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UE e África acertam força-tarefa para Líbia

1 de dezembro de 2017

Até 700 mil migrantes africanos estão retidos em acampamentos na Líbia. Ao final de reunião de cúpula, líderes europeus e africanos prometem "soluções de longo prazo" para conter fluxo migratório.

Migrantes na Líbia
Num primeiro acerto, líderes da UE da UA acordaram a retirada imediata de 3.800 migrantes isolados na LíbiaFoto: Reuters/H. Amara

Ao fim de uma cúpula de dois dias na Costa do Marfim, líderes da União Europeia (UE) e da União Africana (UA) chegaram a um acordo sobre planos para a retirada imediata de 3.800 migrantes isolados na Líbia, em meio à consternação mundial por recém-divulgados leilões de migrantes escravizados no país.

"Concordamos, juntamente com a UE e a ONU, em criar uma força-tarefa para repatriar ao menos 3.800 pessoas", disse o chefe da Comissão da União Africana, Moussa Faki Mahamat. "Mas é apenas um acampamento. O governo líbio nos diz que existem 42 destes. Definitivamente, há mais. Estimaßse que haja entre 400 mil e 700 mil migrantes africanos na Líbia."

Mahamat explicou que a UA se associou à ONU e à União Europeia para conceber "soluções em longo prazo para a questão da migração", especialmente na Líbia, que tem sido usada como ponto de partida pela maioria de quase meio milhão de migrantes africanos que tentaram alcançar a Europa desde 2015, segundo dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM). A Uniäao Africana deve liderar as repatriações.

A intenção de realizar operações emergenciais de evacuação envolvendo refugiados vítimas de tráfico humano na Líbia havia sido anunciada já na quarta-feira pelo presidente francês, Emmanuel Macron, e foi detalhada ao final da cúpula na Costa do Marfim.

Milhares de migrantes da África Subsaariana foram presos na Líbia depois que o governo da Líbia apoiado pela ONU – o Governo do Acordo Nacional (GNA) – adotou uma política de detenção de migrantes da região. Bruxelas havia pressionado a Líbia a fazer mais para conter o fluxo migratório.

Gerba Shehu, porta-voz do presidente da Nigéria, Muhammadu Buhari, disse em entrevista à DW que o governo fará tudo que estiver a seu alcance para repatriar os nigerianos na Líbia. Mas ele afirmou que é preciso fazer mais em relação aos traficantes de seres humanos, inclusive aqueles que operam fora da Líbia. "Eles também estão aqui na Costa do Marfim, de onde pessoas estão sendo encaminhadas à Líbia", disse Shehu.

A repatriação, no entanto, inicialmente é possível somente a partir de regiões acessíveis à OIM e às forças do GNA, segundo Marina Schramm, do escritório da OIM em Abidjan. "Num primeiro momento, temos acesso a acampamentos operados pelo governo no norte do país. Mas a situação de segurança é até mesmo nessa região muitas vezes difícil e um desafio, de modo que a logística dessas operações é muito complexa."

Desde que o ditador Muammar Kadafi foi deposto em 2011, a Líbia mergulhou no caos, com milícias, grupos terroristas e governos concorrentes reivindicando o poder no país. Os contrabandistas de seres humanos exploram justamente o vácuo de ordem e segurança e prometem passagem para a Europa a centenas de milhares de africanos subsaarianos, muitos deles em fuga de conflitos e pobreza extrema em seus países.

Sem "Plano Marshall" para a África

Esperava-se que a cúpula de dois dias fosse abordar os desafios decorrentes da crescente população da África, que deverá chegar a 2,4 bilhões de pessoas até 2050. Líderes europeus e africanos alertaram que, sem um desenvolvimento acelerado, milhões de jovens africanos podem tentar fugir para a Europa em busca de uma vida melhor ou recorrer a grupos militantes islâmicos.

"Uma oportunidade importante foi perdida aqui", disse Friederike Röder, da organização francesa de desenvolvimento One, em entrevista à DW. "Todos os chefes de governo concordaram com os desafios das mudanças demográficas na África", mas deixaram de estabelecer novas iniciativas – nem mesmo o "plano Marshall para a África", discutido anteriormente pela Alemanha, acrescentou Röder.

PV/afp/rtr/dpa/dw

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