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UE segue com diplomacia após conceder empréstimos à Ucrânia

Bernd Riegert (ca)14 de maio de 2014

Governo em Kiev recebe ajuda para cobrir lacuna orçamentária e apoiar reforma política. Busca por solução diplomática prossegue com proposta de mesa-redonda.

Treffen zwischen Joze Manuel Barroso und Arsenij Jazenjuk in Brüssel 13.05.14
Foto: Reuters

O primeiro-ministro ucraniano, Arseniy Yatsenyuk, mostrou-se tranquilo, porém cansado durante uma entrevista coletiva realizada após duas horas de conversas na Comissão Europeia, em Bruxelas, nesta terça-feira (13/05). Quando perguntado se seu governo participaria de uma mesa-redonda da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), Yatsenyuk respondeu evasivamente.

A mesa-redonda é parte de uma rodada de conversas propostas pela OSCE e mediadas pelo diplomata alemão Wolfgang Ischinger, que devem ter início nesta quarta-feira na capital ucraniana, Kiev. Com o apoio da União Europeia (UE), a OSCE pretende reunir o governo da Ucrânia e representantes das regiões separatistas no leste do país em torno de uma mesma mesa.

Yatsenyuk disse em Bruxelas que já existe "um diálogo nacional" na Ucrânia, iniciado por seu governo há dois meses, tendo como objetivo uma reforma constitucional. Sobre os esforços da OSCE, Yatsenyuk fez apenas uma breve observação: "Esse é um processo que deve ser conduzido pela Ucrânia".

Premiê ucraniano não quer fazer concessões

Pouco tempo antes, o Ministério russo do Exterior havia pedido que a Ucrânia concedesse mais direitos às regiões pró-russas no leste do país e que os separatistas participassem da "mesa-redonda", segundo agências de notícias. O primeiro-ministro ucraniano não atendeu às exigências russas e, em vez disso, culpou a Rússia pela instabilidade em partes da Ucrânia.

Ministro do Exterior alemão, Steinmeier, e Yatsenyuk encontraram-se em Kiev também nesta terça-feiraFoto: Reuters

"A Rússia parece estar bem engajada, porém, para apoiar ativistas pró-russos e terroristas. Nós apelamos aos russos para que condenem tais pessoas e para que exijam dos chamados manifestantes que abandonem os prédios ocupados. A Rússia deveria fazer o possível para tornar a situação na Ucrânia mais estável", declarou Yatsenyuk, com um tom levemente irônico. De forma resoluta, o chefe de governo ucraniano, cuja legitimidade é contestada por Moscou, dirigiu-se à liderança russa: "A Rússia não vai conseguir fazer da Ucrânia um Estado fracassado."

Anteriormente, o governo em Kiev havia declarado, por escrito, que se sentaria à mesa nesta quarta-feira com todos aqueles que perseguem objetivos políticos por meios legais. Os chamados "referendos" – realizados no último domingo com o objetivo de aprovar a independência de regiões no leste da Ucrânia – não são reconhecidos nem pelo governo central em Kiev nem pela União Europeia (UE).

Após as conversas entre Yatsenyuk e o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, em Bruxelas, diplomatas europeus disseram ver um "pequeno sinal de esperança" pelo fato de a Rússia ainda não ter reconhecido as regiões separatistas.

Após semelhante consulta popular em março, a península ucraniana da Crimeia foi anexada ao território russo. O presidente da Comissão Europeia pediu à Rússia que agora se empenhe pela estabilidade da Ucrânia, bem como por tudo o que foi combinado na conferência realizada em Genebra em abril. A Rússia deveria "suspender a autorização para que tropas atuem em território ucraniano e agir como um ator responsável na comunidade internacional", considerou Barroso.

UE apela para interesses russos

Nesta segunda-feira, a UE expandiu levemente as medidas punitivas e ameaçou aplicar duras sanções econômicas caso a Rússia se intrometa nas eleições presidenciais ucranianas de 25 de maio próximo. "Para a Rússia, não é bom entrar numa disputa com a União Europeia. A UE é de longe o maior parceiro econômico da Rússia, tanto comercialmente quanto em investimentos", destacou Barroso.

Yatsenyuk e Barroso assinam acordos em BruxelasFoto: Reuters

Ele disse não querer avaliar as reais intenções do presidente Vladimir Putin, mas disse conhecer bem o homem à frente do Kremlin. "Eu o encontrei pelo menos menos 20 vezes nos meus dez anos como presidente da comissão."

Atualmente, no entanto, diplomatas europeus questionam se sanções econômicas realmente terão efeito sobre a Rússia. Eles afirmam que Putin age de acordo com parâmetros diferentes dos da UE. Para o líder russo, o que importa é o poder e a influência e não tanto a prosperidade econômica de seu país.

Comissão Europeia apoia Ucrânia

Barroso pediu ainda que Putin se engaje nas conversas trilaterais com a Ucrânia e a UE sobre o preço do gás e a segurança de fornecimento de energia da Rússia. O premiê ucraniano ameaçou a companhia de gás russa Gazprom com uma ação judicial, caso a empresa se recuse a negociar preços justos de mercado por seu fornecimento.

Yatsenyuk exigiu também a restituição de empresas e bens que os russos apreenderam na Crimeia, após a anexação em março. "A Rússia tomou nossos poços de gás natural em terra e offshore. Pretendemos ir à Justiça", disse.

Sob forte pressão econômica, o governo ucraniano assinou dois acordos com a UE em Bruxelas. A Ucrânia recebeu 350 milhões de euros para que sejam destinados ao estabelecimento de uma administração eficaz. Nos próximos dias, o país também receberá uma primeira parcela no valor de 600 milhões de euros, parte de um empréstimo de 1,6 bilhão destinado a preencher lacunas orçamentárias agudas, de acordo com Barroso.

Eleições presidenciais

Barroso e Yatsenyuk concordaram que as eleições presidenciais marcadas para 25 de maio devem acontecer conforme o planejado. Isso seria possível em quase todas as regiões da Ucrânia, informou Yatsenyuk. Somente na cidade de Slaviansk, controlada pelos rebeldes, e provavelmente em algumas áreas do leste ucraniano isso será difícil, admitiu o chefe de governo.

Premiê ucraniano admite que será difícil realizar eleições em algumas áreas do leste do paísFoto: DW/K. Oganesian

"No sul da Ucrânia, ainda mantemos a estabilidade, apesar de a Rússia tentar, desesperadamente, desencadear ações na região. Admitimos a existência de algumas áreas conflituosas, onde será difícil a realização de eleições livres e justas", disse o premiê.

Essa declaração foi feita, no entanto, antes de o Ministério da Defesa em Kiev ter anunciado que seis soldados ucranianos foram mortos a tiros no leste do país. Se e como o governo ucraniano garantirá a segurança de observadores internacionais e voluntários nos locais de votação, por exemplo, ainda não está claro, avaliam diplomatas em Bruxelas.

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