Ministros da União Europeia elevam pressão contra Pyongyang em razão de seu programa nuclear. Novas medidas incluem proibição de investimento no país asiático e a não renovação de vistos de trabalho para norte-coreanos.
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A União Europeia (UE) anunciou nesta segunda-feira (16/10) um novo pacote de sanções contra a Coreia do Norte, elevando a pressão contra o país asiático por conta de seu programa nuclear.
A nova medida, aprovada pelos ministros europeus do Exterior, reunidos em Luxemburgo, vai além das sanções adotadas pelo Conselho de Segurança da ONU. Ela inclui a proibição de qualquer investimento da UE na Coreia do Norte e da venda de petróleo e produtos petrolíferos ao país.
Também foi limitada a transferência de dinheiro realizada por cidadãos norte-coreanos que vivem em países da União Europeia para indivíduos na Coreia do Norte. O valor máximo a ser transferido, que até então era 15 mil euros, passa a ser 5 mil euros.
Os ministros ainda decidiram que não serão renovadas as autorizações de trabalho de cidadãos norte-coreanos em território da UE depois que elas expirarem, a menos que esses trabalhadores sejam refugiados ou estejam sob proteção internacional. Estima-se que cerca de 400 pessoas vindas do país trabalhem em Estados-membros do bloco europeu, sendo a maioria na Polônia.
Por fim, foram adicionadas à lista de sanções três pessoas e seis entidades norte-coreanas, o que significa que todos os bens que eles tenham na UE serão congelados. Elas atingem, por exemplo, o Exército do país e o Ministério das Forças Armadas de Pyongyang.
Com a ampliação da lista de sancionados, um total de 41 pessoas e dez entidades norte-coreanas são agora alvo das sanções europeias. Além disso, outras 63 pessoas e 53 entidades foram sancionadas pela ONU.
A União Europeia declarou que as novas medidas foram tomadas em razão da "ameaça persistente contra a paz e a estabilidade internacional" que o regime de Kim Jong-un representa.
A chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, admitiu, no entanto, que o "impacto das sanções europeias será limitado" na Coreia do Norte, uma vez que Bruxelas não mantém um forte laço econômico com Pyongyang.
As novas sanções ocorrem na esteira da escalada de tensões envolvendo o regime norte-coreano em razão do programa de armas nucleares conduzido pelo país, que incluiu nos últimos meses o teste de uma bomba de hidrogênio e lançamentos de mísseis intercontinentais.
EK/dpa/ap/afp/lusa/rtr
Verdades e mitos sobre a dinastia Kim
Família governa a Coreia do Norte desde a fundação do país, há quase sete décadas, com um culto quase divino às personalidades de Kim Il-sung, Kim Jong-il e Kim Jong-un.
Foto: picture alliance / dpa
Um jovem líder
Kim Il-sung, o primeiro e "eterno" presidente da Coreia do Norte, assumiu o poder em 1948 com o apoio da União Soviética. O calendário oficial do país começa no seu ano de nascimento, 1912, designando-o de "Juche 1", em referência ao nome da ideologia estatal. O primeiro ditador norte-coreano tinha 41 anos ao assinar o armistício que encerrou a Guerra da Coreia (foto).
Foto: picture-alliance/dpa
Idolatria
Após a guerra, a máquina de propaganda de Pyongyang trabalhou duro para tecer uma narrativa mítica em torno de Kim Il-sung. A sua infância e o tempo que passou lutando contra as tropas japonesas nos anos 1930 foram enobrecidas para retratá-lo como um gênio político e militar. No congresso partidário de 1980, Kim anunciou que seria sucedido por seu filho, Kim Jong-il.
Foto: picture-alliance/AP Photo
No comando até o fim
Em 1992, Kim Il-sung começou a escrever e publicar sua autobiografia, "Memórias – No transcurso do século." Ao descrever sua infância, o líder norte-coreano afirmou que ao 6 anos participou de sua primeira manifestação contra os japoneses e, aos 8, envolveu-se na luta pela independência. As memórias permaneceram inacabadas com a sua morte, em 1994.
Foto: Getty Images/AFP/JIJI Press
Nos passos do pai
Depois de passar alguns anos no primeiro escalão do regime, Kim Jong-il assumiu o poder após a morte do pai. Seus 16 anos de governo foram marcados pela fome e pela crise econômica num país já empobrecido. Mas o culto de personalidade em torno dele e de seu pai, Kim Il-sung, cresceu ainda mais.
Foto: Getty Images/AFP/KCNA via Korean News Service
Nasce uma estrela
Historiadores acreditam que Kim Jong-il nasceu num campo militar no leste da Rússia, provavelmente em 1941. Mas a biografia oficial afirma que o nascimento dele aconteceu na montanha sagrada coreana de Paekdu, exatamente 30 anos após o nascimento de seu pai, em 15 de abril de 1912. Segundo uma lenda, esse nascimento foi abençoado por uma nova estrela e um arco-íris duplo.
Foto: picture-alliance/AP Photo
Problemas familiares
Kim Jong-il teve três filhos e duas filhas com três mulheres, até onde se sabe. Esta foto de 1981 mostra Kim Jong-il sentado ao lado de seu filho Kim Jong-nam, fruto de um caso com a atriz Song Hye-rim (que não aparece na foto). A mulher à esquerda é Song Hye-rang, irmã de Song Hye-rim, e os dois adolescentes são filhos de Song Hye-rang. Kim Jong-nam foi assassinado em 2017.
Foto: picture-alliance/dpa
Procurando um sucessor
Em 2009, a mídia ocidental informou que Kim Jong-il havia escolhido seu filho mais novo, Kim Jong-un, para assumir a liderança do regime. Os dois apareceram juntos numa parada militar em 2010, um ano antes da morte de Kim Jong-il.
Foto: picture-alliance/AP Photo/V. Yu
Juntos
Segundo Pyongyang, a morte de Kim Jong-il em 2011 foi marcada por uma série de acontecimentos misteriosos. A mídia estatal relatou que o gelo estalou alto num lago, uma tempestade de neve parou subitamente e o céu ficou vermelho sobre a montanha Paekdu. Depois da morte de Kim Jong-il, uma estátua de 22 metros de altura do ditador foi erguida próxima à de seu pai (esq.) em Pyongyang.
Foto: picture-alliance/dpa
Passado misterioso
Kim Jong-un manteve-se fora de foco antes de subir ao poder. Sua idade também é motivo de controvérsia, mas acredita-se que ele tenha nascido entre 1982 e 1984. Ele estudou na Suíça. Em 2013, ele surpreendeu o mundo ao se encontrar com Dennis Rodman, antiga estrela do basquete americano, em Pyongyang.
Foto: picture-alliance/dpa
Um novo culto
Como os dois líderes antes dele, Kim Jong-un é tratado como um santo pelo regime estatal totalitário. Em 2015, a mídia sul-coreana reportou sobre um manual escolar que sustentava que o novo líder já sabia dirigir aos 3 anos. Em 2017, foi anunciado pela mídia estatal que um monumento em homenagem a ele seria construído no Monte Paekdu.
Foto: picture alliance/dpa/Kctv
Um Kim com uma bomba de hidrogênio
Embora Kim tenha chegado ao poder mais jovem e menos conhecido do público que seu pai e seu avô, ele conseguiu manter o controle do poder. O assassinato de seu meio-irmão Kim Jong-nam, em 2017, serviu para cimentar sua reputação externa de ditador impiedoso. O líder norte-coreano também expandiu o arsenal de armas do país.