Nova guarda costeira e de fronteiras terá 1.500 funcionários que poderão ser mobilizados rapidamente em situações de emergência nos limites externos da União Europeia. Criação foi impulsionada pela crise migratória.
Anúncio
A União Europeia (UE) inaugurou nesta quinta-feira (06/10) sua nova guarda costeira e de fronteiras, numa tentativa de estabelecer uma estratégia unificada entre os Estados-membros para lidar com a crise migratória no bloco. A nova agência entrará progressivamente em pleno funcionamento. Até 2020, seu orçamento anual deverá chegar a 322 milhões de euros.
Autoridades europeias participaram da inauguração da Agência Europeia da Guarda de Fronteiras e Costeira (EBCG, na sigla em inglês) no posto de controle Kapitan Andreevo, localizado na fronteira da Bulgária com a Turquia, um dos principais pontos de entrada de migrantes na Europa.
O comissário europeu para a Migração, Dimitris Avramopoulos, chamou a data de marco na história da gestão das fronteiras europeias. Ele ressaltou que a EBCG "não existe de modo separado dos Estados-membros e tampouco pode substituir suas responsabilidades".
"De ora em diante, a fronteira externa europeia de um Estado-membro é a fronteira externa europeia de todos os Estados-membros, tanto em termos jurídicos como operacionais. Em menos de um ano, estabelecemos um verdadeiro sistema de guarda europeia costeira e de fronteiras, concretizando na prática os princípios da responsabilidade partilhada e da solidariedade entre os Estados-membros e a União", afirmou Avramopoulos.
A EBCG "existe para os Estados-membros e através deles", disse o comissário. "É por isso que todos devem se unir para operacionalizá-la e implementá-la o mais rápido possível." A criação da nova agência foi considerada uma rara demonstração de unidade entre os 28 países do bloco.
A EBCG é uma ampliação da Frontex – a missão europeia de fronteiras –, fundada para coordenar os esforços europeus no combate ao tráfico de pessoas e a migração ilegal. A Frontex vinha enfrentando grandes dificuldades para lidar com as centenas de milhares de refugiados que chegavam à Europa pela chamada rota dos Bálcãs.
A nova agência receberá uma reserva de 1,5 mil guardas de fronteira, que poderão ser mobilizados rapidamente em situações de emergência, como no caso de um fluxo repentino em algum ponto das fronteiras europeias.
O seu diretor-executivo, Fabrice Leggeri, afirmou que a agência vai realizar "testes de resistência" nas fronteiras externas para identificar vulnerabilidades antes do eventual surgimento uma crise. Ela poderá também prestar apoio operacional a países vizinhos não membros da UE que solicitarem assistência na sua fronteira.
A agência vai ainda compartilhar informações sobre atividades criminosas transfronteiriças com autoridades nacionais e outras agências europeias, como forma de apoiar investigações criminais. Ela terá também um papel fundamental nas fronteiras marítimas da Europa por meio de suas novas funções de guarda costeira.
A EBCG se destina ainda aos esforços para repatriar os migrantes que tiverem seus pedidos de asilo negados ou que sejam considerados uma ameaça à segurança. Por fim, a criação da agência tem o objetivo de restaurar o livre trânsito entre os países da área de Schengen graças a uma melhor proteção das fronteiras externas da UE.
RC/afp/dpa/lusa
Viagem à Europa da perspectiva de refugiados
Exposição em Hamburgo mostra longa jornada do ponto de vista dos migrantes, resultado do projeto #RefugeeCameras. Risco, desamparo e raros momentos de alegria permeiam as imagens.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Partida sem volta?
Em dezembro de 2015, o alemão Kevin McElvaney entregou 15 câmeras descartáveis e envelopes pré-selados a migrantes em Izmir, Lesbos, Atenas e Idomeni. Sete retornaram ao jovem fotógrafo e fazem parte do projeto #RefugeeCameras. Zakaria recebeu sua câmera em Izmir. O sírio fugiu do "Estado Islâmico" e do regime Assad. Em seu diário de fuga, ele escreve que só Deus sabe se ele voltará à Síria.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Travessia de bote
Zakaria documentou sua viagem marítima da Turquia até a ilha grega de Chios. Ele ficou sentado na parte de trás do bote. Na exposição em Hamburgo, as imagens feitas por refugiados são complementadas por uma seleção de fotos tiradas por profissionais, que ajudaram a montar a representação das rotas de fuga. Todos eles doaram suas obras para apoiar o projeto.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Chegada perigosa
Hamza e Abdulmonem, ambos da Síria, fotografaram a perigosa chegada de seu barco a uma ilha grega. Não havia voluntários para recebê-los. Foi justamente isso que McElvaney tinha em mente quando lançou a #RefugeeCameras. Segundo o jovem fotógrafo, até agora a mídia proporcionou somente um "vazio visual" a esse respeito.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Sobrevivendo ao mar
Após o desembarque, vê-se um menino com roupas molhadas e colete salva-vidas numa praia. A imagem faz recordar Aylan Kurdi, o pequeno garoto sírio cujo corpo sem vida foi encontrado no litoral turco em setembro de 2015. A criança nesta foto conseguiu chegar viva à Europa. O seu destino é desconhecido.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Sete câmeras
Hamza e Abdulmonem também tiraram esta foto instantânea levemente desfocada de um grupo de refugiados fazendo uma pausa. Das 15 câmeras que McElvaney entregou, sete retornaram, uma foi perdida, duas foram confiscadas, e duas permaneceram em Izmir, onde seus donos ainda estão retidos. As três câmeras restantes estão desaparecidas – assim como seus proprietários.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Família em foco
Dyab, um professor de Matemática sírio, tentou registrar alguns dos melhores momentos de sua viagem até a Alemanha. Na foto, veem-se sua esposa e seu filho pequeno, Kerim, que nos mostra um pacote de biscoito que recebeu num campo de refugiados macedônio. A imagem revela a profunda afeição de Dyab por seu filho, diz McElvaney: "Ele quer cuidar dele, mesmo na árdua viagem que foi forçado a seguir."
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Do Irã à Alemanha
A história de Said, do Irã, é diferente. O jovem teve de deixar seu país, depois de ter se convertido ao cristianismo. Ele poderia ter sido preso ou morto. Para ser aceito como refugiado, ele fingiu ser afegão. Após a sua chegada à Alemanha, ele explicou sua situação, para a satisfação das autoridades. Ele vive agora – como iraniano – em Hanau, no estado de Hessen.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Não apenas selfies
Said tirou esta foto de um pai sírio e seu filho num ônibus de Atenas a Idomeni.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Momento de alegria
Em outro registro feito por Said, um voluntário que trabalha num campo de refugiados em algum lugar entre a Croácia e a Eslovênia brinca com um grupo de crianças, que tentam imitar seus truques.