UE diminui previsão de crescimento na zona do euro em 2022
16 de maio de 2022
Prognóstico foi revisado de 4% para 2,7%, tendo como principal fator a instabilidade gerada pela guerra na Ucrânia. Medidas de restrição contra a covid-19 na China também influenciaram estimativa menor de crescimento.
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A Comissão Europeia reduziu nesta segunda-feira (16/05) de 4% para 2,7% a previsão de crescimento para zona do euro em 2022, afirmando que o aumento dos preços de energia e commodities "exacerbou os ventos contrários pré-existentes" para o crescimento.
Antes da eclosão da guerra na Ucrânia, as perspectivas para a economia da União Europeia (UE) eram de "expansão prolongada e robusta", disse a Comissão em um comunicado à imprensa.
No entanto, segundo o comissário de Economia da UE, Paolo Gentiloni, a invasão da Ucrânia pela Rússia está "pesando na recuperação econômica da Europa" após a pandemia de covid-19.
"A logística induzida pela guerra e as interrupções na cadeia de suprimentos, bem como o aumento dos custos de insumos para uma ampla gama de matérias-primas", estão pesando na produção, ponderou a Comissão.
A UE prevê que a inflação, impulsionada pelos preços da energia na zona do euro, excederá 6% em 2022, atingindo um pico de 6,9% no segundo trimestre deste ano. Para 2023, a expectativa da UE é que a inflação diminua para 2,7% na zona do euro. O emprego na UE deverá crescer 1,2% este ano.
Em março, a inflação anual na zona do euro atingiu o recorde histórico de 7,4%, em meio à espiral dos preços da energia causada em parte pela guerra na Ucrânia, segundo o Departamento de Estatísticas da União Europeia (Eurostat). O índice foi o mais alto desde que o euro foi introduzido como moeda comum, em 1999. Na UE como um todo (incluindo países que não utilizam o euro), a inflação anual em março foi de 7,8%.
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Efeito atenuante
A Comissão Europeia também informou nesta segunda-feira que o alto crescimento em 2021, à medida que as restrições ao coronavírus foram relaxadas, deve atenuar os piores efeitos do prognóstico mais baixo deste ano.
"A forte recuperação econômica do ano passado terá um efeito positivo persistente nas taxas de crescimento deste ano", disse Gentiloni. "Um mercado de trabalho forte e a reabertura pós-pandemia deve fornecer mais apoio às nossas economias e ajudar a reduzir a dívida pública e os déficits", acrescentou.
Para o comissário do Comércio da UE, Valdis Dombrovskis, os fundamentos econômicos do bloco são "sólidos".
"Antes desta guerra começar, a economia da UE embarcou em um caminho de forte recuperação e crescimento. Mais empregos estão sendo criados na economia da UE, atraindo mais pessoas para o mercado de trabalho e mantendo o desemprego baixo", disse.
Ao fornecer sua previsão, a Comissão admitiu que atualmente é difícil estimar com certa precisão o crescimento econômico, pois a atividade econômica e a inflação são "muito dependentes da evolução da guerra e, especialmente, de seu impacto nos mercados de energia".
A zona euro é composta por Bélgica, Alemanha, Estônia, Irlanda, Grécia, Espanha, França, Itália, Chipre, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Holanda, Áustria, Portugal, Eslovênia, Eslováquia e Finlândia.
le (AFP, DPA)
A desigualdade econômica na União Europeia
As diferenças nos padrões de vida entre países da União Europeia são extremas. Mas, dependendo de como a riqueza é medida, há algumas surpresas – até quando se trata das nações em crise do bloco.
Foto: picture-alliance/dpa/D. Kalker
Bulgária: salários baixíssimos
A Bulgária é considerada o país mais pobre da União Europeia e também aquele onde a corrupção é mais generalizada no bloco. Segundo a Germany Trade and Invest (GTAI), a renda bruta média em 2018 foi de apenas 580 euros por mês. Desde que o país ingressou na UE, vários jovens búlgaros deixaram sua terra natal, sendo muitos deles profissionais qualificados.
Foto: BGNES
Romênia: o penúltimo lugar no ranking econômico da UE
Não se deixe enganar pela riqueza de cidades pitorescas cuidadosamente restauradas, como Brasov (foto), na Transilvânia. Com um Produto Interno Bruto (PIB) de 11.440 euros per capita (2019), o país está, de fato, numa posição melhor do que a Bulgária (8.680 euros). Mas com um salário médio bruto de 1.050 euros em 2019, ainda fica bem atrás da Alemanha (3.994 euros).
Foto: Imago Images/Design Pics/R. Maschmeyer
Grécia: saindo de uma crise para entrar em outra
Quando o país estava apenas começando a se recuperar dos efeitos da crise da dívida, em grande parte graças ao turismo dos últimos anos, veio a crise do coronavírus. Ainda que tenha um PIB per capita de cerca de 17.500 euros - aproximadamente o dobro do da Bulgária -, o país é considerado pobre se comparado à Alemanha.
Foto: picture-alliance/dpa/VisualEyze
França: país de proprietários de imóveis
Quando o assunto é riqueza média, os franceses estão muito à frente dos alemães. Com um patrimônio líquido de 26.500 euros (2018) per capita, os franceses possuem quase 10.000 euros a mais, de acordo com dados da Allianz, em parte devido à baixa participação imobiliária dos alemães. Na França, muitos chegam a ter até uma segunda casa no interior.
Foto: picture alliance/prisma/K. Katja
Itália: sem crescimento e altas dívidas
Entre os países europeus, a Itália foi particularmente atingida pela covid-19, com a cidade de Bérgamo rendendo manchetes como o epicentro da pandemia. Após cerca de duas décadas de estagnação econômica, o país é hoje um dos que defendem a distribuição de ajuda devido à pandemia entre os membros da UE. Com um PIB de 29.610 euros (2018) per capita, a Itália fica pouco abaixo da média do bloco.
Foto: AFP/P. Cruciatti
Espanha: o pavor de uma segunda onda
Após um forte aumento nas infecções por covid-19, as autoridades da Catalunha reimpuseram limitações de circulação em julho. O país é extremamente dependente do turismo, que representa cerca de 15% do PIB. Com uma produção econômica per capita de 26.440 euros (2018), a Espanha fica abaixo da média da UE, de pouco menos de 31.000 euros.
Foto: Reuters/N. Doce
Suécia: muita prosperidade, altos impostos e sem confinamento
A Suécia resolveu enfrentar a crise do coronavírus sem lockdown, o que, em comparação com seus vizinhos, acabou provocando muitas mortes. Com um PIB de 46.180 euros per capita, a Suécia fica em quinto lugar na Europa, atrás de Luxemburgo, Irlanda, Dinamarca e Holanda. Apesar dos altos impostos, os suecos ficaram à frente dos franceses em 2018, com um patrimônio líquido de 27.511 euros.
Foto: imago images/TT/J. Nilsson
Países Baixos: riqueza e produção econômica elevadas
Ao lado da Suécia, Dinamarca e Áustria, os holandeses estão entre os países que rejeitam transferências bilionárias sem contrapartida de reformas para países como a Itália. Com um PIB de 46.800 euros per capita (2019) e um patrimônio líquido de mais de 60.000 euros per capita (2018), eles estão no topo do ranking da UE.
Foto: picture-alliance/robertharding/F. Hall
Alemanha: uma nação rica, mas os cidadãos nem tanto
Até agora, o país tem contornado a pandemia com sucesso. Os custos econômicos, no entanto, são enormes: as exportações caíram, e muitas empresas lutam para sobreviver. Detentora da maior economia da UE, a Alemanha teve um PIB de 41.340 euros (2019) per capita. Em 2018, porém, os alemães possuíam um patrimônio líquido de apenas 16.800 euros per capita - metade do observado na Itália.