinarem, desde cedo, um outro idioma às crianças. "Eles terão melhores oportunidades na vida, irão encontrar melhroes empregos", argumenta Orban.

Aulas em vários idiomas: alta procuraFoto: Dw/Henn

De acordo com estatísticas atuais, apenas um terço dos adultos na União Europeia domina dois ou mais idiomas. Entre os alunos dos últimos anos do ensino médio, 60% aprendem pelo menos duas outras línguas. Entre as nações com maior número de jovens que aprendem outros idiomas estão a República Tcheca, a Finlândia, os Países Baixos e Luxemburgo.

Sem desvantagens para o aprendizado da língua materna

Entre as preocupações de pais que optam pelo pluralismo linguístico de seus filhos, está o medo de que a criança não tenha mais o discernimento de distinguir um idioma do outro e acabe se confundindo nos primeiros anos escolares. Ou seja, os que vêem com reservas a educação em várias línguas questionam se não seria recomendável consolidar a língua materna antes de aprender outras.

O especialista em idiomas Peter Edelenbos lembra que há várias pesquisas sobre esse assunto que levam a conclusões evidentes: "A língua materna não é, de forma alguma, influenciada de forma negativa. Há, por outro lado, influências positivas na capacidade e motivação futuras em relação ao aprendizado de outras línguas", diz.

Além de outro ponto muito relevante em uma UE com 27 membros: a compreensão intercultural dessas crianças quando estiverem em idade adulta será certamente maior.

Alta procura

Patricia Pitisci, diretora da escola Tutti Frutti, em BruxelasFoto: Dw/Henn

Patricia Pitisci, que fundou a escola Tutti Frutti em Bruxelas há 12 anos, não tem do que reclamar com seus aproximadamente 200 alunos, todos envolvidos com o aprendizado de idiomas como inglês, francês, alemão, italiano, holandês e espanhol. Desde a ampliação da escola há seis anos, há 70 crianças frequentando os grupos onde são ensinados vários idomas no jardim-de-infância. "Há uma procura enorme, que nem conseguimos suprir", diz Pitisci.

Para ela, não basta, contudo, apenas sensibilizar os pais para a importância do pluralismo linguístico, mas há necessidade de que se disponibilize meios para tal, bem como estruturas de incentivo em vários níveis.

Pitisci ficou feliz com o reconhecimento que recebeu, por escrito, por parte da UE sobre a importância de seu trabalho. Melhor ainda teria sido, diz ela, receber incentivos financeiros concretos que contribuíssem para a melhoria de seu trabalho.

Autora: Susanne Henn (sv)

Revisão: Rodrigo Rimon

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