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UE e África anunciam plano para retirar refugiados da Líbia

30 de novembro de 2017

Reunidos na Costa do Marfim, líderes europeus e africanos decidem levar a cabo operações de evacuação para ajudar migrantes vítimas de tráfico humano em campos na Líbia. Macron diz que resgate começa nos próximos dias.

Elfenbeinküste EU-Afrika-Gipfel in Abidjan
Em Abidjã, o presidente francês alertou contra crime de humanidade na LíbiaFoto: Reuters/P. Wojazer

Líderes de países europeus e africanos concordaram nesta quarta-feira (29/11) em realizar, nos próximos dias ou semanas, operações emergenciais de evacuação envolvendo refugiados vítimas de tráfico humano na Líbia. O anúncio foi feito pelo presidente da França, Emmanuel Macron.

A cooperação foi acordada durante uma reunião na noite desta quarta-feira na Costa do Marfim, onde acontece a cúpula da União Europeia (UE) e União Africana, entre os líderes da Alemanha, França e Líbia, bem como de outros seis países.

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A decisão vem depois de um pedido feito pelo presidente da Costa do Marfim, Alassane Ouattara, durante a cúpula, para que "todas as medidas urgentes" sejam tomadas para pôr fim à venda de migrantes africanos como escravos em território líbio.

Após a reunião, marcada com urgência por Macron para tratar do assunto, os líderes presentes "decidiram por uma operação de emergência extrema para retirar da Líbia aqueles que querem sair", disse ele, alertando que o que acontece hoje no país africano é um crime contra a humanidade.

O presidente francês não detalhou como essa operação militar e policial será implementada, mas disse que acontecerá "nos próximos dias, de acordo com seus países de origem". Ele acrescentou que, em alguns casos, os migrantes podem receber refúgio na Europa.

Segundo Macron, o chefe do governo líbio reconhecido pela ONU, Fayez al-Sarraj, concordou em cooperar. "A Líbia reiterou que vai identificar os campos onde as cenas bárbaras foram registradas."

O líder francês ainda afirmou que Sarraj assegurou o acesso do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados e da Organização Internacional para as Migrações (OIM) a essas áreas.

Também presente na reunião, a chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, afirmou ser "muito importante que nós simplesmente apoiemos os africanos a pôr fim à migração ilegal, para que pessoas não tenham que sofrer em campos terríveis na Líbia ou mesmo ser negociadas".

Líderes de vários países estão reunidos na Costa do Marfim para a cúpula UE-ÁfricaFoto: Reuters/P. Wojazer

Comércio de refugiados

O escândalo na Líbia foi revelado há duas semanas pela emissora americana CNN e chocou o mundo. Imagens feitas com celular mostram homens negros sendo apresentados a compradores do Norte da África no que seria um mercado de escravos próximo à capital do país, Trípoli.

No vídeo, ouve-se alguém dizer que os homens estão sendo vendidos por 400 dólares (cerca de 1.300 reais) cada. Eles são apontados como possível mão de obra para agricultura.

Em abril deste ano, um relatório da OIM já havia denunciado a existência de migrantes africanos retidos no país de trânsito e submetidos a trabalhos forçados, violência e abuso sexual. O documento trazia, inclusive, testemunhos de refugiados mantidos nos chamados "mercados de escravos", onde muitos são vendidos por um preço entre 200 e 500 dólares.

Para especialistas, a principal razão para o alastramento de fenômenos como o tráfico de pessoas na Líbia é a falta de impunidade dos traficantes, resultado do caos continuado no país e da falta de uma autoridade centralizada que combata esses crimes.

A Líbia é vítima do caos e da guerra civil desde que rebeldes apoiados pela Otan conseguiram, em 2011, derrubar o ditador Muammar Kadafi, no poder desde 1969. Hoje há, basicamente, dois centros de poder no país, ainda que nenhum deles detenha um controle efetivo nem mesmo sobre os grupos armados que os apoiam.

EK/afp/ap/efe/lusa

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