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Apoio sob condições

23 de março de 2009

O gás russo já foi motivo de duas crises com a Ucrânia, em 2005 e 2009. País também é principal via de transporte do combustível até a Europa Ocidental. UE e investidores buscam soluções.

Temor de nova crise do gás russo é grandeFoto: AP

A ampliação e reparo das canalizações que levam o gás natural russo através da Ucrânia para a Europa Ocidental esbarra em alguns obstáculos. O país necessita de 5,5 bilhões de euros para os trabalhos, declarou a primeira-ministra ucraniana, Julia Timochenko, durante uma conferência com especialistas da Comissão Europeia, instituições financeiras e representantes da indústria internacional, nesta segunda-feira (23/03), em Bruxelas.

O presidente da Ucrânia, Viktor Iuchtchenko, declarou ainda: "Temos a intenção de modernizar o nosso sistema de transporte de gás e de garantir seu funcionamento, a fim de corresponder às normas europeias". Para tal, ele estaria disposto a "impor ordem" e a combater "todo tipo de corrupção".

Segundo o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, as canalizações ucranianas seriam "algumas daquelas indispensáveis artérias de energia que fazem funcionar o corpo europeu". Entretanto, a União Europeia impõe determinadas condições para uma possível ajuda ao país vizinho.

Condições europeias

O presidente do Banco Europeu de Investimentos, Philippe Maystadt, declarou, em princípio, não fazer objeções ao cofinanciamento. Entretanto, o programa necessitaria de uma instância independente, dotada da competência técnica e financeira necessária para administrar o sistema de forma economicamente sustentável e transparente, ressalvou.

Nas palavras de seu especialista para a Ucrânia, Martin Raiser, o Banco Mundial também só estaria disposto a investir quando o sistema ucraniano estiver estruturado de forma mais transparente. Os parceiros reunidos em Bruxelas assinaram uma declaração conjunta voltada para a criação de uma operadora independente para a canalização de gás, função até agora desempenhada pela estatal Naftogaz.

Segundo especialistas, o acordo em nada alterará a importância da Rússia para o abastecimento de gás na Europa. Contudo, o ministro russo da Energia, Serguei Chmatko, acusou a UE e a Ucrânia de deixarem seu país de fora. "A natureza unilateral dessa declaração dá margem a preocupação e perplexidade", declarou. Em janeiro último, desentendimentos entre Moscou e Kiev afetaram durante semanas o abastecimento energético da UE.

Gás como instrumento de poder

A Rússia possui as mais importantes reservas de gás natural do planeta, com um terço do volume total, sendo a Gazprom o mais poderoso fornecedor. Originalmente estatal, ela se encontra, ainda hoje, sob controle governamental russo.

Até recentemente, as regiões vizinhas recebiam gás russo a condições especiais. Porém, em 2005, a Gazprom suspendeu os subsídios para a Ucrânia, o que resultou na duplicação dos preços. As razões alegadas eram de caráter econômico: o país não mais deveria receber tratamento preferencial em relação aos outros clientes – um argumento, aliás, defendido há bastante tempo pela UE e a Organização Mundial do Comércio.

O governo em Kiev negou-se a aceitar os aumentos, acusando Moscou de agir por motivação política. Há muito os russos desaprovavam a linha pró-europeia de Kiev e desconfiavam da aproximação da Otan. Por isso, haveriam cortado o fornecimento para a Ucrânia em pleno inverno, transformando o gás em instrumento de poder.

Artéria vital

Crise de janeiro de 2009 só chegou ao fim com assinatura de acordoFoto: AP

Para complicar a situação, o país representa a principal via de transporte do combustível russo até a Europa. Com 13,5 mil quilômetros, o sistema ucraniano de pipelines é o mais extenso do mundo, transportando 20% do gás natural consumido nos 27 países da UE.

Após 40 anos em funcionamento, porém, seu estado é bastante precário – entre outros motivos, devido à oxidação das tubulações. Por isso, ele precisa urgentemente ser modernizado: segundo peritos, seriam necessários 2,5 bilhões de euros nos próximos seis anos, somente para manter as pipelines funcionando.

A crise russo-ucraniana do gás alcançou um ápice em janeiro de 2009. A Gazprom e a Naftogaz não chegaram a um consenso quanto à prorrogação do contrato de fornecimento. Desta vez, o preço também foi o pomo da discórdia. E mais uma vez o fluxo do gás para a Ucrânia e através dela para a Europa Ocidental foi suspenso, só sendo retomado com a assinatura de um acordo.

A Ucrânia cedeu, pagando agora um preço mais elevado. Uma comissão internacional está encarregada de supervisionar o cumprimento dos contratos.

AV/SM/dw/dpa/afp

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