UE destina recorde de 1,1 bi de euros à ajuda humanitária
Nik Martin (av)20 de agosto de 2016
No Dia Mundial da Ajuda Humanitária, europeus anunciam 20% mais verbas, em resposta ao número crescente de refugiados e desalojados em todo o planeta. Vítimas da crise síria são principais alvo das contribuições.
Anúncio
A Comissão Europeia anunciou em Bruxelas um aumento de seu orçamento humanitário em 20%, totalizando 1,1 bilhão de euros. Destes, 445 milhões de euros – cerca de 40% – se destinam às vítimas da crise na Síria.
"As trágicas imagens das crianças de Aleppo mostram, infelizmente de forma clara demais, o real sofrimento humano dos milhões envolvidos nas crises humanitárias por todo o mundo", declararam, nesta sexta-feira (19/08), em comunicado conjunto, a chefe da diplomacia da União Europeia, Federica Mogherini, e o comissário para Ajuda Humanitária e Gestão de Crises, Christos Stylianides.
Segundo ambos, em 2015 a UE ajudou a mais de 134 milhões de vítimas de desastres naturais e de causa humana, em 80 países: "Desde as vítimas dos conflitos na Síria e no Sudão do Sul até fortalecer a nossa assistência à educação em emergências, ou aos atingidos pelo fenômeno meteorológico extremo El Niño, nossa ajuda tem apoiado os mais vulneráveis."
Mais de mil vítimas entre os voluntários
Registrando o Dia Mundial da Ajuda Humanitária, Mogherini e Stylianides também prestaram homenagem aos trabalhadores humanitários de todo o planeta. Nas últimas duas décadas, mais de mil pessoas perderam a vida em atentados por todo o mundo, enquanto tentavam auxiliar outras, lembraram os políticos europeus.
A Comissão Europeia enfatizou que seu orçamento recorde para 2016 é uma resposta ao acréscimo contínuo das necessidades humanitárias, decorrente do número crescente de pessoas refugiadas e desalojadas em escala global.
A iniciativa da UE se sucede à primeira Cúpula Humanitária Mundial, realizada no fim de maio em Istambul, Turquia. Nela, dezenas de nações e agências de assistência lançaram uma "Grande Barganha", visando redirecionar pelo menos 1 bilhão de dólares para a linha de frente da ação humanitária, nos próximos cinco anos.
Antes do comunicado em Bruxelas, Stylianides apelara a outros doadores para também elevarem suas contribuições de ajuda. Incluídos os investimentos individuais dos diversos Estados-membros, a UE é a principal doadora de verbas humanitárias do mundo, a maior parte das quais é repassada a ONGs, às Nações Unidas e a associações da Cruz Vermelha.
Viagem à Europa da perspectiva de refugiados
Exposição em Hamburgo mostra longa jornada do ponto de vista dos migrantes, resultado do projeto #RefugeeCameras. Risco, desamparo e raros momentos de alegria permeiam as imagens.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Partida sem volta?
Em dezembro de 2015, o alemão Kevin McElvaney entregou 15 câmeras descartáveis e envelopes pré-selados a migrantes em Izmir, Lesbos, Atenas e Idomeni. Sete retornaram ao jovem fotógrafo e fazem parte do projeto #RefugeeCameras. Zakaria recebeu sua câmera em Izmir. O sírio fugiu do "Estado Islâmico" e do regime Assad. Em seu diário de fuga, ele escreve que só Deus sabe se ele voltará à Síria.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Travessia de bote
Zakaria documentou sua viagem marítima da Turquia até a ilha grega de Chios. Ele ficou sentado na parte de trás do bote. Na exposição em Hamburgo, as imagens feitas por refugiados são complementadas por uma seleção de fotos tiradas por profissionais, que ajudaram a montar a representação das rotas de fuga. Todos eles doaram suas obras para apoiar o projeto.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Chegada perigosa
Hamza e Abdulmonem, ambos da Síria, fotografaram a perigosa chegada de seu barco a uma ilha grega. Não havia voluntários para recebê-los. Foi justamente isso que McElvaney tinha em mente quando lançou a #RefugeeCameras. Segundo o jovem fotógrafo, até agora a mídia proporcionou somente um "vazio visual" a esse respeito.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Sobrevivendo ao mar
Após o desembarque, vê-se um menino com roupas molhadas e colete salva-vidas numa praia. A imagem faz recordar Aylan Kurdi, o pequeno garoto sírio cujo corpo sem vida foi encontrado no litoral turco em setembro de 2015. A criança nesta foto conseguiu chegar viva à Europa. O seu destino é desconhecido.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Sete câmeras
Hamza e Abdulmonem também tiraram esta foto instantânea levemente desfocada de um grupo de refugiados fazendo uma pausa. Das 15 câmeras que McElvaney entregou, sete retornaram, uma foi perdida, duas foram confiscadas, e duas permaneceram em Izmir, onde seus donos ainda estão retidos. As três câmeras restantes estão desaparecidas – assim como seus proprietários.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Família em foco
Dyab, um professor de Matemática sírio, tentou registrar alguns dos melhores momentos de sua viagem até a Alemanha. Na foto, veem-se sua esposa e seu filho pequeno, Kerim, que nos mostra um pacote de biscoito que recebeu num campo de refugiados macedônio. A imagem revela a profunda afeição de Dyab por seu filho, diz McElvaney: "Ele quer cuidar dele, mesmo na árdua viagem que foi forçado a seguir."
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Do Irã à Alemanha
A história de Said, do Irã, é diferente. O jovem teve de deixar seu país, depois de ter se convertido ao cristianismo. Ele poderia ter sido preso ou morto. Para ser aceito como refugiado, ele fingiu ser afegão. Após a sua chegada à Alemanha, ele explicou sua situação, para a satisfação das autoridades. Ele vive agora – como iraniano – em Hanau, no estado de Hessen.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Não apenas selfies
Said tirou esta foto de um pai sírio e seu filho num ônibus de Atenas a Idomeni.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Momento de alegria
Em outro registro feito por Said, um voluntário que trabalha num campo de refugiados em algum lugar entre a Croácia e a Eslovênia brinca com um grupo de crianças, que tentam imitar seus truques.